As estimativas brasileira e mundial de trigo seguem otimistas, e, no Brasil, os preços atrativos devem resultar em maior área com a cultura. Na última semana do mês de maio, o clima favoreceu, e o cultivo da nova safra de trigo avançou no Sul do País. Diante disso, estimativas passaram a indicar produção elevada. Em temos mundiais, dados do USDA sinalizam que a produção de trigo deve aumentar, assim como o consumo, as vendas e os estoques do cereal.

Dados da Conab apontam que a área de trigo no País deve ser de 1,09 milhão de hectares, 2,4% acima da temporada anterior. As áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina devem se manter estáveis, enquanto a do Paraná deve crescer 5,5%. A produtividade média nacional está estimada em 2,6 t/ha, 3% maior que em 2019. Com isso, a oferta está prevista em 5,43 milhões de toneladas, 5,4% superior à da safra passada. A Conab também revisou os dados de oferta e demanda para a temporada 2019 (agosto/19 a julho/20), elevando o consumo para 12,5 milhões de toneladas e as importações para 7,2 milhões de toneladas.

Enquanto isso, a escassez de trigo no mercado nacional e a demanda aquecida mantiveram firmes as importações do cereal. Conforme resultados preliminares da Secex, até a terceira semana de maio, as importações de trigo apresentavam média diária de 20,1 mil toneladas, contra 18,4 mil toneladas em maio de 2019. Os preços de importação estavam em US$ 221,80/t, FOB origem, 6,1% abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado.

O mercado doméstico seguiu operando com volume restrito e valores firmes. No acumulado do mês (de 30 de abril a 31 de maio), os preços no mercado de lotes no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Paraná e em São Paulo subiram 9,1%, 8,3%, 8,1% e 4,9%, respectivamente. No mesmo período, o preço do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registrou alta de 5,8% no Paraná, de 5% em Santa Catarina e de 3,3% no Rio Grande do Sul.

Quando comparadas as médias mensais de abril e de maio, nota-se alta de 7,2% no Paraná, com o trigo a R$ 1.265,69/tonelada em maio. No Rio Grande do Sul, a média de maio foi 9,5% superior à de abril, a R$ 1.123,91/t. No mesmo comparativo, em São Paulo, o aumento foi de 5,7%, com o trigo a R$ 1.266,98/tonelada. Em Santa Catarina, a média foi 9,1% maior, com o trigo a R$ 1.150,19/tonelada.

Derivados – No comparativo com a média de abril, as cotações de todas as farinhas seguiram firmes em maio. A sustentação dos preços foi consequência da diminuição dos negócios realizados e da baixa oferta de trigo em grão, fatores que reduziram a liquidez nesta cadeia produtiva. Houve relatos de parada industrial no Sul do País, no intuito de conter a covid-19 e também de resguardar os estoques de trigo até a próxima safra. Em relação aos farelos, a demanda permaneceu aquecida em maio, e a expectativa é de um aumento ainda maior nas próximas semanas, devido à aproximação do inverno.

Em maio, as cotações das farinhas destinadas à panificação, bolacha salgada, pré-mistura, massas em geral, bolacha doce, massas frescas e integral subiram 6,46%, 4,93%, 4,86%, 4,60%, 4,51%, 3,91% e 2,94%, respectivamente. Para os farelos, houve valorização de 9,93% para o a granel e de 5,64% para o ensacado.

Preços Internacionais – Considerando-se as médias de abril e de maio, os primeiros vencimentos do trigo Soft Red Winter, negociado na CME Group, e do Hard Red Winter, na Bolsa de Kansas, se desvalorizaram 4,8% e 2,8%, respectivamente, a US$ 5,1515/bushel (US$ 189,29/t) e a US$ 4,6640 /bushel (US$ 171,37/t) em maio.

O relatório mensal do USDA para o mês de maio projetou alta na produção mundial da safra 2020/2021, impulsionada por importantes regiões exportadoras, com destaque para Argentina, Austrália, Canadá, Cazaquistão e Rússia. Em contrapartida, as produções dos Estados Unidos e da Ucrânia devem cair ligeiramente. A produção mundial está prevista em 768,5 milhões de toneladas – novo recorde –, com aumento de 0,5% frente ao ano anterior. O suprimento abundante por parte dos exportadores tende a gerar uma concorrência crescente por participação de mercado, apesar de a demanda também ser projetada para ser recorde.

Ainda conforme o USDA, o consumo deve crescer 0,47%, somando 748,4 milhões de toneladas. No geral, a demanda por ração deve cair 4,1%, a 137,5 milhões de toneladas, mas o consumo para alimentação, sementes e indústrias deve crescer 1,6%, para 610,9 milhões de toneladas. Mesmo assim, os estoques de passagem devem continuar aumentando. A relação estoque/consumo final deve passar para 41,4%, um recorde histórico.

Já na Argentina, a maior fornecedora de trigo ao Brasil, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que a semeadura da safra 2020/2021 foi iniciada, e a área estimada é de 6,8 milhões de hectares. Os preços FOB, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, recuaram 1,8% de abril para maio, a US$ 239,78/tonelada.

Fonte: Cepea

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