Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, se mantiveram acima dos US$ 7,00/bushel durante estes primeiros dias de agosto. O fechamento desta quinta-feira (05) ficou em US$ 7,12/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 7,05 uma semana antes. A média de julho fechou em US$ 6,65/bushel, representando um recuo de 0,15% sobre a média de junho.
A colheita do trigo de inverno nos EUA atingia a 91% da área total até o dia 1º de agosto, contra a média histórica de 86%. Já o trigo de primavera acusava uma colheita de 17%, contra 8% na média histórica. Ainda em relação ao trigo de primavera, apesar da melhora, apenas 10% das lavouras estadunidenses estavam entre boas a excelentes condições no início de agosto, contra 26% em situação regular e 64% entre ruins a muito ruins.
Já em relação às exportações para a safra 2021/22, na semana encerrada em 29/07 os EUA venderam 387.200 toneladas do cereal, ficando o volume 1% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Mesmo assim, o volume ficou dentro das expectativas do mercado. Em todo o atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, os EUA exportaram 3,77 milhões de toneladas, ou seja, 20% a menos do que no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, na Rússia, a safra local deverá ser ainda mais reduzida do que o previsto, ficando em 76,4 milhões de toneladas de trigo. O corte, além do clima, se deve à redução na área semeada com trigo de inverno, a qual ficou em 15,6 milhões de hectares, contra 16,8 milhões inicialmente estimados (cf. Sovecon). É bom lembrar que a Rússia é o maior exportador mundial de trigo, fornecendo o produto especialmente para a África e o Oriente Médio.
E na Argentina, o Ministério da Agricultura local informou que o vizinho país já exportou, neste ano 2021/22, um total de 4,33 milhões de toneladas de trigo até o dia 21/07. Isso significa 24,3% acima do exportado no mesmo período do ano anterior.
Já no Brasil, os preços do trigo se mantiveram firmes, diante das geadas que se abateram sobre as regiões produtoras, causando estragos especialmente no Paraná, mas também em partes de Santa Catarina e São Paulo. A média gaúcha no balcão fechou a primeira semana de agosto em R$ 80,91/saco, enquanto no Paraná os preços oscilaram entre R$ 88,00 e R$ 90,00/saco.
Assim, o clima e a retração dos produtores em vender o produto, mesmo na iminência de uma revalorização do Real (o que favorece as importações), mantiveram os preços internos elevados. Vale ainda lembrar que as geadas pioraram a situação do milho safrinha, fato que elevou os preços do farelo de trigo, o qual vem sendo muito procurado para substituir o milho nas rações animais.
Ainda sem uma contabilização adequada, sobre o tamanho da quebra que as geadas provocaram nas regiões produtoras nacionais, o fato é que 27% das lavouras do Paraná estavam em situação suscetível ao fenômeno durante o mês de julho, especialmente em relação ao que ocorreu na última semana do mês passado. Novas geadas a partir de agora farão enormes estragos, já incluindo agora o Rio Grande do Sul. Ou seja, no Estado gaúcho, com a safra toda ela semeada, no final de julho somente 2% das lavouras estavam em fase de floração, e pouco suscetíveis à geadas. Todavia, a partir deste início de agosto, as lavouras gaúchas do cereal entram em fase mais crítica em relação ao fenômeno.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).