A disponibilidade de nutrientes na solução solo varia em função da faixa de pH do solo, sendo que, para culturas agrícolas como a soja, os níveis de pH cujo há maior disponibilidade de nutrientes varia entre 5,5 a 6,5. Sendo assim, solos com pH inadequado tendem a apresentar baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas, mesmo apresentando alta concentração de nutrientes, limitando a produtividade da cultura.
Sendo assim, corrigir o pH do solo é essencial para a obtenção de boas produtividades e otimizar o uso dos fertilizantes. Dentre os corretivos agrícolas mais utilizados com esse intuito, destaca-se o calcário, originários da moagem de rochas calcárias, constituído pelo carbonato de cálcio (CaCO3) e o carbonato de magnésio (MgCO3) (Alcarde, 2005).
Corretivos granulados/peletizados
Embora necessária, a calagem (aplicação e calcário) nem sempre é uma tarefa fácil, dependendo da umidade do calcário, granulometria, e condições ambientais, pode ocorrer uma grande dispersão do calcário no ambiente, dificultando o processo de calagem. Com isso em vista, formulações alternativas de corretivos agrícolas, normalmente em grânulos e/ou pellets tem sido desenvolvidas e estão disponíveis no mercado, proporcionando maior eficiência operacional na distribuição dos corretivos.
Figura 1. Calagem.
Contudo, embora operacionalmente, os corretivos peletizados ou granulados sejam mais eficientes, deve-se atentar para as características químicas do corretivo como a reatividade. Segundo Alcarde (2005), a reatividade de um corretivo é compreendida como a velocidade de sua ação no solo (rapidez com que corrige a acidez), e depende de fatores como natureza química, condições de solo e clima, e granulometria.
Origem do corretivo
No geral, pode-se dizer que bases fortes são mais reativas que bases fracas, e que quanto mais fino o corretivo, maior é a reatividade. Conforme destacado pelo pesquisador da CCGL Jackson Fiorin, embora sejam soluções operacionalmente eficientes, a eficácia de um corretivo granulado e/ou peletizado depende da natureza química desse corretivo.
Corretivos formulados a base de carbonatos de cálcio e/ou magnésio (calcário), tendem a apresentam menor reatividade quando comparados a corretivos granulados formulados a base de óxidos, como a cal virgem agrícola, demonstrando que a natureza química do corretivo granulado é extremamente importante pensando na correção da acidez do solo.
Avaliando os efeitos de estratégias alternativas para correção da acidez do solo, Lollato; Edwards; Zhang (2013) observaram que cal agrícola peletizada contribui significativamente para correção da acidez do solo, entretanto, com resultados inferiores aos obtidos com cal agrícola em sua formulação original (moído). O estudo demonstrou que, embora atue na correção do pH do solo, o corretivo peletizado tem uma limitada zona de ação (figura 2), ficando restrita a camada adjacente ao pellet (granulo).
Segundo Lollato; Edwards; Zhang (2013), a dispersão da cal peletizada através do perfil do solo é limitada à faixa de aplicação. Conforme dados observados, a extensão do solo que é impactada pelas faixas subterrâneas de cal peletizada está restrita a uma distância de aproximadamente 1,27 cm em torno do pellet.
Figura 2. Distribuição do pH medido em junho de 2011 e junho de 2012 ao longo do perfil do solo em função da estratégia de correção da acidez . * e *** indicam diferenças significativas entre o pH do ponto dentro do tratamento e do ano a P < 0,05 e P < 0,001.

Adaptado: Lollato; Edwards; Zhang (2013)
Os autores destacam que a ação dos pellets também pode estar condicionada ao tempo de reação no solo. Por apresentar maior tamanho de partícula em comparação a cal moída, o pellet pode apresentar um tempo de reação mais lento. No geral, pode-se dizer que corretivos a base de óxidos, peletizados apresentam maior reatividade que corretivos peletizados a base de carbonatos. Sobretudo, fica evidente a necessidade de maior homogeneização desses corretivos no solo para um adequado processo de correção da acidez.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do Pesquisador Jackson Fiorin.
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Referências:
ALCARDE, J. C. CORRETIVOS DA ACIDEZ DOS SOLOS: CARACTERISTICAS E INTERPRETAÇÕES TÉCNICAS. ANDA Associação Nacional Para Difusão De Adubos, 2005. Disponível em: < https://anda.org.br/wp-content/uploads/2019/03/boletim_06.pdf >, acesso em: 04/03/2024.
LOLLATO, R. P.; EDWARDS, J. T.; ZHANG, H. EFFECT OF ALTERNATIVE SOIL ACIDITY AMELIORATION STRATEGIES ON SOIL PH DISTRIBUTION AND WHEAT AGRONOMIC RESPONSE. Soil Science Society of America Journal, 2-13. Disponível em: < https://acsess.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.2136/sssaj2013.04.0129 >, acesso em: 04/03/2024.