O manejo e controle de doenças é essencial para a obtenção de boas produtividades e qualidade de grãos produzidos, e com a cultura do trigo não é diferente. Segundo Fernandes & Picinini (1999), resultados de pesquisa demonstram que aproximadamente 44% da produção de trigo é perdida pela interferência causada por doenças fúngicas.
Dentre essas doenças, podemos destacar a mancha-amarela (Pyrenophora tritici-repentis/Drechslera tritici-repentis) e a ferrugem-da-folha (Puccínía tritícína), doenças comumente encontradas em lavouras de trigo, especialmente na região Sul do Brasil, e que apresentem elevado potencial em causar danos a cultura. As perdas de produtividade causadas pela mancha-amarela em trigo podem chegar a 50% da produtividade (Embrapa, 2018), enquanto perdas ocasionadas pela ferrugem-da-folha podem superar 50% (Bacaltchuk et al., 2006).
Figura 1. Sintomas de mancha-amarela em trigo.
Figura 2. Sintomas de ferrugem-da-folha em trigo.
Tendo em vista a capacidade dessas doenças em causar danos á cultura do trigo, o manejo e controle delas torna-se essencial para minimizar perdas e prejuízos no cultivo, sendo necessário muitas vezes, utilizar alternativas de manejo além das boas práticas agronômicas tais como rotação de culturas, utilização de sementes certificadas e tratamento de sementes, sendo necessário o uso de fungicidas em pós emergência do trigo.
Contudo, em meio a vasta variedade de fungicidas disponíveis para uso na cultura do trigo, o posicionamento de produtos torna-se um tanto quanto difícil do ponto de vista de escolha. Para tanto, trabalhos avaliando a eficiência de fungicidas para o controle de doenças em trigo vem sendo realizados com o objetivo de auxiliar técnicos e produtores no manejo eficiente de doenças do trigo.
A eficiência de diferentes fungicidas frente ao progresso e ao controle de mancha-amarela e ferrugem-da-folha em trigo foi avaliada por Fochesatto et al. (2020), onde os autores analisaram os tratamentos: T1) testemunha; T2) epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina; T3) azoxistrobina + benzovindiflupir; T4) azoxistrobina + ciproconazol e propiconazol; T5) trifloxistrobina + tebuconazol; T6) piraclostrobina + metconazol; T7) piraclostrobina + epoxiconazol; e T8) protioconazol + trifloxistrobina (Fochesatto et al., 2020).
Para quantificar o desempenho dos fungicidas, Fochesatto et al. (2020) avaliaram a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e o controle (%), os quais os resultados podem ser observados na tabela 1.
Tabela 1. Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e controle (%) para mancha amarela e ferrugem da folha do trigo, cv. ‘BRS 374’, nos tratamentos com fungicidas.
Cabe destacar que no presente estudo, as aplicações de fungicidas foram realizadas nos estádios fenológicos de emborrachamento (1ª aplicação), florescimento (2ª aplicação) e pós-florescimento (3ª aplicação), em um intervalo de aproximadamente 15 dias (Fochesatto et al., 2020).
Com base nos resultados obtidos no estudo realizado por Fochesatto et al. (2020), o fungicida epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina obteve melhor controle alcançando 85,5% (mancha-amarela) e 87,2% (ferrugem-da-folha). Os tratamentos com epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina; azoxistrobina + benzovindiflupir; piraclostrobina + metconazol e protioconazol + trifloxistrobina apresentaram os melhores resultados, incrementando a produtividade em 37,4%, 38,0%, 39,4% e 43,8%, respectivamente, sendo que a maior produtividade obtida no experimento foi de 3399,7 kg.ha-1 (Protioconazol + trifloxistrobina).
Tabela 2. Peso de mil grãos (PMG, g), peso hectolítrico (Ph) e produtividade (kg.ha-1) de trigo, cv. ‘BRS 374’, após tratamentos com fungicidas, para o controle de mancha amarela e ferrugem da folha.
Confira o trabalho completo de Fochesatto et al. (2020) clicando aqui!
Cabe destacar que além do adequado posicionamento de produtos, é essencial realizar as aplicações de defensivos dentro das melhores condições disponíveis de tecnologia de aplicação, respeitando as condições climáticas para uma aplicação eficiente proporcionando um controle adequado de doenças.
Veja também: Tecnologia de aplicação para defensivos agrícolas
Referências:
BACALTCHUK, B. et al. CARACTERÍSTICAS E ALGUNS CUIDADOS COM ALGUMAS DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 64, 2006. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do64.pdf >, acesso em: 07/04/2021.
EMBRAPA. NOTÍCIAS: NOVAS TECNOLOGIAS PARA CONTROLE DE MANCHA AMARELA EM TRIGO. 2018. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/37885579/novas-tecnologias-para-controle-da-mancha-amarela-em-trigo >, acesso em: 07/04/2021.
FERNANDES, J. M.; PICININI, E. C. CONTROLANDO AS DOENÇAS DE TRIGO NA HORA CERTA. Embrapa Trigo, Comunicado Técnico, n. 22, 1999. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co22.htm >, acesso em: 07/04/2021.
FOCHESATTO, M. et al. APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS VISANDO O CONTROLE DE MANCHA AMARELA E FERRUGEM DA FOLHA EM TRIGO. Revista Científica Rural, Bagé-RS, v. 22, n. 2, 2020. Disponível em: < http://revista.urcamp.tche.br/index.php/RCR/article/view/3132#:~:text=Objetivou%2Dse%20avaliar%20a%20efici%C3%AAncia,ferrugem%20da%20folha%20em%20trigo.&text=O%20fungicida%20epoxiconazol%20%2B%20fluxapiroxade%20%2B%20piraclostrobina,%25%20(ferrugem%20da%20folha). >, acesso em: 07/04/2021.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 07/04/2021.
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