O ácido aconítico (AA) é uma substância presente em gramíneas, como o capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), é responsável por causar efeitos alelopáticos e estímulos ao crescimento de fungos endofíticos de sementes como é o caso da trapoeraba (Commelina benghalensis), conforme relatado por Voll et al. (2004).

O AA resulta do metabolismo do açúcar na planta, apresentando a mesma fórmula molecular, porém a estrutural é modificada (Goodwin & Mercer, 1983). Outros relatos sobre o AA indicam importantes funções fisiológicas (Rustamani et al., 1992; Thompson et al., 1997; Watanabe et al., 1997). Culturas como as de trigo (Thompson et al., 1997); pastagens de gramíneas (Friebe et al., 1995), milho e sorgo; cevada e trigo (Rustamani et al., 1992); e, principalmente, cana-de-açúcar (Hanine et al., 1990) produzem e exsudam ácido aconítico através de suas raízes.

Efeitos alelopáticos sobre espécies daninhas podem ser causados por plantas em estado vegetativo, ou pela decomposição de seus restos vegetais de palhadas. A permeabilidade do tegumento das sementes daninhas às substâncias exsudadas pelas raízes das plantas também permite que fungos endofíticos das sementes sejam estimulados a se desenvolver e a destruir aquelas ainda dormentes, reduzindo, assim, o banco de sementes.

Algumas espécies de plantas daninhas, como de amendoim-bravo, picão e trapoeraba, podem ser alterados nas suas capacidades de germinação e ter reduzida a sua sobrevivência no solo. Corda-de-viola, referida como espécie de baixa capacidade germinativa, apresenta um tegumento bastante impermeável, assim como de outras espécies do gênero Ipomoea, o que propicia a manutenção da viabilidade das sementes por longo tempo (Stoller & Wax, 1973; Chandler et al., 1977), podendo influenciar a absorção de substâncias alelopáticas.

Pesquisas de campo (Voll et al., 1997) e de laboratório (Voll et al., 2004, 2005) têm indicado que o ácido aconítico (AA), pode ter efeitos alelopáticos sobre algumas espécies de plantas daninhas e afetar sua germinação e crescimento. Contudo, o AA pode ter efeito também sobre a cultura da soja (Embrapa Soja, 2007), principalmente em áreas de renovação de canaviais.



O AA é um ácido orgânico de baixo peso molecular e pode ser encontrado na solução do solo, juntamente com outros ácidos (Hees et al., 2000), ligado a frações de Al e Fe (Szmigielska et al., 1997). A vinhaça, frequentemente utilizada nas áreas canavieiras, em quantidades variáveis como meio para correção do solo, principalmente para potássio, por conter ácido aconítico, também pode apresentar efeitos alelopáticos, controlando espécies de plantas daninhas (Voll et al., 2004).

Testes adicionais feitos em laboratório confirmam efeitos inibitórios do ácido aconítico sobre a germinação e crescimento de outras espécies daninhas como amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla), corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), picão-preto (Bidens pilosa) e guanxuma (Sida rhombifolia) (Voll et al., 2010).

Pensando nisso, em trabalho apresentado e publicado nos Anais da 37ª Reunião de Pesquisa de Soja. Londrina – PR, Brasil, o pesquisador VOLL, E. realizou um trabalho intitulado “Alelopatia do ácido aconítico e teores de lignina em tegumentos de sementes de soja”, com o objetivo de determinar os efeitos alelopáticos do AA em algumas cultivares de soja com variação no teor de lignina.

Neste trabalho, o pesquisador concluiu que os dados de germinação não indicaram comportamentos inibitórios do AA para a germinação das cultivares, sendo independentes dos teores de lignina. Algumas cultivares apresentaram redução significativa do hipocótilo e/ou das raízes durante o seu crescimento no meio de cultura de ágar.

Veja o resultado da pesquisa na tabela abaixo.

Tabela 1. Efeitos alelopáticos do ácido aconítico (AA) sobre o poder germinativo, crescimento do hipocótilo e das raízes de cultivares de soja, com diferentes teores de lignina no tegumento das sementes.

Fonte: VOLL, E, (2018).

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Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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