O manejo nutricional na cultura da soja (Glycine max) é de suma importância, proporcionar o aporte nutricional de acordo com as exigências específicas da cultura é fundamental para obtenção de boas produtividades, haja vista que a ocorrência de deficiência nutricional pode acarretar perdas de produtividade, impedindo-a de expressar seu máximo potencial produtivo.

A absorção de nutrientes pela soja é um processo influenciado por vários fatores, incluindo as condições climáticas, como precipitação e temperatura, variações genéticas entre as diferentes cultivares, o teor de nutrientes no solo e as diversas práticas de manejo. No entanto, é possível estimar as quantidades médias de nutrientes presentes nos resíduos da cultura e nos grãos de soja por tonelada de produção de grãos (Borkert et al., 1994). A seguir, podemos observar a quantidade de nutrientes acumulada e exportada pela cultura da soja.

A soja é uma cultura altamente exigente em relação a todos os macronutrientes essenciais, e para que esses nutrientes sejam eficientemente absorvidos pela cultura, é essencial que estejam disponíveis no solo em quantidades adequadas e em equilíbrio. Para alcançar e manter esse equilíbrio, a implementação de práticas como a calagem e adubação torna-se fundamental (Sfredo, 2008).

A análise de solo, conforme destacam Oliveira et al. (2008), é a principal ferramenta para avaliar a fertilidade do solo, orientando a tomada de decisão relacionadas à calagem e recomendação da adubação. A manutenção da fertilidade do solo é importante, e seu manejo deve ser conduzido de maneira criteriosa, com base em análises química tanto do solo como do tecido vegetal, a fim de proporcionar uma disponibilidade adequada de nutrientes, possibilitando a maximização da produtividade na lavoura.

A correção da acidez do solo representa uma etapa de grande importância para assegurar o êxito da cultura da soja, uma vez que a elevada acidez do solo afeta a disponibilidade dos nutrientes no solo. É importante ressaltar que, com exceção dos micronutrientes catiônicos, tais como ferro, cobre, manganês e zinco, todos os outros nutrientes importantes para o desenvolvimento das plantas veem sua disponibilidade reduzida em solos com baixos níveis de pH (Gitti et al., 2019).

Figura. Relação entre pH e disponibilidade de nutrientes no solo.

Fonte: Gitti et al. (2019).

Além dos macronutrientes orgânicos (C, H, O) fornecidos pela atmosfera, a soja precisa de nutrientes fornecidos pelo solo (Vitti & Trevisan, 2000). Os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas são divididos em função das quantidades exigidas pelas em macro e micronutrientes. Os macronutrientes incluem o Nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e o enxofre (S). Por outro lado, os micronutrientes compreendem o boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e o zinco (Zn), os quais são requeridos pelas plantas em quantidades menores. Além desses micronutrientes, Carmello & Oliveira (2006), destacam que o cobalto é essencial à fixação de nitrogênio das leguminosas, associado simbioticamente a bactérias do gênero Rhizobium.



O nitrogênio (N) é o nutriente essencial mais extraído e exportado pela soja, ou seja, é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura. A fixação biológica de nitrogênio, realizada por bactérias do gênero Bradyrhizobium, desempenha um papel fundamental nesse processo, praticamente toda a soja produzida no país tem o suprimento de N garantido pela relação simbiótica entre as bactérias e a planta (Gitti et al., 2019). Nesse sentido, Borkert et al. (1994), destaca a importância de realizar a inoculação, utilizando inoculante de qualidade para obter eficiência na fixação simbiótica do nitrogênio, através das bactérias noduladoras das raízes de soja.

A deficiência de nitrogênio (N) é observada inicialmente nas folhas mais velhas e, à medida que a deficiência se agrava, os sintomas estendem-se para as folhas mais jovens. O principal sintoma é a clorose foliar, resultado teor inadequado de clorofila. Quando o nitrogênio é fornecido adequadamente, as folhas apresentam uma coloração verde escura devido ao elevado teor de clorofila (International Plant Nutrition Institute).

O fósforo (P) e o potássio (K) são os nutrientes que merecem uma atenção especial no processo de adubação, uma vez que, após o nitrogênio, são os elementos mais exportados em maiores quantidades (Oliveira Jr et al., 2020). Segundo o IPNI (International Plant Nutrition Institute), o fósforo desempenha um papel essencial em diversos processos, incluindo a fotossíntese, o metabolismo de açúcares, o armazenamento e transferência de energia, a divisão e expansão celular e a transferência de informações genéticas. O primeiro sintoma que indica deficiência desse nutriente costuma ser a atrofia das plantas, em estágios avançados, as folhas podem se tornar deformadas e desenvolvem áreas necróticas, sendo que as folhas mais velhas são as primeiras a serem afetadas.

O potássio (K) desempenha várias funções vitais nas plantas, abrangendo desde a regulação da pressão osmótica até a ativação de enzimas, síntese de proteínas, ajuste do pH intracelular, aumento da fixação de dióxido de carbono durante a fotossíntese, transporte de compostos químicos e manutenção do equilíbrio das cargas elétricas (IPNI – International Plant Nutrition Institute). A deficiência de potássio, pode resultar na redução da taxa de crescimento da planta, e em casos mais severos, os sintomas podem incluir o amarelamento das bordas dos folíolos das folhas, com clorose que se estendem até o centro do folíolo, levando à necrose. Além disso, as plantas deficientes em potássio produzem grãos pequenos, enrugados e deformados, e a maturidade da soja é atrasada, podendo causar também problemas como haste verde, retenção foliar e vagens chochas (Borkert et al., 1994).

A diagnose foliar, de acordo com Carmello & Oliveira (2005), é um método muito importante para avaliar o estado nutricional da planta, no entanto, ele deve ser utilizada de forma complementar à análise de solo, e em conjunto com outras informações como o histórico da área e o manejo do solo. Esse método complementar, possibilita uma avaliação mais precisa da fertilidade do solo, resultando em recomendações de adubação mais eficientes e, consequentemente, maior produtividade na cultura. Confira a seguir, a diagnose visual de como as deficiências nutricionais se manifestam na planta, quais os sintomas e local onde ocorrem.

É fundamental proporcionar um bom aporte nutricional à cultura, a quantidade e a disponibilidade adequada de nutrientes essenciais para o crescimento, desenvolvimento são essenciais para a produtividade da cultura. Isso requer o monitoramento constante dos níveis nutricionais, seja por meio da análise química da fertilidade do solo ou da análise foliar. É importante seguir as recomendações técnicas específicas para a cultura, garantindo, assim, um manejo eficiente que promova altas produtividades.


Veja mais: Potássio na cultura da soja



Referências:

BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Arquivo do Agrônomo, n. 5, Informações Agronômicas, n. 66, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

CARMELLO, Q. A. C.; OLIVEIRA, F. A. NUTRIÇÃO DE LAVOURAS DE SOJA: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS. Visão Agrícola, n. 5, Solos – Fertilidade, p 8-11, 2006. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va05-solos01.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019, cap. 1, Fundação MS. Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

IPNI. FÓSFORO. Nutri-Fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas, n. 2, International Plant Nutrition Institute. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-2/$FILE/NutriFacts-BRASIL-2.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

IPNI. NITROGÊNIO. Nutri-Fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas, n. 1, International Plant Nutrition Institute. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-1/$FILE/NutriFacts-BRASIL-1.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

IPNI. POTÁSSIO. Nutri-Fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas, n. 3, International Plant Nutrition Institute. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-3/$FILE/NutriFacts-BRASIL-3.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

OLIVEIRA JR., A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de Produção 17, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1123928/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

OLIVEIRA, F. A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO MINERAL DA SOJA. Circular Técnica 62, Embrapa. Londrina – PR, 2008. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO-2009-09/27617/1/circtec50.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

SFREDO, G. J. SOJA NO BRASIL: CALAGEM, ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO MINERAL. Documentos 305, Embrapa Soja. Londrina – PR, 2008. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/35334/1/2008-Documentos.n.305-11.05.2011-OK.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

VITTI, G. C.; TREVISAN, W. MANEJO DE MACRO E MICRONUTRIENTES PARA ALTA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Informações agronômicas, n. 90, encarte técnico, 2000. Disponível em:  < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/08F02E1F75FC762883257AA30069C332/$FILE/Encarte%2090.pdf >, acesso em: 22/09/2023.

 

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