Talvez um dos macronutrientes mais negligenciados na agricultura, o Enxofre (S) é essencial para o metabolismo, crescimento e desenvolvimento vegetal. Segundo Taiz et al. (2017), bioquimicamente, o Enxofre é considerado componente de três aminoácidos, (cisteína, cistina e metionina), além de constituinte de ácido lipoico, coenzima A, tiamina pirofosfato, glutationa, biotina, 5´-adenilil-sulfato e 3´-fosfoadenosina. Em outras palavras, o Enxofre é necessário para a síntese de proteínas e também auxilia na produção de sementes e da clorofila necessária para que as plantas realizem a fotossíntese (IPNI).
Em média, para a cultura da soja, são requeridos cerca de 5,4 Kg de S por tonelada de grãos produzidos (Embrapa Soja, 2008). Já contabilizando produção de grãos e resíduos culturais, o acúmulo de S por tonelada supera os 15 kg, dos quais, 35% são exportados pela cultura (tabela 1).
Tabela 1. Quantidade Absorvida e exportada de nutrientes pela cultura da soja.
Assim como para os demais nutrientes, a deficiência de enxofre pode limitar a produtividade da soja, sendo essa, responsiva a adubação com esse nutriente (figura 1). O sulfato solúvel (SO4 2-) é a fonte primária de nutrição de S para as plantas, e pode-se dizer que tanto enxofre quanto nitrogênio são necessários para a formação de proteínas para a planta, estando ambos, intimamente relacionados (IPNI).
Veja mais: Existe relação entre enxofre e nitrogênio?
Figura 1. Produtividade de grãos de soja em função da aplicação de doses de enxofre em um solo de textura média.
Embora diversas fontes de enxofre possam ser encontradas para uso na agricultura (tabela 2), uma das mais comuns e usuais é o gesso agrícola. Além de apresentar em sua composição, em média, 15% de Enxofre e 18% de Cálcio (Ca), o gesso agrícola é conhecido por suas propriedades condicionadoras de solo, atuando na melhoria do ambiente radicular em profundidade para o crescimento e desenvolvimento das raízes.
Tabela 2. Principais fontes de enxofre (S).
Conforma observado por Souza; Lobato; Rein (2005), quando utilizado corretamente, sob condições adequadas, o gesso agrícola além de contribuir para o aumento dos teores de S e Ca no solo, promove melhor distribuição de raízes no perfil do solo, aumentando consequentemente o volume de solo explorado, e com ele o acesso a água e nutriente do solo, melhorando inclusive, as respostas produtivas da planta sob condições de estresse hídrico.
Cabe destacar que embora seja uma fonte de Cálcio, o gesso agrícola não possui a capacidade de alterar o pH do solo, mas tende a reduzir o efeito da toxidade do alumínio. Logo, em sistemas plantio direto consolidados, onde há o acompanhamento e manutenção das condições químicas e de fertilidade do solo, o gesso agrícola pode ser uma interessante ferramenta de manejo, possibilitando o aumento dos teores de S e Ca, além de atuar como condicionador de solo.
Referências:
EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 05/03/2021.
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MATO GROSSO; ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE SOJA E MILHO DO ESTADO DE MATO GROSSO. RELATÓRIO TÉCNICO FINAL SAFRAS 2016 – 2019: DOSES E FONTES DE ENXOFRE (CAD PARECIS), 2019. Disponível em: < http://www.aprosoja.com.br/storage/site/files/RF_-_Doses_e_Fontes_de_Enxofre__2019_.pdf >, acesso em: 19/09/2022.
IPNI. NUTRI-FATOS: INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS, ENXOFRE. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/nutrifacts-brasil.nsf/0/493B703CAD4816D38325818600436380/$FILE/NutriFacts-BRASIL-4.pdf >, acesso em: 19/09/2022.
PAULETTI, V. ENXOFRE: NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS. UFPR. Disponível em: < https://docs.ufpr.br/~nutricaodeplantas/enxofre13.pdf >, acesso em: 19/09/2022.
SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. USO DE GESSO AGRÍOCOLA NOS SOLOS DO CERRADO. Embrapa, Circular Técnica, n. 32, 2005. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/568533/1/cirtec32.pdf >, acesso em: 19/09/2022.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, Porto Alegre, 2017.
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