Basicamente dois fatores ambientais governam o desenvolvimento vegetal, sendo eles a temperatura média do ar e o fotoperíodo. O fotoperíodo é compreendido como período de tempo entre o crepúsculo matutino e o crepúsculo vespertino. Esse fenômeno influi em atividades metabólicas de algumas plantas influenciando principalmente em seu desenvolvimento. Segundo BERGAMASCHI (2007) as plantas podem ser classificada quanto a sua resposta ao fotoperíodo (fotoperiodismo) em plantas de dia curto, plantas de dia longo e plantas de dia neutro.

BERGAMASCH (2007) trata as plantas de dia curto (grupo em que a soja se enquadra) como aquelas espécies que florescem em fotoperíodos menores do que um máximo crítico, as plantas de dia longo como aquelas que florescem em fotoperíodos maiores do que um mínimo crítico e as plantas de dia neutro como aquelas que florescem em uma ampla faixa de fotoperíodo. Conforme descrito por SETIYONO et. al (2007) para a soja, o máximo crítico é tido como aquele fotoperíodo o qual em teoria acima dele a planta não floresce e tem a máxima duração do ciclo de desenvolvimento. O fotoperíodo apresenta variação de acordo com a latitude e época do ano, variação essa decorrente do ângulo de incidência da radiação solar (figura 1).

Figura 1. Curva comportamental da variação do fotoperíodo ao longo do ano para algumas latitudes.

Fonte: José Renato Bolças Farias.

Conforme KUNZ et. al (2014) como a soja apresenta alta sensibilidade e resposta ao fotoperíodo, a diminuição do mesmo tem como consequência a redução do período entre a emergências das plântulas e a floração da cultura, resultando na alteração do ciclo de desenvolvimento da cultura (figura 2). No entanto, atualmente já ha cultivares adaptadas para cultivo independente da variação do fotoperíodo da região.

Figura 2. Efeito do fotoperíodo na taxa de crescimento dos grãos de soja, em genótipos de hábito de crescimento determinado (Ocepar 14, Br 16, FT Aby) nas safras de 1995/96 e 1996/97.

Fonte: RODRIGUES et. al (2006).

Figura 3. Relação entre taxa e duração efetiva do crescimento de grãos de soja de nove genótipos de soja, nas safras de 1995/96 e 1996/97.

Fonte: RODRIGUES et. al (2006).

Ou seja, a medida que o fotoperíodo é reduzido, há uma tendência de diminuição do tempo efetivo para o enchimento de grãos e uma compensação como aumento da taxa de crescimento de grãos, o que acarreta em uma diminuição do ciclo da cultura.

Mas de que forma o fotoperíodo pode influenciar minha lavoura de soja?

Segundo SEDIYAMA et. al (1972), quando uma cultivar desenvolvida para dada região é submetida a cultivo em regiões com menor latitude ou tem sua semeadura retardada, os principais efeitos observados são a diminuição da altura das plantas, da altura de inserção do primeiro legume, da área folhar e consequentemente a diminuição da produtividade da cultura. Isso por que como demonstrado na figura 1, a medida que se diminui a latitude, se diminui o fotoperíodo para cultivos de verão. O que afeta taxa fotossintética da planta, sua produção de energia (glicose) e consequentemente sua capacidade produtiva.

Veja também: Adubação foliar pode auxiliar no incremento da produtividade da soja?

O período de semeadura da soja segue o mesmo raciocínio, a medida que a semeadura é retardada, o período reprodutivo da cultura não coincide com o período recomendado (geralmente períodos de alta disponibilidade de radiação), e a fase reprodutiva ocorre em períodos de menor disponibilidade de radiação solar quando comparado ao período recomendado, o que acarreta em menor produção de fotoassimilados e consequentemente menor acúmulo de reservas nos grãos e/ou sementes, afetando em componentes de produtividade tais como o peso de 1000 grãos. Além disso, RODRIGUES et. al (2001) destaca que o fotoperíodo interfere na duração do período de floração da soja, e conhecer a duração do fotoperíodo e temperatura média do ar possibilita o uso de modelos matemáticos para quantificar a duração do período compreendido entre a emergência e floração da cultura, auxiliando no planejamento e execução de práticas agrícolas.


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Referências:

BERGAMASCH, H. FOTOPERIODISMO. UFRGS. 2007. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/agrometeorologia/files/2014/08/fotoperiodismo.pdf, acesso em: 09/04/2020.

KUNZ. J. et. al. SIMULAÇÃO DO EFEITO DA TEMPERATURA E DO FOTOPERÍODO NA FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA. II INOVAGRI International Meeting, 2014.

RODRIGUES, O. et. al. EFEITO DA TEMPERATURA E DO FOTOPERÍODO NA DURAÇÃO E NA TAXA DE CRESCIMENTO DE GRÃOS DE SOJA. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n.35, MAPA, dez. 2006.

RODRIGUES, O. et. al. RESPOSTA QUANTITATIVA DO FLORESCIMENTO DA SOJA À TEMPERATURA E AO FOTOPERÍODO. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 36, n. 3, p. 431-437, mar. 2001.

SEDIYAMA, C.S.; VIEIRA, C.; SEDIYAMA, T.; CARDOSO, A.A.; ESTEVÃO, H.H. Influência do retardamento da colheita sobre a deiscência das vagens e sobre a qualidade e poder germinativo das sementes de soja. Experientiae, v.14, n.5, p.117-141, 1972.

SETIYONO, T. D. et al. UNDERSTANDING AND MODELING THE EFFECT OF TEMPERATURE AND DAYLENGHT ON SOYBEN PHENOLOGY UNDER HIGH-YIELD CONDITIONS. Fild Crops Research, v. 100, p.257-271, 2007.

Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Equipe Mais Soja

 

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