Autores: Hugo Henrique Andrade Meneghette(1); João William Bossolani(1); Fabiana Lopes dos Santos(1); Bianca Revolti Oliveira(1); Eduardo Felix de Lima(1); Edson Lazarini(1)

Introdução 

A soja é considerada a principal cultura do mundo, sendo que o Brasil destaca-se no cenário internacional como um dos maiores produtores. Devido aos impactos e importâncias no cenário mundial, muito se discute sobre as técnicas e manejo de cultivo da mesma, de forma que a eficiência de cultivo e comercialização depende diretamente das tecnologias que visam reduzir riscos e custos e aumentar a produtividade de forma sustentável (SILVA & LAZARINI, 2014).

Alvarenga et al. (2001) citaram que uma das formas de cultivo consolidada como uma das maiores inovações tecnológicas é o Sistema de Plantio Direto (SPD). Tal sistema consiste no não revolvimento do solo, na rotação de culturas e em manter a palha que fora deixada por culturas na superfície do solo criando um ambiente favorável ao crescimento vegetal e contribui para a estabilização da produção e manutenção da qualidade do solo (VALDERAMA, 2011). O K, assim como o N, é um macronutriente conhecido por ser absorvido em grande quantidade pelos vegetais. Para que um vegetal tenha um crescimento ótimo, é exigido um teor adequado de K entre 2 a 5% do seu peso seco (ALMEIDA et al., 2015).

Diante do exposto, objetivou-se avaliar doses de adubação potássica em cobertura na cultura do milho cultivado sob irrigação no período de outono/inverno e seu efeito residual na cultura da soja em sucessão, em Sistema Plantio Direto.

Materiais e Métodos 

O experimento foi desenvolvido na área experimental da Faculdade de Engenharia/UNESP, localizada no município de Selvíria – MS, com altitude aproximada de 335 m, sendo realizado no ano agrícola de 2016/2017. O clima da região é Aw. A área possui um solo do tipo Latossolo Vermelho distrófico (LVd) com textura argilosa.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com nove tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos de doses de K2O (0, 15, 30, 45, 60, 75, 90, 120, 150 kg ha-1) na forma de KCl, aplicados na linha de plantio do milho.

O milho foi semeado no dia 14 de abril de 2016 com população esperada de 65.000 plantas ha-1 e sua colheita foi realizada 137 DAE. No dia 15 de dezembro de 2016, a soja foi semeada em sucessão. O cultivar BMX Potência RR foi utilizado, com espaçamento de 0,45 m, com população esperada de aproximadamente 360.000 ha-1. A colheita da soja foi realizada 116 DAE.

Após a maturação fisiológica da cultura da soja, realizou-se a contagem de estande final e medição de altura de plantas e altura de inserção de vagens utilizando de 10 plantas seguidas, das quais também avaliou-se o número de vagens por planta. Também, 15 m2 de cada parcela foram colhidos para estimar a produtividade da cultura e massa de 100 grãos. Os dados foram transformados para umidade de 130 g kg-1.

Resultados e Discussão 

A população de plantas de soja não respondeu significativamente pelo efeito residual das doses de K aplicadas no milho (Figura 1A). Para os parâmetros vegetativos altura de planta e inserção da primeira vagem, as DMET foram obtidas com a utilização de 107 e 102 kg ha-1, respectivamente, mediante o ajuste quadrático dos dados (Figuras 1B e 1C), fato este que pode estar relacionado ao papel do K no crescimento celular, haja visto que o mesmo participa da regulação de fito-hormônios (MENGEL et al., 2001). A auxina (IAA) é o principal agente do crescimento ácido celular, entretanto, o alongamento celular é dependente da síntese proteica, na qual o K regula o turnover de proteína celular (OOSTERHUIS et al., 2014). Dessa forma, é possível inferir que exista um efeito combinado de suas ações sobre o crescimento celular.

Figura 1. População de plantas [A], altura de plantas [B], altura da primeira vagem [C], número de vagens por planta [D], massa de cem grãos [E] e produção de grãos [F] de soja em função do residual de doses de K2O aplicadas em cobertura no milho antecessor. Selvíria – MS, 2017.

Quanto aos componentes reprodutivos, a tendência obtida pelo efeito residual da aplicação de K2O foi quadrática, sendo que maiores valores de vagens por planta, massa de 100 grãos e produtividade de grãos da cultura da soja foram nas DMET de 70, 74 e 75 kg ha-1, respectivamente (Figuras 1D, 1E e 1F). Dentre as várias funcionalidades do K, este é responsável pela abertura e fechamento dos estômatos, permeabilidade da membrana e controle do pH celular. Isso permite maximizar o desenvolvimento reprodutivo, garantindo seu potencial produtivo (OOSTERHUIS et al., 2014).

O fato da colheita dos grãos soja ser um forte exportador de K reforça a ideia da aplicação de K no milho e aproveitamento residual na cultura da soja em sequência. Como o K nos restos vegetais não é incorporado em cadeias carbônicas, após a colheita ou senescência das plantas, este ele é rapidamente retornado ao solo na forma prontamente disponível para absorção pelas culturas (BOSSOLANI et al., 2018).

Conclusão 

A adubação potássica em cobertura na cultura do milho promove efeito residual para a cultura da soja cultivada em sucessão, sendo a dose recomendada para obter elevada produtividade da cultura é ao redor de 70 kg ha-1.

Referências 

ALMEIDA, H. J.; PANCELLI, M. A.; PRADO, R. M.; CAVALCANTE, V. S.; CRUZ, F. J. R. Effect of potassium on nutritional status and productivity of peanuts in succession with sugar cane. Journal of soil science and plant nutrition, v.15 n.1, p.1-10, 2015

ALVARENGA, R. C. Plantas de cobertura de solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n.208, p.25-36, fev. 2001.

BOSSOLANI, J. W.; LAZARINI, E.; de SOUZA, L. G.; PARENTE, T. D. L.; CAIONI, S.; BIAZI, N. Q. D. Potassium doses in previous crops and effect on soybean in succession. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.22, n.2, p.90-94, 2018.

MENGEL, K., KIRKBY, E.A.; KOSEGARTEN, H.; APPEL, T. Principles of Plant Nutrition. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, the Netherlands, pp. 481–511, 2001.

OOSTERHUIS, D. M.; LOKA, D. A.; KAWAKAMI, E. M.; PETTIGREW, W. T. The physiology of potassium in crop production. Advances in agronomy. Academic Press v.126, p.203-233, 2014.

VALDERRAMA, M. Fontes e doses de NPK em milho irrigado sob plantio direto. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.41, n.2, p.254-263, jun. 2011.

Informações sobre os autores:

(1) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de Ilha Solteira. E-mail: hugoh96@gmail.com

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