As cotações do trigo, em Chicago, recuaram nesta semana. O bushel do cereal chegou a bater em US$ 8,41, se recuperando um pouco, na sequência, para fechar a quinta-feira (20) em US$ 8,49, contra US$ 8,92 uma semana antes.

Destaca-se que, nos EUA, o plantio do trigo de inverno, até o dia 16/10, chegava a 69% da área total, contra 68% na média histórica. Deste total, 38% havia emergido até meados de outubro.

Por sua vez, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, da safra 2022/23, atingiram, na semana encerrada em 06/10, um total de 211.800 toneladas. Tal volume ficou dentro do esperado pelo mercado. Assim, em todo o ano comercial 2022/23, iniciado em 1º de junho, os EUA exportaram 8,32 milhões de toneladas de trigo, contra 8,21 milhões no mesmo período do ano anterior. A estimativa é de uma exportação total no ano ao redor de 21 milhões de toneladas.

Já na Argentina, a Bolsa de Rosário reduziu mais uma vez a previsão de colheita do trigo local. A mesma, agora, ficaria em apenas 15 milhões de toneladas, ou seja, 7 milhões a menos do que as primeiras projeções indicavam. Seria a pior safra do cereal nos últimos sete anos no vizinho país. Lembrando que no ano anterior a produção total de trigo, na Argentina, foi de 23 milhões de toneladas.

Enquanto isso, no Brasil, diante da quebra de safra na Argentina, da continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, de um Real um pouco mais desvalorizado, e particularmente de prejuízos em algumas regiões produtoras dos três Estados do Sul brasileiro, a tendência de preços do trigo nacional foi revertida. Assim, houve alta dos mesmos nesta semana, com a média gaúcha atingindo a R$ 94,00/saco, enquanto as principais praças estaduais negociaram a R$ 95,00. Já no Paraná, os preços se estabeleceram em R$ 96,00/saco.

Efetivamente, no Rio Grande do Sul, chuvas e ventos acamaram as lavouras em maturação, na região do Alto Uruguai, assim como interromperam a colheita em algumas áreas. No Planalto Superior, o alto volume das precipitações, no início do enchimento de grãos preocupa devido a suscetibilidade de doenças fúngicas. Nas lavouras da Campanha e Zona Sul, as chuvas foram benéficas. Houve granizo, nesta semana, em algumas localidades. No Paraná, as chuvas recentes atrasam a colheita.

A produtividade está abaixo do esperado, porém, a maior parte da qualidade dos grãos é boa. Em Santa Catarina, chuvas nas regiões produtoras causam perdas qualitativas e quantitativas em algumas lavouras, principalmente as que se encontram em floração. As doenças fúngicas, de final de ciclo, manifestam-se em algumas áreas e seu controle tem sido dificultado em decorrência da alta umidade (cf. Agrolink).

Ainda no Rio Grande do Sul, segundo a Emater, a área semeada com trigo ficou em 1,4 milhão de hectares, a produtividade média projetada está em 3.200 quilos/hectare (53,3 sacos/hectare) e a produção total final deverá ficar em 4,6 milhões de toneladas. Neste último caso, há um aumento de 32% sobre o volume inicialmente projetado. Até o dia 13/10 a colheita atingia a 4% da área, contra 11% na média histórica. No Paraná, até o dia 17/10, em torno de 54% da área de trigo havia sido colhida, sendo que, das lavouras a colher, 12% estavam em condições ruins, 28% regulares e 60% boas.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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