A mancha-alvo, é uma das principais doenças que acometem a soja. Causada pelo fungo Corynespora cassiicola, a doença apresenta ampla distribuição nas regiões de cultivo da soja no Brasil, infectando mais de 400 espécies de plantas, tanto nativas quanto cultivadas (Costa, 2023).

Segundo Godoy et al. (2023), cultivares suscetíveis podem sofrer desfolha significativa, resultando em perdas de até 40% de produtividade. Conforme destacam Grigolli & Grigolli (2019), o fungo pode sobreviver em restos de cultura e sementes infectadas, sendo também, uma forma de disseminação. As condições favoráveis para que ocorra a infecção na folha, incluem alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas.

Figura 1. Mancha-alvo em soja.
Foto: Maurício Stefanelo – Ceres Consultoria

Para um manejo e controle eficiente da mancha-alvo em soja, o emprego de fungicidas químicos é indispensável. Contudo, além do adequado posicionamento das aplicações, é necessário atentar para o uso de produtos com elevada eficiência de controle.

A eficiência dos fungicidas para o controle da mancha-alvo durante a safra 2023/2024 foi avaliada por ensaios em Rede, e os resultados foram apresentados por Godoy et al. (2024). Vale destacar que os resultados apresentados pela Rede, não constituem uma recomendação de manejo, apenas evidenciam o comportamento de alguns fungicidas frente ao controle da mancha-alvo em soja. As informações devem ser utilizadas dentro de um sistema de manejo, priorizando sempre a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação para atrasar o aparecimento de resistência do fungo aos fungicidas.


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Durante a safra 2023/2024, foram realizados 21 experimentos por 16 instituições parceiras. Ao todo, 18 tratamentos constituíram os experimentos, contemplando fungicidas registrados junto ao MAPA para o controle da mancha-alvo e fungicidas com registro especial temporário, além de misturas de tanque com fungicidas protetores (Clorotalonil e Mancozebe).
Os fungicidas avaliados estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Ingrediente ativo (i.a.), produto comercial (p.c.) e dose dos fungicidas nos tratamentos para controle da mancha-alvo da soja, safra 2023/2024.
Fonte: Godoy et al. (2024)

Em alguns dos locais dos experimentos, também se observou a incidência de doenças de final de ciclo da soja (DFCs), incluindo o crestamento foliar de cercospora (Cercospora sp.). Com base nos resultados observados, todos os tratamentos apresentaram severidade inferior a testemunha sem fungicida. Segundo Godoy et al. (2024), a menor severidade da mancha-alvo e a maior porcentagem de controle foram observadas no tratamento com metiltetraprole + protioconazol e mancozebe (T8 – 74% de controle).

Na sequência, os tratamentos com bixafen + protioconazol + trifloxistrobina e mancozebe (T15 – Fox Xpro e Milcozeb), picoxistrobina + protioconazol + mancozebe (T16 – Curatis), impirfluxam + protioconazol e mancozebe (T14 – Fox Supra e Milcozeb), metiltetraprole + protioconazol (T7), protioconazol + fluxapiroxade + mancozebe (T11 – Almada) e azoxistrobina + protioconazol + mancozebe (T12 – Evolution) apresentaram as menores severidades, com controle variando entre 68% e 66% (Godoy et al., 2024).

Tabela 2. Severidade da mancha-alvo (SEV MA %), porcentagem de controle em relação à testemunha sem fungicida (%C), severidade de doença de final de ciclo (SEV DFC %), porcentagem de controle em relação à testemunha sem fungicida (%C), fitotoxicidade (FITO %), produtividade (PROD) e porcentagem de redução de produtividade (%RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, para os diferentes tratamentos. Safra 2023/2024.
Fonte: Godoy et al. (2024)

Os autores destacam que, a adição do multissítio Mancozebe em mistura em tanque, nos produtos metiltetraprole + protioconazol (T8), bixafen + protioconazol + trifloxistrobina (T15 – Fox Xpro) e impirfluxam + difenoconazol + picoxistrobina (T13 – Pladius) aumentou os controles de 67% (T7) para 74% (T8), 53% (T2) para 68% (T15) e 52% (T9) para 61% (T10). Em contrapartida, as maiores severidades e menores porcentagens de controles foram observados para os tratamentos com metominostrobina + tebuconazol e clorotalonil (T5 – Fusão e Absoluto Fix) e clorotalonil + tebuconazol (T4), com controle de 47% e 51%, respectivamente.

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Referências:

COSTA, V. O. MANCHA ALVO NA CULTURA DA SOJA. Mais Soja, 2023. Disponível em: < https://maissoja.com.br/mancha-alvo-na-cultura-da-soja/ >, acesso em: 27/06/2024.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA MANCHA-ALVO, Corynespora cassiicola, NA CULTURA DA SOJA, NA SAFRA 2023/2024: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 2024. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/268754/1/Circ-Tec-203-revista.pdf >, acesso em: 27/06/2024.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA MANCHA-ALVO, Corynespora cassiicola, NA CULTURA DA SOJA, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, circular técnica, 194. Londrina – PR, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1154756/1/Circ-Tec-194.pdf >, acesso em: 27/06/2024.

GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019, cap. 6, Fundação MS. Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 27/06/2024.

Foto de capa: Maurício Stefanelo – Ceres Consultoria

 

 

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