Autores: Mateus Junior Rodrigues Sangiovo1; Claudir José Basso2; Álex Theodoro Noll Drews3; Gabriel Alencar Passinatto4; Fernanda Marcolan de Souza5; Eveline Ferreira Soares6; Chaiane Basso7

Introdução 

O milho pipoca (Zea mays L. everta) é caracterizado por ser um grão especial, que quando submetido a temperatura equivalente a 180º C tem a capacidade de expandir, sendo considerado um alimento de excelente aceitação pela população em geral. A nível mundial o Brasil segue entre os principais produtores de milho pipoca, no entanto ainda com necessidade de importações de países como Estados Unidos e Argentina para suprir a demanda interna. Segundo (Kist et al., 2019), o Rio Grande do Sul tem contribuído no fornecimento de milho pipoca, com perspectiva de aumento sobre as áreas de cultivo durante os próximos anos, em função das condições climáticas que são favoráveis além do preço pago pela unidade produzida ser maior em comparação ao milho comum.

A falta de conhecimento sobre a susceptibilidade de híbridos de milho pipoca as doenças foliares é um dos fatores que tem contribuído para o posicionamento errado de híbridos com relação ao seu ambiente de cultivo e talvez um dos fatores limitantes para expansão das áreas. Assim o posicionamento sobre a época de semeadura mais adequada para cada híbrido, visa maximizar o aproveitamento das condições climáticas. Segundo (HENRIQUES et al.,2014), a cultura do milho pipoca apresenta maior suscetibilidade as doenças foliares quando comparado ao milho comum, com enorme escassez de híbridos com tolerância em especial a helmintosporiose (Exserohilum turcicum).

A hipótese que fundamenta este estudo é que existe diferença entre híbridos de milho pipoca quanto a sua tolerância a helmintosporiose, visto que o posicionamento sobre a melhor época de semeadura pode determinar uma maior ou menor exposição dos híbridos as doenças foliares durante seu ciclo o que é importante sob o ponto de vista agronômico para a cultura do milho pipoca na região. Assim o objetivo do estudo foi avaliar a severidade de helmintosporiose em diferentes épocas de semeadura e híbridos de milho pipoca.

Material e Métodos 

O estudo foi realizado durante a safra 2019/2020 na área experimental do Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais da Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Frederico Westphalen – RS (27º 23′ 51″ S e 53º 35′ 19″ W). Para a marcação e distribuição de 120 kg ha-1 de super fosfato triplo no sulco de semeadura, utilizou-se semeadora composta por 6 linhas no espaçamento de 0,45 cm. O experimento foi de blocos casualizados em esquema bifatorial (4 x 6), sendo quatro épocas de semeadura 21/08, 11/09, 30/09 e 19/10, com seis híbridos de milho pipoca (H1, H2, H3, H4, H5 e H6) e quatro repetições. Cada parcela teve as seguintes dimensões, 5 m de comprimento por 2,25 m de largura, totalizando uma área de 11,25 m2.

A semeadura de cada época foi realizada manualmente, deixando 2 sementes agrupadas, que após o estabelecimento das plantas realizou-se o raleio, mantendo uma população correspondente a 70 mil plantas ha-1 para todas as épocas e híbridos estudados. Após realizado cada semeadura aplicou-se a lanço 150 kg ha-1 de cloreto de potássio e sobre o sulco de semeadura 30 kg ha-1 de nitrogênio. Durante os estádios fenológicos V4 e V6 efetuou-se a aplicação de nitrogênio a lanço, na dose de 85 kg ha-1 em cada uma das aplicações.

Antecedendo cada avaliação de severidade de helmintosporiose, realizou-se a aplicação preventiva de fungicida, com uma antecedência de 12 dias para todas as épocas e híbridos. Foram realizadas duas avaliações em cada época de semeadura, onde a escala diagramática utilizada sugere sete níveis de severidade para a doença em porcentual: 0,5; 1,0; 2,5; 6,5; 15,5; 30,0 e 54,0%, (LAZAROTO, Adriana et al., 2012). A 1º avaliação realizada entre os estádios fenológicos (V9) nove folhas expandidas e (VT) pendoamento. E a 2º avaliação entre os estádios (R2) grão leitoso e (R3) grão pastoso. Em cada parcela marcou-se 8 plantas aleatórias, onde avaliou-se 4 folhas abaixo da inserção da espiga e 4 folhas acima da inserção da espiga de cada planta. Os dados foram submetidos ao teste de variância (Scott-knott) a 5% de probabilidade de erro, através do programa estatístico SISVAR 5.6.

Resultados e Discussão 

Na (Tabela 1), observa-se que na primeira avaliação entre os estádios fenológicos (V9 e VT), não há diferença estatística entre os híbridos, tanto para as folhas acima da espiga, quanto para as folhas de baixeiro. Já no segundo momento de avaliação, durante os estádios fenológicos (R2 e R3) o comportamento da doença muda, nota-se que há um progresso na severidade de helmintosporiose para todos híbridos, principalmente nas folhas de baixeiro da planta, o que é característico da doença, iniciar na parte inferior das plantas e a medida em que as condições de temperatura e presença de umidade são favoráveis, ocorre a disseminação do patógeno. Se observa que os híbridos H3 e H1 diferem estatisticamente dos demais, obtendo os menores valores sobre a severidade de helmintosporiose na segunda avaliação entre (R2 e R3), tanto nas folhas acima quanto para as folhas abaixo da espiga. Assim os híbridos H3 e H1 independente da época de semeadura demonstram maior tolerância sobre a helmintosporiose em relação aos demais híbridos de milho pipoca.

Para o desdobramento entre as diferentes épocas de semeadura e híbridos (Tabela 2), analisando os valores observa-se que temos diferença estatística na primeira avaliação (V9 e VT) na semeadura realizada em 30/09, onde os híbridos H3 e H1 demonstram os menores valores para severidade de helmintosporiose para as folhas de baixeiro, 9.12 e 10.64 %. Já na semeadura de 19/10, temos diferença no terço superior das plantas, onde os híbridos H4 e H5 demonstram maior susceptibilidade a doença, seguido de seus valores 4.58 e 3.22%.

Na segunda avaliação (Tabela 2) entre os estádios fenológicos (R2 e R3), há diferença estatística para as folhas acima da espiga na semeadura realizada em 11/09, onde menores valores de severidade são observados com os híbridos H3, H1 e H6. Já na semeadura de 19/10, os híbridos H6 e H4 demonstram os maiores valores de severidade 7.49 e 6.81%. Para as folhas abaixo da espiga, se nota diferença entre os híbridos na semeadura realizada em 30/09 e 19/10, onde o híbrido H3 apresenta os menores valores de severidade 20.79 e 19.05%.

Conclusão 

No comparativo aos demais, os híbridos H3 e H1 apresentam superioridade quanto a tolerância a helmintosporiose independente da época de semeadura. No presente estudo, fica claro que na semeadura realizada até 11/09 todos os híbridos tiveram baixa pressão em severidade de helmintosporiose, o que se sugere que a semeadura do milho pipoca nessa região deva ser realizada no intervalo entre 20 de agosto a 10 de setembro.

Referência 

Kist, B. B et al., (2019). Anuário brasileiro do milho 2019. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz. HENRIQUES, Marcos Jardel et al. Controle de helmintosporiose em milho pipoca, com a aplicação de fungicidas sistêmicos em diferentes épocas. Campo Digital, v. 9, n. 2, 2014.

LAZAROTO, Adriana et al. Escala diagramática para avaliação de severidade da helmintosporiose comum em milho. Ciência Rural, v. 42, n. 12, p. 2131-2137, 2012.

Informações sobre os autores:

  • 1 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen/RS. E-mail: mateus.sangiovo03@gmail.com
  • 2 Professor Dr. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen/RS. E-mail: claudirbasso@gmail.com
  • 3 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen/RS. E-mail: alex@srd-agil.com
  • 4 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen/RS. E-mail: gabriel.passinatto@gmail.com
  • 5 Mestranda pelo Programa de Pós Graduação Agricultura e Ambiente, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen /RS. E-mail: fernanda22ms@gmail.com
  • 6 Mestranda pelo Programa de Pós Graduação Agricultura e Ambiente, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen /RS. E-mail: soares.eveline@yahoo.com
  • 7 Acadêmica do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen/RS. E-mail: chaiane.basso@hotmail.com

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