A anomalia da soja (podridão dos grãos) e quebramento da haste, tem demonstrado crescente participação nas últimas safras. Geograficamente o problema é maior na região médio-norte de Mato Grosso, em Rondônia, na região mato-grossense, assim como nos estados do Paraná e de Santa Catarina (Embrapa, 2024).
Figura 1. Anomalia da soja (podridão dos grãos) e quebramento da haste.
Ainda que não haja causa definida para o problema, sabe-se que há relação, dentre outros fatores, com alguns gêneros de fungos. De acordo com Belufi et al. (2024), os fungos que predominam nos isolamentos a partir dos grãos e vagens (com e sem sintomas) são diferentes espécies de Diaporthe, Fusarium, Colletotrichum e, em algumas safras, também foi observada alta incidência de mancha-púrpura nos grãos, causada por Cercospora spp.
Atualmente, já existem fungicidas químicos registrados para o controle da anomalia das vagens e quebramento da haste na soja. Nesse sentido, compreender quais fungicidas apresentem melhor desempenho no controle da anomalia da soja, é fundamental para planejar o posicionamento dos produtos no programa de manejo, principalmente nas regiões de maior ocorrência do fenômeno.
A eficiência de diferentes fungicidas no controle da podridão dos grãos da soja foi avaliada por experimentos cooperativos durante a safra 2023/2024. De acordo com Belufi et al. (2024), foram analisados fungicidas em fase de registro (tabela 1) e ingredientes ativos isolados de fungicidas (tabela 2). As aplicações iniciaram-se entre 25 – 40 dias após a semeadura – DAS (V6 – V8), com reaplicações em intervalos médios de 14 dias (quatro aplicações).
Tabela 1. Fungicidas comerciais e em fase de registro (ingredientes ativos – i.a.) e doses utilizadas na avaliação do controle da podridão de grãos na cultura da soja. Protocolo experimentos com fungicidas sítio-específicos sem e com mistura com fungicidas multissítios realizados na safra 2023/2024.
Tabela 2. Ingredientes ativos (i.a.) e doses utilizadas na avaliação do controle da podridão de grãos na cultura da soja. Protocolo experimentos com ingredientes ativos isolados realizados na safra 2023/2024.
Resultados de controle
Com relação ao uso de fungicidas sítio-específicos sem e com mistura de fungicidas multissítios (tabela 1), todos os tratamentos apresentaram incidência de vagens com sintomas (%) inferior à testemunha sem fungicida (T1) (Tabela 3). No entanto, as menores porcentagens foram observadas para os tratamentos com Fox Supra sem e com Milcozeb (T5 e T6), Excalia Max sem e com Tróia (T7 e T8), Mitrion sem e com Difere (T2 e T3), piraclostrobina + protioconazole + difenoconazole (T12), para o programa com rotação de fungicidas (T17), Curatis (T14), Fox Xpro sem e com Milcozeb (T9 e T10), Vessarya e Controller NT 800 WP (T4), Tridium (T15) e Evolution (T13), com porcentagem de controle variando de 84% a 70%. A porcentagem média de grãos avariados na testemunha sem fungicidas foi 15,3%, sendo superior a todos os tratamentos com fungicidas (Belufi et al., 2024).
Tabela 3. Incidência de vagens com sintomas de podridão em porcentagem (INC VAG%), porcentagem de controle (%C) em relação à testemunha sem fungicida, porcentagem de grãos avariados (%GA) e controle (%C), severidade de mancha-alvo (SEV MA) e controle (%C), severidade de doença de final de ciclo (SEV DFC) e controle (%C), fito- toxicidade média na planta causada pela aplicação do fungicida (FITO%), produtividade corrigida descontada a tolerância de 8% de grãos avariados na comercialização dos grãos (PRODC) e porcentagem de redução de produtividade (RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, no protocolo fungicidas sítio-específicos com e sem multissítios. Média de quatro experimentos, safra 2023/2024.
A respeito do uso de ingredientes ativos isolados, os resultados obtidos por Belufi et al. (2024) demonstram menores incidências de vagens com sintomas ocorreram nos tratamentos com fluazinam (T9), protioconazol (T4), tebuconazol (T6), tetraconazol (T7), picoxistrobina (T2) e oxicloreto de cobre (T12), com controle variando de 49% (T9) a 21% (T12), no entanto, a porcentagem de vagens com sintomas de podridão nos tratamentos com clorotalonil (T11), mancozebe (T10), difenoconazol (T5), metominostrobina (T3) e fenamidona (T8) não diferiu da testemunha sem fungicida (tabela 4).
Tabela 4. Incidência de vagens com sintomas de podridão em porcentagem (INC VAG%), porcentagem de controle (%C) em relação à testemunha sem fungicida, porcentagem de grãos avariados (%GA) e controle (%C), severidade de mancha-alvo (SEV MA) e controle (%C), severidade de doença de final de ciclo (SEV DFC) e controle (%C), produtividade corrigida descontada a tolerância de 8% de grãos avariados na comercialização dos grãos (PRODC) e porcentagem de redução de produtividade (RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade, no protocolo fungicidas com ingredientes ativos isolados. Média de quatro experimentos para todas variáveis, com exceção de incidência de vagens (média de três experimentos), safra 2023/2024.
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Referências:
BELUFI, L. M. R. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA PODRIDÃO DE GRÃOS DA SOJA, NA SAFRA 2023/2024: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 207, 2024. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1166486/1/Circ-Tec-207.pdf >, acesso em: 10/10/20247.
EMBRAPA. QUEBRAMENTO DE HASTE E PRODRIDÃO DE GRÃOS DE SOJA. Embrapa, Nota Técnica, 2024. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355202/1529289/Nota+Tecnica+jan2024_quebramento+e+podridao.pdf/df22bcb3-a1b9-794a-39df-bcdff0e3a0e0 >, acesso em: 30/09/2024.
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