O Brasil é referência no mundo por desenvolver três safras agrícolas por ano nos Cerrados, mas estudos recentes na pesquisa agropecuária têm apontado alternativas para uma terceira safra agrícola também na Região Sul, com cultivos de grãos ou forragens no outono, entre a safra de verão e a safra de inverno. Para apresentar alguns resultados em busca da terceira safra na região, a Embrapa Trigo vai promover dois encontros no mês de maio, dias 26 e 29, em Passo Fundo, RS.

No sistema de produção de grãos utilizado na Região Sul predomina a soja no verão e o trigo no inverno. Entre a colheita de verão e a semeadura de inverno, o solo fica parado entre 3 a 4 meses, quando as áreas ficam ociosas em pousio ou apenas com plantas de cobertura, sem gerar renda ou expostas à infestação de plantas daninhas e à degradação do solo. Da mesma forma, na produção de forragens este período é chamado de “vazio forrageiro outonal”, quando o pasto de verão começa a envelhecer e as pastagens de inverno ainda estão sendo implantadas.

De acordo com Giovani Faé, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, o desenvolvimento de genótipos ultraprecoces associados a encaixes nos sistemas tradicionais de produção, estão possibilitando o cultivo de uma terceira safra através de grãos, carne ou leite. Ele explica que, neste contexto, diferentes culturas de grãos e forragens estão sendo avaliadas para compor uma terceira safra agrícola, no período de outono, visando a geração de renda e a gestão de riscos nas propriedades.

Até o momento, os melhores resultados nas pesquisas destacam uma cultivar de cevada, desenvolvida para atender esta lacuna, com orientação forrageira, para a produção de silagem ou de grãos para alimentação animal durante o outono. Experimentos conduzidos em 2022 pela Embrapa Trigo junto com parceiros em 14 locais no RS, SC e PR, mostraram que a cultivar de cevada BRS Entressafras (BRS CVA 118) estava pronta para a colheita de silagem de planta inteira com 72 dias e para colheita de grãos com 90 dias. O rendimento de grãos variou de 1.500 kg/ha a 3.500 kg/ha.

Na produção de forragens, além de cevada, também estão sendo avaliados cereais de inverno como trigo, aveia e triticale. “Os cereais foram semeados em 14 de março e já produziram mais de 3 mil kg/ha de matéria-seca”, conta o pesquisador Osmar Conte. Segundo ele, um dos materiais avaliados é o trigo BRS Reponte, cultivar com baixa exigência de frio que permite a antecipação de semeadura para produzir alimento conservado: “No primeiro corte colhemos 2.900 kg/ha de matéria-seca e estamos planejando o próximo corte para o mês de setembro, quando a área já ficará disponível para a entrada do milho ou da soja”.

“Importante salientar que o cultivo de grãos no outono também representa riscos, com tecnologias que ainda estão fora do zoneamento agrícola, e numa época de grande instabilidade climática. Por isso, é preciso um ajuste fino no manejo”, esclarece Faé. Na cevada BRS Entressafras, por exemplo, é necessária a aplicação antecipada de nitrogênio (planta com duas folhas) e manejo para o controle inicial das doenças, já que a cultivar tem crescimento rápido e ciclo curto. “Caso ocorra geada que comprometa a colheita de grãos, a produção poderá ser direcionada para aproveitamento de silagem de cevada”, explica Giovani Faé.

Giro de Campo: Cultivos Rentáveis de Outono

Dia: 26 ou 29 de maio (escolher apenas uma tarde)

Horário: 14h às 17h

Programação:

14:00 – Cultivo de grãos na entressafra: o que preciso saber para ter sucesso?

15:00 – Como potencializar a produção de forragem no outono: antecipação, composição de espécies e nutrição.

16:00 – Alimento conservado de inverno: um “seguro” contra a seca.

Local: Vitrine de Tecnologias da Embrapa Trigo, Rodovia BR-285, Km 294, Passo Fundo, RS

Inscrições: gratuitas no Sympla

Fonte: Embrapa

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