Embora não seja considerado um corretivo agrícola, por não possui a capacidade em alterar o pH do solo, em suma, o gesso agrícola, é um importante insumo do sistema de produção. Ele possui a capacidade de reduzir a toxidez do alumínio, que ocorre associada à acidez do solo, possibilitando a melhoria da zona radicular para o crescimento e desenvolvimento vegetal.
Benefícios da gessagem
Ao aplicar o gesso agrícola no solo, os íons Ca2+ e SO42- são liberados ao meio, e o CaSO40, devido a sua alta mobilidade, desce para as camadas mais profundas no perfil do solo, formando pares iônicos (CaSO40, MgSO40 e KSO4– ), aumentando nelas a concentração de cálcio, magnésio e potássio. O cálcio (Ca2+) substitui os íons alumínio dos sítios de troca do solo, enquanto os íons sulfato (SO42-) reagem com este alumínio livre na solução, formando complexos de alumínio-sulfato, que não são tóxicos (Vitti et al., 2015).
O gesso agrícola, é utilizado principalmente como condicionador de solo, para a melhoria do perfil do solo, bem como fonte de nutrientes para as culturas agrícolas. Segundo Sousa et al. (2005), o gesso agrícola melhora o ambiente radicular em profundidade no solo, promovendo a melhor distribuição de raízes, nas camadas mais profundas do solo, possibilitando maior absorção de água e nutrientes pelas plantas, e maior tolerância a períodos de déficit hídrico.
As respostas do milho a adubação com gesso agrícola são nítidas ao observar o sistema radicular das plantas. Não havendo impedimento físico, ao crescimento radicular, plantas cultivadas em solos que recebem gesso agrícola, tendem a apresentar maior distribuição de raízes no perfil (figura 1).
Figura 1. Distribuição relativa de raízes de milho no perfil de um latossolo argiloso, sem aplicação e com a aplicação do gesso agrícola.
Gesso agrícola e a produtividade do milho
A maior distribuição das raízes ao longo do perfil do solo, contribui para o aumento da absorção de água e nutrientes do solo, mitigando efeitos de déficits hídricos e contribuindo para o aumento da produtividade. Os benefícios da aplicação de gesso agrícola sobre a produtividade das culturas agrícolas foram comprovados por diversos autores na literatura.
Avaliando a influência da aplicação de gesso agrícola, com e sem calcário, nos atributos químicos do solo e na produtividade de milho e soja, Zandoná et al. (2015) observam que, o gesso agrícola aumenta os teores de Ca2+, redistribui o Mg2+ para as camadas de 10-20 cm e 20-40 cm e diminui os teores de Al3+ na camada de 20-40 cm.
Além disso, os resultados obtidos pelos autores indicam que o gesso agrícola aumenta a produtividade de grãos de milho e de soja, com resposta até a dose de 2 t ha-1, com incrementos de 9,3 %, para o milho, e 11,4 % e 11,3 %, respectivamente com e sem calcário, para a soja. Em conjunto com a aplicação de gesso, observou-se que a aplicação de calcário aumentou a produtividade de soja em todas as doses de gesso (Zandoná et al., 2015).
Figura 2. Produtividade de grãos de milho e soja, em função da dose de gesso, com (•) e sem (o) calcário (Barra Funda, RS, safra 2012/2013).
Resultados similares demonstrando o aumento da produtividade do milho em função da aplicação e calcário e gesso agrícola também forma observados por Veloso et al. (2012), resultando em incrementos racionais de produtividade. Corroborando o aumento de produtividade do milho Lima et al. (2021) observaram incrementos significativos do rendimento de milho em função da adição de diferentes doses de gesso agrícola, com ganhos na faixa de 1,64 sc ha-1 para cada tonelada ha-1 de gesso aplicada.
Vale lembrar que o gesso agrícola não atua como corretivo agrícola, não tendo a capacidade de alterar o pH do solo, sendo utilizado principalmente como fonte de enxofre e condicionador do solo, contribuindo para o manejo nutricional do solo e “construção” do perfil de solo.
As recomendações da dose de gesso agrícola variam de acordo com a região de cultivo, pois algumas utilizando como critério base o teor de argila, de enxofre entre outros fatores. Contudo, todas as recomendações levam em consideração os resultados obtidos na análise química da fertilidade do solo.
Veja mais: Corretivos peletizados possuem boa ação na correção do pH?
Referências:
LIMA, L. S. et al. USO DO GESSO AGRÍCOLA EM MILHO SAFRINHA NO CERRADO DE BAIXA ALTITUDE. XVI Seminário Nacional de Milho Safrinha, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/229227/1/Uso-gesso.pdf >, acesso em: 12/03/2024.
SOUSA, D. M.G. et al. USO DE GESSO AGRÍCOLA NOS SOLOS DO CERRADO. Embrapa, Circular Técnica, n. 32, 2005. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2009/25621/1/cirtec_32.pdf >, acesso em: 12/03/2024.
VELOSO, C. A. C. et al. PRODUTIVIDADE DO MILHO NO OESTE DO PARÁ EM FUNÇÃO DE DOSES DE CALCÁRIO E GESSO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 81, 2012. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/82650/1/Oriental-BPD81.pdf >, acesso em: 12/03/2024.
VITTI, G. C. et al. ESTUDOS CONFIRMAM EFEITOS FAVORÁVEIS DO GESSO AGRÍCOLA À CULTURA DO MILHO. Visão Agrícola, n. 13, 2015. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/Esalq-VA13-Milho.pdf >, acesso em: 12/03/2024.
ZANDONÁ, R. R. et al. GESSO E CALCÁRIO AUMENTAM A PRODUTIVIDADE E AMENIZAM O EFEITO DO DÉFICIT HÍDRICO EM MILHO E SOJA. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 45, n. 2, p. 128-137, abr./jun. 2015. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pat/a/4vGjxbpFzvRSZwVGKSGxqTN/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 12/03/2024.