Autores: Daiane Bernardi¹; Patrícia Clemente Abraão 2; Noélle Khristinne Cordeiro3; Andréa Celina Ferreira Demartelaere 4.

Introdução

Espécies do gênero Commelina sp. são relatadas como plantas daninhas importantes devido a persistência em ambientes agrícolas por possuirem propagação via sementes e partes vegetativas, o que torna difícil o controle (Martins et al., 2012). A utilização de glyphosate tem sido recomendada para o controle, no entanto, espécies do gênero Commelina, não ocorre controle satisfatório (Rocha et al., 2009). Como alternativa, tem-se o grupo dos inibidores da enzima protoporfirinogênio oxidase (PROTOX), com destaque para o carfentrazone e o saflufenacil, recomendados para espécies como a C. benghalensis e C. diffusa (Santos et al, 2006).

Os processos de absorção que ocorrem na planta e fatores ambientais como a ocorrência de chuva após a pulverização afetam a eficiência dos herbicidas, sendo que a necessidade de pulverizações com produtos pós emergente em períodos chuvosos pode ocasionar ineficiência de controle, mas a atividade dos herbicidas pode ser aumentada com o uso de adjuvantes (Maciel et al. 2011).

Souza et al (2014), avaliou o efeito da chuva simulada na ação do glifosato em pós emergência no controle de Senna obtusifolia, obteve-se que um período de 30 minutos sem chuva foi suficiente para o herbicida fornecer eficiente controle de plantas daninhas, no entanto, o melhor controle obteve-se em tratamentos que receberam chuva após 4, 6 ou 8 horas, isto devido a uma redistribuição do produto na parte aérea.

A ausência de informações sobre os efeitos da chuva na eficácia do herbicida saflufenacil, gera necessidade de estudos para explorar o potencial do herbicida. Este estudo teve como objetivo avaliar a influência de diferentes intervalos de chuva após a aplicação de saflufenacil com o uso de adjuvantes na eficácia de controle de C. Diffusa.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na casa de vegetação da área experimental da UNIOESTE Campus de Marechal Candido Rondon- Paraná- Brasil, com as coordenadas: 24°55’65,9’’ S e 54°04’32’’ W. Mudas de C. diffusa foram implantadas em vasos sob cultivo protegido com capacidade de 4 litros, sendo distribuídas três hastes (caules) com 10 cm de comprimento por vaso, estas foram obtidas em uma área rural do mesmo município.

O experimento foi instalado em DIC, em arranjo fatorial 5×2 (cinco períodos de exposição à chuva e 2 tratamentos químicos) e um tratamento controle (sem chuva) com quatro repetições, sendo cada vaso considerado uma repetição. Os tratamentos químicos foram: Saflufenacil na dose de 140 g/há (1,4g em 2l) + 0,5% v/v de adjuvante concentrado de oleato de metilo e palmitato de metilo (Dash®) e Saflufenacil (140g/há) + 0,1% v/v de surfactante à base de um trisiloxano etoxilado (Silwet L-77 Ag®). Na aplicação do herbicida, utilizou-se pulverizador costal com pressão de CO2 e vazão de 200 L ha1, pontas do tipo leque simples com pressão de 3 bar e espaçamento de 50 cm entre pontas e de altura.

Após a aplicação do herbicida, simulou-se chuva de 20mm durante 3 minutos com o auxílio de pulverizador estacionário nos seguintes intervalos de tempo após a aplicação de herbicidas: 30 min, 1h, 2h, 4h, e 8h, mais dois tratamentos que não receberam a simulação de chuva. As avaliações de controle foram realizadas aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação (DAA), por meio de uma escala percentual de notas (SBPD, 1995). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade por meio do programa estatístico SISVAR®.

Resultados e discussão

Os períodos de chuva após aplicação do herbicida, influenciaram negativamente no controle de C. diffusa, com menores porcentagens de controle à medida que os intervalos de chuva após a aplicação foram menores. Não houve controle satisfatório das plantas de C. diffusa nos tratamentos que receberam chuva após a aplicação aos 7 e aos 14 DAA nem mesmo no tratamento testemunha quando considerado a escala de notas da Asociación Latino Americana de Malezas (ALAM, 1974), obtendo-se controle máximo de 75% na testemunha utilizando o adjuvante Silwet® aos 14 DAA.

Nas avaliações de controle aos 21 DAA e aos 28 DAA, também não se verificou controle satisfatório das plantas nos intervalos de chuva após a aplicação, tendo controle satisfatório (>80%) somente nos tratamentos que não receberam chuva após a aplicação em ambos adjuvantes utilizados em mistura com o herbicida.

O herbicida Saflufenacil possui ação local, com baixa traslocação. Para que esses herbicidas se tornem eficientes, é necessária cobertura uniforme das partes tratadas (VARGAS; ROMAN, 2006). A baixa capacidade de absorção do produto pode ser explicada pelo fato de que C. diffusa possui caule e folha pouco pilosos (ROCHA; RODELLA; MARTINS, 2007), sendo a pilosidade das folhas um importante mecanismo para auxiliar na interceptação e retenção das gotículas aspergidas (CARVALHO,2013).

De acordo com informações do fabricante, o produto comercial de composição saflufenacil necessita de um período de 4 horas sem a ocorrência de chuva para que o desempenho do produto não seja afetado, no entanto, um intervalo de 8 horas sem chuva após a aplicação não foi suficiente para que ocorresse a absorção do produto pela superfície foliar em C. diffusa. Para os adjuvantes Dash® e Silwet®, não foram encontradas recomendações do fabricante quanto ao período mínimo de tempo sem ocorrência de precipitação.

A eficiência do herbicida Saflufenacil com ambos adjuvantes utilizados acresceu a medida que aumentou-se o tempo de intervalo entre a aplicação e a ocorrência de chuva simulada (Gráfico 1), mas esta eficiencia não pode ser considerada satisfatória pois a porcentagem de controle foi menor que 80%.

Conclusão

O controle de plantas de C.diffusa pelo herbicida Saflufenacil com os diferentes adjuvantes utilizados foi influenciado de forma negativa pelos menores períodos de chuva após aplicação, não observando-se controle eficiente das plantas.

Referências

ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE MALEZAS – ALAM. Recomendaciones sobre unificación de los sistemas de evaluación en ensayos de control de malezas. ALAM, v. 1, n. 1, p. 3538, 1974.

CARVALHO, L.B. Herbicidas. Editado pelo autor. Lages, pp 2, 5, 21. 2013.

MACIEL, C.D.G.; POLETINE, J.P.; OLIVEIRA NETO, N.G.; JUSTINIANO, W. Eficiência de paraquat e msma isolados e associados a adjuvantes no manejo de plantas daninhas. Global Science and Technology. Rio Verde, v. 4, n. 1, p.70 – 81, 2011.

MARTINS D, SANTANA, D.C, SOUZA, G.F.S, BAGATTA, M.V.B; Manejo de espécies de trapoeraba com aplicação em mistura de diferentes herbicidas. Revista Caatinga. Mossoró-RN. V. 25, N. 2, 2012.

ROCHA, D. C; RODELLA, R. A; MARTINS, D. Caracterização morfológica de espécies de trapoeraba (Commelina spp.) utilizando a análise multivariada. Planta Daninha. Viçosa-MG, v. 25, n. 4, p, 2007.

SANTOS, M.V; FREITAS, F.C.L; FERREIRA, F.A; VIANA, R.G; TUFFI SANTOS, L.D; FONSECA,
D.M. Eficácia e persistência no solo de herbicidas utilizados em pastagem. Planta Daninha. 2006; 24.

SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS – SBCPD. Procedimentos para instalação, avaliação e análise de experimentos com herbicidas. Londrina. 42 p. 1995.

SOUZA, G.S.F; MARTINS, D; PEREIRA, M.R.R; BAGATTA, M.V. Action of rain on the efficiency of herbicides applied post-emergence in the control of Senna obtusifolia. Revista Ciência Agronômica. Ceará-CE. v. 45, n. 3, p. 550-557, jul-set, 2014.

VARGAS, L.; ROMAN, E. S. Conceitos e aplicações dos adjuvantes. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2006. 10 p. html. (Embrapa Trigo. Documentos Online, 56). 2018.

Gráfico 1- Porcentagem de controle de C. diffusa aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação (DAA) de Saflufenacil + Silwet® (A) e Saflufenacil + Dash® (B) em intervalos de tempo sem chuva. Marechal Cândido Rondon, 2018.

Informações sobre os autores:

¹ 2 Mestrado em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Candido Rondon/PR. E-mail: daiane_ber@hotmail.com; patriciaabraao@gmail.com.
3 Doutoranda em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Candido Rondon/PR. E-mail: noellecordeiro@outlook.com.
4 Doutora em Agronomia- Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Areia/ PB E-mail: andrea_celina@hotmail.com.

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