Por Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo, em Chicago, também sofrem recuos importantes, embora menos intensos do que a soja e o milho. O fechamento desta quinta-feira (15), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 5,67/bushel, contra US$ 5,88 uma semana antes. O fechamento desta última quinta-feira (15), para o primeiro mês cotado, é o mais baixo desde o final de novembro passado.

Enquanto os dados do Fórum Outlook do USDA não eram divulgados, pois o mesmo ocorreu a partir deste último dia 15/02, o mercado avançava uma projeção de área a ser semeada com trigo, nos EUA, ao redor de 19 milhões de hectares para 2024, contra 20,1 milhões um ano antes. Ou seja, tem-se aí um recuo de 5,47%.

Por outro lado, na Ucrânia a expectativa é de que a área semeada na primavera de 2024 (nosso outono) venha a ser a mesma do ano anterior, mesmo com a guerra diante da Rússia já fechando dois anos. Assim, a área cultivada pode alcançar 4 milhões de hectares de milho, 5,3 milhões de hectares de girassol e 1,78 milhão de hectares de soja naquele país. Para o ano 2023/24 a Ucrânia espera fechar com uma colheita de 23,4 milhões de toneladas de trigo. (cf. Reuters)

Já na França, segundo a FranceAgriMer, os estoques de trigo macio devem terminar o atual ano comercial no mais alto nível dos últimos 19 anos, pois o retorno da Ucrânia ao mercado reduziu as exportações francesas do cereal. Assim, estima-se que tais estoques, em 30/06 (momento de fechamento do ano comercial atual), sejam de 3,5 milhões de toneladas. Isso significa 37% acima do registrado no ano anterior. Ao mesmo tempo, a consultoria citada reduziu as estimativas das exportações francesas de trigo macio, com as mesmas ficando em 6,32 milhões de toneladas, ou seja, 1% abaixo do registrado no ano anterior.

E aqui no Brasil os preços se estabilizaram. A média gaúcha ficou em R$ 62,00/saco, enquanto no Paraná o produto oscilou entre R$ 65,00 e R$ 66,00/saco. Estes preços estão melhores do que os níveis verificados em outubro passado, quando da colheita. Em 15 de outubro do ano passado, por exemplo, a média gaúcha foi de R$ 50,00/saco, enquanto os valores no Paraná giravam ao redor de R$ 52,00/saco.

Mesmo assim, os preços estão muito baixos, considerando que a safra do cereal foi bem menor, pois atingida pelas intempéries. Tanto é verdade que a colheita final brasileira ficou em 8,1 milhões de toneladas no ano passado, contra 10,6 milhões no ano anterior. Para 2024 a área esperada com trigo, no Brasil, está sendo projetada em 3,48 milhões de hectares, sendo 1,5 milhão no Rio Grande do Sul, enquanto a produção final, desde que o clima ajude, pode chegar a 10,2 milhões de toneladas, sendo 4,7 milhões no Rio Grande do Sul. (cf. Conab)

Enfim, segundo a Anec, o Brasil deverá exportar, neste mês de fevereiro, 676.800 toneladas de trigo, a maior parte de baixa qualidade, contra 523.000 embarcadas no mesmo mês do ano passado.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

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