Objetivo

O principal objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência de distintos fungicidas, aplicados de forma isolada (aplicações sequenciais), para o controle de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja (Glycine max).

Metodologia

O trabalho foi conduzido na safra 2018/2019, na área experimental da CCGL em Cruz Alta, RS. Foram avaliados diferentes fungicidas, com distintos modos de ação, em 5 aplicações sequenciais, iniciadas no estádio V8 (oitavo nó, sétima folha trifoliolada completamente desenvolvida) e em intervalos de 14 dias. A última aplicação foi realizada no estádio R5.5. Sempre que recomendado pela empresa fabricante, fez-se o uso de adjuvantes. O volume de calda utilizado foi de 150 l ha . A cultivar utilizada no experimento foi Brasmax Lança IPRO, semeada em 20/11/2018 e colhida em 08/04/2019. Foram realizadas avaliações de produtividade -1 (sacos ha ) e eficiência de controle de ferrugem (%), baseadas na área abaixo da curva de progresso da doença (ASCPD) de cada tratamento, comparando-se com a testemunha.

A fim de tornar os tratamentos comparáveis, os resultados e as análises estatísticas são apresentados por grupos de fungicidas com características e modos de ação similares (separados na Figura 1 por cores distintas). As médias foram comparadas entre si pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade de erro.



Resultados

Estrobilurinas

Em média, o fungicida Trifloxistrobina apresentou o melhor controle de ferrugem (58%) e a maior produtividade -1 (79 sacos ha ). O controle e a produtividade de Picoxistrobina foram superiores (49%) aos conferidos por Azoxistrobina e Piraclostrobina, que foram similares em controle de ferrugem (7% e 8%, respectivamente).

No entanto, Piraclostrobina -1 resultou em maiores produtividades (66 sacos ha ) do que
-1 Azoxistrobina (63 sacos ha ), que não diferiu da testemunha -1 sem fungicida (64 sacos ha ) (Figura 1). Salienta-se que as doses das estrobilurinas utilizadas foram adequadas a fim de igualar as concentrações de cada ingrediente ativo.

Triazóis e morfolina

O fungicida Tebuconazol apresentou, em média, o melhor controle de ferrugem (71%) e a maior produtividade -1 (86 sacos ha ) dentre os fungicidas avaliados deste grupo. A menor eficiência de controle (13%) e a menor produtividade -1 (69 sacos ha ) foram observadas no tratamento com Ciproconazol (Figura 1).

Misturas contendo estrobilurinas + triazóis

Os melhores controles de ferrugem foram conferidos pelos tratamentos Picoxistrobina + tebuconazol (85%) e Trifloxistrobina + protioconazol (87%). As maiores produtividades foram observadas nos tratamentos Metominostrobina -1 + tebuconazol (88 sacos ha ), Picoxistrobina + tebuconazol -1 (90 sacos ha ) e Trifloxistrobina + protioconazol (90 sacos
-1 ha ).

Embora os tratamentos Picoxistrobina + ciproconazol e Trifloxistrobina + ciproconazol tenham apresentado controles similares de ferrugem (65%), diferiram em relação à produtividade (Figura 1).

Misturas contendo estrobilurinas + carboxamidas

Em média, o melhor controle de ferrugem foi conferido pelo uso do fungicida Picoxistrobina + benzovindiflupir (85%). Porém, este tratamento não diferiu em produtividade do tratamento Piraclostrobina + fluxapiroxade, ambos com 88 -1 sacos ha . O fungicida Azoxistrobina + benzovindiflupir apresentou controle de ferrugem similar (67%) ao observado no tratamento Piraclostrobina + fluxapiroxade (65%). Porém, a produtividade foi menor no tratamento com Azoxistrobina + benzovindiflupir (Figura 1).

Misturas contendo triazóis + carboxamidas O melhor controle de ferrugem foi observado com o uso de Bixafen + protioconazol + trifloxistrobina (96%). No entanto, os tratamentos avaliados não diferiram entre si para a produtividade (Figura 1).

Misturas contendo multissítios na formulação

As maiores produtividades foram observadas nos tratamentos com Azoxistrobina + ciproconazol + mancozebe -1 (95 sacos ha ) e Picoxistrobina + tebuconazol + mancozebe -1 (94 sacos ha ), que apresentaram os melhores controles de ferrugem (89% e 91%, respectivamente.

Conclusão

Foi possível diferenciar os fungicidas testados em relação à produtividade e ao controle de ferrugem da soja. À medida que são combinados diferentes grupos químicos, verificou-se um aumento no controle de ferrugem e, por consequência, na produtividade da soja. O uso de um fungicida em aplicações sequenciais não é recomendado. No campo, esta prática deve ser evitada, a fim de reduzir a pressão de seleção para resistência ao fungo.

Deve-se priorizar, sempre, a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação, adequando os programas de acordo com a suscetibilidade da cultivar escolhida, a época de semeadura e as condições ambientais de cada safra.

Autor: Caroline Wesp Guterres, Doutora em fitotecnia com ênfase em fitopatologia Pesquisadora da CCGL E-mail: caroline.wesp@ccgl.com.br

Fonte: Boletim Técnico 73 CCGL Tec

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