Sendo um dos macronutrientes mais negligenciados na agricultura, o enxofre (S) desempenha função estrutural nas plantas, sendo componente de cisteína, cistina, metionina e constituinte de ácido lipoico, coenzima A, tiamina pirofosfato entre outros (Taiz et al., 2017).  Seus sintomas de deficiência podem ser observados nas folhas jovens, que ficam verde-amareladas e cloróticas, podendo posteriormente ocorrer necrose nas bordas das folhas.

Segundo Gitti; Roscoe; Rizzato (2019), para produtividades médias de 3 t.ha-1 de soja, são exportados cerca de 16 kg.ha-1 e extraídos cerca de 46 kg.ha-1 de enxofre, podendo ser observado aumento dessa exportação e extração para produtividades superiores.

Tabela 1. Estimativas de extração e exportação totais de macronutrientes (kg ha-1) e micronutrientes (g ha-1), em função da produtividade esperada.

Fonte: Gitti; Roscoe; Rizzato (2019)

Experimento realizados pela Embrapa Soja revelam o aumentos de produtividade da ordem de 100 a 500 kg.ha-1 em resposta a aplicação nos solos, em quantidades entre 25 a 75 kg.ha-1 de enxofre (Sfredo & Lantmann, 2007). Para determinar corretamente a necessidade de enxofre (S), deve-se fazer a análise de solo em duas profundidades, 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, devido à mobilidade do nutriente no solo e ao seu acúmulo na segunda camada (Embrapa Soja, 2013).


Várias fontes de enxofre podem ser utilizadas para adubação na soja, sendo algumas delas o gesso agrícola, Sulfagran, enxofre elementar, entre outras. Entretanto, cabe destacar que avaliando a produtividade da soja em função de diferentes fontes de enxofre, Broch et al. (2011) observaram que o enxofre elementar pode são ser eficiente para rápida disponibilização do nutriente para as plantas. As fontes de enxofre avaliadas pelos autores, assim como a produtividade da soja em resposta a elas podem ser observadas na tabela 2. Para ambas as fontes os autores utilizaram a dose correspondente a 40 kg.ha-1 de enxofre.

Tabela 2. Média de produtividade de grãos da soja, ao longo dos três anos de cultivo, em função das diferentes fontes de enxofre.

* médias não ligadas pela mesma letra diferem ao nível de 1% de significância de erro pelo teste de Scott-Knott.
Fonte: Broch et al. (2011)

Embora a adubação de base seja a principal forma de fornecimento de enxofre, por ser considerado um nutriente móvel na planta, alguns autores avaliaram o fornecimento do nutriente via foliar. Conforme analisado por Rezende et al. (2009), a aplicação foliar e enxofre no estádio R3 da soja pode proporcionar aumento da produtividade da cultura.

Para execução do experimento os autores utilizaram o produto Quimifol S-300 e Quimifol S-800, com respectivamente 26% e 56% de enxofre. Com base nos resultados obtidos por Rezende et al. (2009), a aplicação foliar de enxofre com Quimifol S-300 nas doses de 2,0 e 3,0 l.ha-1 e Quimifol S-800 nas doses de 1,0 e 1,5 l.ha-1 proporcionaram aumento de produtividade da soja variando entre 27 e 32%, demonstrando a importante contribuição do enxofre para a produtividade da soja e a viabilidade da aplicação foliar.

A necessidade do fornecimento do enxofre deve ser baseada na análise de solo, seja na adubação de base ou foliar, o enxofre desempenha significativa contribuição no aumento de produtividade da soja. Cabe destacar que por se tratar de um macronutriente deve preferencialmente realizar a adubação de enxofre via solo, entretanto em virtude da mobilidade do nutriente na planta, a adubação via foliar é uma possibilidade, principalmente como um ajuste fino da fertilidade.


Veja também: Uso do Gesso Agrícola 



Referências:

BROCH, D. L. et al. PRODUTIVIDADE DA SOJA NO CERRADO INFLUENCIADA PELAS FONTES DE ENXOFRE. Rev. Ciênc. Agron., v. 42, n. 3, p. 791-796, jul-set, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/rca/v42n3/27.pdf >, acesso em: 09/02/2021.

EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2014. Sistema de Produção, n. 16, 2013. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/95489/1/SP-16-online.pdf >, acesso em: 09/02/2021.

GITTI, D. C., ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção Soja: 2018/2019, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/338/338/5e39725d5b9c36cc83636d9750d0cf5eee0b383ec2a46_01.-manejo-e-fertilidade-do-solo-para-a-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 09/02/2021.

REZENDE, P. M. et al. ENXOFRE APLICADO VIA FOLIAR NA CULTURA DA SOJA [Glycine max (L.) Merrill]. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 33, n. 5, p. 1255-1259, set./out., 2009. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/cagro/v33n5/v33n5a08.pdf >, acesso em: 09/02/2021.

SFREDO, G. J.; LANTMANN, A. F. ENXOFRE: NUTRIENTE NECESSÁRIO PARA MAIORES RENDIMENTOS DE SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 53, 2007. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/470730/1/2007CircularTecnica.n.53.Enxofre21x28OK.pdf >, acesso em: 09/02/2021.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, Porto Alegre, 2017.

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