O propósito deste trabalho foi avaliar as características produtivas da cultura soja semeado por dois mecanismos sulcadores, em três condições de adubação sobre palhada de milheto+ruziziensis de segundo ano de plantio direto na região do Cerrado.

Autores: Élcio Hiroyoshi Yano¹, Vanessa Dias Trindade², Luiz Malcolm Mano de Mello³, Andre Luiz Ferracini Shinkai4, Hermano José Ribeiro Henriques5

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

Resumo

O propósito deste trabalho foi avaliar as características produtivas da cultura soja semeado por dois mecanismos sulcadores (haste e disco), em três condições de adubação (lanço, incorporado e dose zero de adubo), duas épocas de distribuição do fertilizante (12 dias antes e no dia da semeadura) sobre palhada de milheto+ruziziensis de segundo ano de plantio direto. O experimento foi instalado na FEPE, da FE de Ilha Solteira-UNESP, em Selvíria- MS. O delineamento estatístico foi de blocos ao acaso, disposto no esquema fatorial 5×2, com 4 repetições. A distribuição do fertilizante de semeadura ser antecipada e/ou no mesmo dia de modo a lanço e/ou incorporada não diferiram estatisticamente nas dimensões de diâmetro de caule e altura de inserção da 1ª vagem, porem a altura de planta, número de vagens/planta e produtividade de grão variam significativamente de modo distintos entre as épocas, formas de aplicação do adubo e mecanismos sulcadores, em que a incorporação antecipada do adubo por realizado por disco aos 12 dias antes mostrou-se semelhante ao adubo depositado no sulco no mesmo dia da semeadura pela menor densidade populacional e maior arquitetura de planta e emissão de vagens/planta, e ter relação direta com o aumento de produtividade de grãos.

Palavras-chave: mecanismos sulcadores, adubação de sulco e distribuição a lanço

Introdução

A produtividade da soja é definida pela interação da planta com o ambiente e ao conjunto de práticas de manejo responsáveis que serão obtidos quando em condições supracitadas forem favoráveis, em todos os estádios de crescimento da cultura tornara capazes de proporcionar à  planta condições para expressar seu máximo potencial produtivo. Contudo a época de semeadura da cultura de soja tem sido um dos fatores que afeta diretamente a produtividade de grãos, e como medida alternativa viável de reduzir estas perdas a prática de adubação antecipada a lanço tem sido utilizado pelos produtores, por agilizar o tempo de semeadura, pelo número de paradas com reabastecimento, otimização da mão de obra em períodos mais ociosos e conciliar com períodos de chuvas com as fases fenológicas da cultura de maior demanda hídrica como na fase de desenvolvimento vegetativo e reprodutiva.

Kappes & Zancanaro (2014) chamam a atenção para a importância do entendimento do sistema de produção, para que os solos da região do Cerrado mantenham seu potencial produtivo; destacam também a necessidade de se aprimorar os métodos de manejo e conservação, além de aumentar a eficiência da aplicação de fertilizantes, com um plano de gerenciamento e acompanhamento da fertilidade ao longo do tempo. Segundo Galvão (2012) concluíram que os estoques de nutrientes oriundos de adubações excessivas ao longo dos anos devem fazer parte do planejamento da implantação de culturas anuais no futuro, com maiores lucros, menores riscos e aumento de competitividade dos produtores. O propósito deste trabalho foi avaliar as características produtivas da cultura soja semeado por dois mecanismos sulcadores, em três condições de adubação sobre palhada de milheto+ruziziensis de segundo ano de plantio direto na região do Cerrado.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no ano de 2016-17, em área por irrigação complementar (pivô central), de segundo ano de implantação do SPD, na FEPE, pertencente à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, Selvíria- MS. O solo foi classificado, como Latossolo Vermelho distroférrico, textura argilosa (EMBRAPA, 2013). O delineamento estatístico utilizado foi de blocos ao acaso do tipo fatorial 2×4, com 4 repetições. Os tratamentos foram constituídos pela distribuição de 150,0 kg/ha do fertilizante de semeadura granulado 08-28-16, à lanço e incorporado no sulco de semeadura por dois mecanismos sulcadores (haste e disco) da semeadora adubadora, em duas épocas sendo uma aos 12 dias antes da semeadura (DAS) do milho e outra no dia da semeadura.

Empregou-se o distribuidor de corretivos e fertilizante montado com mecanismo dosador gravitacional e distribuidor pendular, para dispersar o adubo na superfície da palhada, foi acoplado no sistema levante hidráulico do trator Massey Ferguson, modelo MF275, enquanto que os tratamentos de adubação incorporada foram efetuados por dois tipos mecanismos sulcadores (haste e disco duplo desencontrado e defasado) da semeadora- adubadora de precisão da marca Marchesan, modelo Suprema Ultra flex, contendo 7 linhas espaçadas de 0,45 m, ajustado para deposição da mesma proporção do fertilizante no sistema a lanço.

A semeadora-adubadora foi regulada para distribuir 400.000 sementes ha-1 do cultivar de soja transgênico BMX-Potência RR de ciclo precoce. Foram coletadas dez plantas na sequência da linha da semeadura de cada parcela para medir as dimensões de diâmetro de caule por meio de um paquímetro digital na escala métrica de milímetro (mm) e com uma régua graduada em centímetro mediu-se altura de inserção da 1° vagem da região do colo até primeira vagem, enquanto a altura de planta foi do colo até o ultimo racemo da haste principal. O número de vagens por planta foi quantificado pela retirada das vagens das mesmas plantas, sendo contadas e anotadas individualmente por planta.

A produtividade de grãos foi estimada pela colheita manual de plantas em três linhas de 5,0 m de comprimento que foram pesadas em uma balança eletrônica de 0,01 kg de precisão e trilhadas por uma trilhadora estacionaria, para obtenção da massa de grãos para posteriormente estimar a produtividade de grãos e corrigidos à umidade de comercialização de 13%. Os resultados processados pelo programa computacional SISVAR ® (FERREIRA, 2000), submetidos às análises de variância pelo teste F e comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Verifica-se na Tabela 1 que as dimensões de diâmetro de caule e altura de 1° vagem da cultura de soja não diferiram estatisticamente entre as modalidades de distribuição do fertilizante de semeadura, corroborando com Pazuch et al (2017) que observaram diferença na estatura de planta de soja entre as formas e épocas de aplicação do potássio na cultura da soja em SPD, podendo a altura de planta influenciar diretamente no potencial produtivo, pois ela irá determinará o número de entrenós produtivos, bem como a distância entre os mesmos, influenciará também na altura de inserção da primeira vagem, podendo estas ocasionar perda por acamamento e/ou esmagamento das vagens pela debulha desses grãos pela plataforma de corte no momento da colheita, em virtude das vagens estarem muito próximas do solo no momento do corte.

Porém a distribuição a lanço no mesmo da semeadura da soja proporcionou menor altura de planta, diferentemente dos  demais tratamentos. Os mecanismos sulcadores também influenciaram significativamente no tamanho do diâmetro caule, altura de inserção de 1° vagem e estatura de planta de soja em que a haste resultou menor diâmetro e altura de planta, porém a inserção da 1° vagem mostrou-se mais elevada que o disco duplo desencontrado e defasado. Na Tabela 2 está apresentada a interação significativa do diâmetro de caule entre modalidade de distribuição e mecanismos sulcadores, em que a semeadura com disco duplo desencontrado defasado mostrou-se superior à haste em todos os tratamentos independentemente do adubo ser sido distribuído com antecedência e/ou no dia da semeadura, assim como à lanço e/ou incorporado.

Nota- se também na Tabela 3, que o número de vagens por planta e produtividade de grãos de soja diferenciaram entre as modalidades de distribuição do fertilizante e mecanismos sulcadores pela interação significativa em que o adubo a lanço na superfície do solo e incorporado no mesmo dia da semeadura e depositado no sulco por disco duplo com antecedência proporcionou maior emissão de vagens por planta e consequentemente refletiu no aumento de produtividade de grãos. Podendo estar associado ao maior revolvimento do solo pela haste e a elevada precipitação de 120 mm, ocorrida entre a incorporação e a semeadura da soja ter lixiviado parte deste fertilizante.

Fato semelhante foi obtido por PAZUCH et al (2017) que a elevada ocorrência de precipitações acima de 100 mm em um curto período de tempo, quando adubação realizada no sulco de semeadura, pode acarretar perdas por lixiviação, divergindo da aplicação a lanço, pode ter ocasionado um selamento superficial do mesmo, consequente redução da taxa de infiltração de água no sistema, porém não constataram diferenças produtividade de grãos de soja entre as formas de adubação no sulco e a lanço.

Tabela 1. Valores médios de diâmetro de caule, altura de inserção de 1° vagem e planta de soja, para as modalidades de distribuição do fertilizante de semeadura e mecanismos sulcadores. 

Tabela 2. Valores médios do diâmetro de caule de planta de soja no desdobramento entre
mecanismos sulcadores e modalidades de distribuição do fertilizante de semeadura.

Tabela 3. Valores médios do número de vagens por planta e produtividade de grãos de soja, para as modalidades de distribuição do fertilizante de semeadura e mecanismos sulcadores. 


Quer aumentar o rendimento da sua lavoura? Acesse nosso curso e atualize-se!


Conclusões

A formas de aplicação do adubo e mecanismos sulcadores, em que a incorporação antecipada do adubo por realizado por disco aos 12 dias antes mostrou-se semelhante ao adubo depositado no sulco no mesmo dia da semeadura pela menor densidade populacional e maior arquitetura de planta e emissão de vagens/planta, e ter relação direta com o aumento de produtividade de grãos.

Referências

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema brasileiro de
classificação de solos. 3° ed. Brasília, DF: EMBRAPA, 2013. 353p.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais … São Carlos: SIB, 2000. p.255-8.

GALVÃO, Fábio Caribé de Araujo. Desempenho da cultura de soja sob diferentes recomendações de adubação: estudo de caso, Fazenda Vereda, Cristalina – GO. 2012. 43f. Monografia (Graduação em Agronomia) – Universidade de Brasília – UnB

PAZUCH, A.; CIESCA, D. F.; JUNKES, E. S.; KLEIN, C.; BERWANGER, A. L. Estádios de
aplicação da adubação potássica e viabilidade econômica na cultura da soja. Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, Joaçaba, v. 2, p. 1-14, 2017.

KAPPES, C.; ZANCANARO, L. Manejo da fertilidade do solo em sistemas de produção no Mato Grosso. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 3.; SIMPÓSIO SOBRE
LEPDÓPTEROS COMUNS A MILHO, SOJA E ALGODÃO, 1., 2014, Salvador. Eficiência nas
cadeias produtivas e o abastecimento global: palestras. Sete Lagoas: Associação Brasileira de Milho e Sorgo, 2014. p.358-381

Informações dos autores

¹Engenheiro Agrônomo, Prof. Assistente Doutor, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FE/UNESP, Ilha Solteira- SP.

²Graduando de Agronomia, FE/UNESP-Ilha Solteira – SP.

³Engenheiro Agrônomo, Prof. Titular Doutor, FE/UNESP/Ilha Solteira – SP.

4Graduando de Agronomia, FE/UNESP-Ilha Solteira – SP.

5Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Agronomia, FE/UNESP-Ilha Solteira.

Disponível em: Anais do  XLVII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola,2018. Brasilia, DF.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.