As plantas do gênero Amaranthus, popularmente conhecidas como caruru, tem ganhado espaço nas lavouras brasileiras, infestando cultura anuais como soja e milho, causando significativas perdas de produtividade. As plantas desse gênero apresentam rápido crescimento e desenvolvimento, o que lhes confere elevada habilidade competitiva. Dependendo da espécie, uma planta pode crescer de 2,5 a 4 cm por dia (Gazziero & Silva, 2017).

Atrelado a isso, a grande maioria das espécies de caruru produz grande quantidade de sementes, as quais são facilmente dispersas pela água, animais e principalmente por maquinas e equipamentos agrícolas. As sementes apresentam formato ovalado e pequeno tamanho (figura 1).

Figura 1. Tamanho das sementes de caruru-palmeri comparado com a esfera da ponta de uma caneta (A) e com uma semente de soja (B).

De acordo com Penckowski et al. (2020), a produção de sementes de caruru por planta pode chegar a 600 mil dependendo da espécie. A dispersão dessas sementes contribui para a manutenção das populações de caruru, dificultando o manejo e controle dessa planta daninha.

Diferentemente da buva, a qual concentra os fluxos de emergência principalmente no início do desenvolvimento da soja, o caruru apresenta vários fluxos de emergência ao longo do ciclo da cultura, o que dificulta ainda mais o controle efetivo dessa planta daninha. E conjunto, algumas populações apresentam resistência a herbicidas, o que limita o controle em alguns casos.


Veja mais: Casos de resistência do caruru a herbicidas


Considerando o rápido crescimento e desenvolvimento do caruru, em conjunto com os casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas pós-emergentes, o controle pré-emergente é uma das principais estratégias de manejo para reduzir as infestações de caruru.

Controle pré-emergente do caruru

O controle na pré-emergência, com o emprego de herbicidas pré-emergentes possibilita autuar no banco de sementes no solo, inibindo os fluxos de emergência do caruru. O controle pré-emergente é uma ferramenta para o manejo da resistência do caruru a herbicidas, bem como possibilitar o estabelecimento da cultura no limpo, além de reduzir o banco de sementes viáveis do solo.

Figura 2. Comparativo de área tratada com e sem o uso de herbicida residual na pré-emergência da cultura da soja, para o controle de caruru (Amaranthus hybridus).
Fonte: Tsukahara; Kochinski; Silva (2024).

Contudo, deve-se atentar para a eficiência dos herbicidas pré-emergentes no controle do caruru, a fim de posiciona-los da melhor forma possível para um controle efetivo na lavoura.


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A eficiência de herbicidas pré-emergentes no controle do caruru (Amaranthus hybridus), foi avaliada por Brunetto et al. (2023), Os autores analisaram diferentes herbicidas pré-emergentes (tabela 1), no controle do caruru em pré-emergência.

Tabela 1. Tratamentos, doses e empresas fabricantes dos produtos utilizados nos experimentos de controle de caruru-roxo (Amaranthus hybridus) em pré-emergência.
*Adicionado à calda de aplicação óleo mineral Assist® (0,5% v v-1). i.a: ingrediente ativo. Fonte: Brunetto et al. (2023)

Conforme resultados observados pelos autores, aos 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT), apenas os herbicidas Diclosulam, Imazethapyr e Metribuzin (isolados) apresentaram eficiência de controle inferior a 90%. Os melhores desempenhos no controle do caruru aos 21 DAT ficaram por conta dos herbicidas contendo em sua formulação Imazethapyr + Flumioxazin (Zethamaxx®), Flumioxazin (Flumyzin 500 SC®) e Sulfentrazone + Diuron (Stone®). Os demais tratamentos analisados, com exceção dos citados anteriormente, manifestaram controle satisfatório do caruru entre 90% e 99%.

Tabela 2. Controle (%) de caruru-roxo (Amaranthus hybridus) em função da aplicação de herbicidas em pré-emergência das plantas.
Fonte: Brunetto et al. (2023)

Figura 3. Controle (%) de caruru-roxo (Amaranthus hybridus) em função da aplicação de herbicidas em pré-emergência das plantas aos 21 dias após o tratamento (DAT).

Adaptado: Brunetto et al. (2023)

Dessa forma, fica evidente que, quando posicionados de forma adequada, os herbicidas pré-emergentes contribuem efetivamente para o controle do caruru na pré-emergência, reduzindo as infestações iniciais dessa planta daninha e contribuindo para o estabelecimento da cultura no limpo.

Confira o trabalho completo de Brunetto et al. (2023) clicando aqui!

Referências:

BRUNETTO, L. et al. MANEJO QUÍMICO DE CARURU-ROXO (Amaranthus hybridus) COM HERBICIDAS APLICADOS EM PRÉ E PÓS-EMERGÊNCIA. Weed Control Journal, 2023. Disponível em: < https://web.archive.org/web/20240224015416id_/https://www.weedcontroljournal.org/wp-content/uploads/articles_xml/2763-8332-wcj-22-e202300790/2763-8332-wcj-22-e202300790.pdf >, acesso em: 11/06/2024.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 10/06/2024.

PENCKOWSKI, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL. Revista FABC, Abril/Maior, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 10/06/2024.

TSUKAHARA, R. Y.; KOCHINSKI, E. G.; SILVA, W. K. ESTRATÉGIAS PARA O MANEJO DA RESISTÊNCIA DE DOENÇAS E PLANTAS DANINHAS A AGROQUÍMICOS. Revista FABC, Abril/Maio, 2024. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2024/04/202404revista-pdf.pdf >, acesso em: 10/06/2024.

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