Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

O fechamento desta quinta-feira (07/05) para o mercado do trigo foi levemente altista, com o primeiro mês cotado batendo em R$ 5,29/bushel, após recuo de cinco a oito pontos durante a semana. Este fechamento ficou igual ao de uma semana atrás. Já a média de abril ficou em US$ 5,41/bushel, contra US$ 5,30 em março do corrente ano. Em relação aos dois últimos anos o trigo registra aumento, já que em abril de 2018 a média havia sido de US$ 4,74/bushel e em abril de 2019 US$ 4,50/bushel.

No geral, o mês de abril não foi positivo para as cotações do trigo em Chicago, com recuo das mesmas. Mas elas se mantêm acima dos US$ 5,00 por bushel.

O Conselho Internacional de Grãos reduziu para 764 milhões de toneladas a produção mundial de trigo, puxando um pouco os preços. O mercado espera, agora, o relatório do USDA do dia 12/05.

Por sua vez, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, para o ano 2019/20, somaram 467.400 toneladas na semana encerrada em 23/04, ficando bem acima da média das quatro semanas anteriores. Enquanto isso, as inspeções de exportação somaram 535.691 toneladas na semana encerrada em 30/04, superando o esperado pelo mercado.

A recuperação nas cotações acabou sendo freada pelo anúncio de que as lavouras de trigo de inverno nos EUA melhoraram um pouco. De fato, até o dia 03/05 cerca de 55% das mesmas estavam entre boas a excelentes (54% na semana anterior), 31% regulares e 14% entre ruins a muito ruins (15% na semana anterior). O mercado, inclusive, esperava 53% apenas entre boas a excelentes.

E as novas tensões comerciais entre EUA e China ajudaram a atrapalhar o cenário, somando-se a fortes exportações de trigo por parte da França. Em abril os franceses exportaram, para o exterior da União Europeia, seu maior volume nos últimos quatro anos, para o mês.

Aqui na Argentina o preço oficial da tonelada FOB ficou em US$ 242,00, fato que coloca a mesma, nos moinhs paulistas, valendo R$ 1.580,00 e em Curitiba a R$ 1.480,00 devido a forte desvalorização do Real no transcorrer da semana. A mesma se deve a uma nova baixa na taxa Selic, agora estabelecida em 3% ao ano, fato que retira dólares investidos em especulação bursátil no país. Para novembro a tonelada de trigo na Argentina ficou em US$ 212,00.

E aqui no Brasil, como o projetado, os preços do trigo voltaram a subir. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 50,21/saco, enquanto os lotes atingiram a R$ 66,00/saco. No Paraná, o balcão ficou entre R$ 56,00 e R$ 63,00/saco, enquanto os lotes atingiram valores entre R$ 75,00 e R$ 78,00/saco. Já em Santa Catarina os lotes ficaram entre R$ 46,00 e R$ 47,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos (SC) em R$ 63,00.

Diante da nova disparada cambial no Brasil, os preços internos ficaram ainda mais competitivos, subindo na esteira do encarecimento da importação. Além disso, há muito pouca oferta de trigo nacional de qualidade, enquanto chega o momento dos moinhos voltarem às compras.

O retorno da chuva em boa parte da região produtora gaúcha animou um pouco o setor, pois propicia o início do plantio da nova safra. Junto com ela veio o frio, situação que auxilia a triticultura, inclusive no Paraná neste momento.

O mercado interno só não está mais aquecido porque a demanda está lenta em função dos efeitos do coronavírus e o isolamento de grande parte dos consumidores.

Assim, até o início da colheita, em setembro pelo Paraná, não há elementos baixistas suficientes no mercado tritícola do Brasil, salvo uma reversão importante no quadro cambial.

Em tal contexto, em o câmbio não se modificando de tendência, já existem análises no mercado brasileiro que apontam preços de lotes de trigo, no Paraná, ao redor de R$ 60,00/saco mesmo durante a colheita em setembro. Já para novembro, quando entra a safra gaúcha, o referencial atual de preço está ao redor de R$ 54,00/saco no Paraná, podendo-se esperar algo ao redor de R$ 50,00 para lotes no Rio Grande do Sul para o produto de qualidade superior.

Enfim, novas altas devem ainda acontecer, até o final de agosto, na medida em que a reposição de estoques, por parte dos moinhos brasileiros, tende a se tornar mais frequente daqui em diante.


Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.