O uso do gesso agrícola (Sulfato de cálcio) vem crescendo nas lavouras brasileira, apresentando maior aceitação pelos agricultores em virtude dos benefícios diretos e indiretos da utilização desse fertilizante. O gesso agrícola é responsável pela melhora significativa do ambiente radicular em profundidade para as plantas, sua composição apresenta em média 15% de Enxofre (S) e 18% de Cálcio (Ca) (Embrapa).

Embora o gesso agrícola não altere o pH do solo, em virtude da sua maior solubilidade no solo quando comparado ao calcário, o gesso agrícola migra de forma mais rápida no perfil do solo, atingindo as camadas mais profundas. Além disso, o gesso agrícola pode diminuir a fitotoxidez de Alumínio no solo, pelo incremento de cálcio no sistema.

Embora o pH do solo não se altere, o incremento de cálcio no sistema proporciona melhores condições para o crescimento e desenvolvimento radicular em profundidade, uma vez que reduz o efeito tóxico do alumínio. Com o aumento do volume raízes, tem-se o aumento de volume de solo explorado e com isso maior absorção de água e nutrientes do solo. Além disso, o gesso agrícola também atura como uma importante fonte de enxofre para o sistema de produção.

Como uma das características do gesso agrícola é a maior solubilidade no solo quando comparado ao calcário, o gesso agrícola se torna uma interessante alternativa para uso principalmente em áreas de plantio direto consolidado, onde não se objetiva realizar o revolvimento do solo para a calagem em profundidade.



Embora o gesso não altere o pH do solo, trabalhos avaliando o efeito da gessagem no cultivo da soja vem demonstrando resultados interessante. Ainda que Geudes Junior (2017) avaliando o efeito do gesso agrícola no crescimento radicular e produtividade da soja, assim como Freitas et al. (2017) não tenham encontrado diferença significativa, outros autores como Santos et al. (2017) e Ascari & Mendes (2017) observaram incremento na produtividade da soja quando utilizado o gesso agrícola.

Figura 1. Produtividade de soja em função de doses de gesso agrícola aplicado na superfície do solo. Tangará da Serra (MT), UNEMAT, safra 2014/2015. (Ascari & Mendes, 2017).

Fonte: Ascari & Mendes (2017).

Quando avaliado o uso do gesso agrícola em diferentes sistemas de manejo, sendo eles sistema plantio direto e escarificado, a adição de gesso agrícola proporcionou aumento de produtividade em ambos os manejos, conforme observado por Santos et al. (2017).

Tabela 1. Produtividade de grãos de soja (kg ha-1) cultivar NA 5909 RG, em dois sistemas de manejo do solo, com e sem aplicação de gesso agrícola. Londrina, PR, 2016 (Santos et al., 2017).

Fonte: Santos et al. (2017).

Uma das possíveis causas da falta de harmonia entre os resultados de trabalhos avaliando as respostas da gessagem na produtividade de culturas como a soja e crescimento radicular, pode estar relacionado a características químicas e físicas do solo, assim como práticas de manejo e sistemas de cultivo. Contudo, conforme observado por Souza; Lobato; Rein (2005), o uso do gesso agrícola quando em condições necessária e adequadas pode promover a melhor distribuição de raízes no perfil do solo, e com isso, aumentar o volume de solo explorado e refletindo em melhores respostas da planta a períodos de déficit hídrico.

Figura 2. Distribuição relativa de raízes de milho no perfil de um latossolo argiloso, sem aplicação e com aplicação de gesso (Souza; Lobato; Rein, 2005).

Fonte: Souza; Lobato; Rein (2005).

Tendo em vista a maior solubilidade do gesso agrícola em comparação ao calcário, o gesso se trona uma interessante alternativa para uso em sistema plantio direto consolidado, já que a ação do calcário fica restrita as camadas superficiais do solo. O gesso agrícola não altera o pH do solo mas tende a reduzir o efeito de toxidade do alumínio, além de ser fonte de enxofre para o sistema.

Veja também: Solos ácidos – Calagem ou gessagem? 

Para o uso do gesso agrícola deve realizar a amostragem do solo para a realização da análise química da fertilidade do solo. As amostras devem ser coletadas nas profundidades de 20 a 40 cm e de 40 a 60cm. Se os resultados das análises indicarem que a saturação de alumínio é maior do que 20% ou o teor de Cálcio menor que 0,5 cmolc/dm3 há probabilidade de resposta do gesso e este deve ser aplicado ao solo (Embrapa). Consulte um Engenheiro Agrônomo!



Referências:

ASCARI, J. P.; MENDES, I. R. N. DESENVOLVIMENTO AGRONÔMICO E PRODUTIVO DA SOJA SOB DIFERENTES DOSES DE GESSO AGRÍCOLA. Revista Agrogeoambiental, Pouso Alegre, v. 9, n. 4, dez. 2017.

EMBRAPA. PRODUTORES DEVEM FICAR ATENTOS AO USO DO GESSO AGRÍCOLA. Embrapa, Notícias. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/18119102/produtores-devem-ficar-atentos-ao-uso-do-gesso-agricola>, acesso em: 04/11/2020.

FREITAS, D. C. et al. EFEITO DE DOSES DE GESSO AGRÍCOLA E ALTERAÇÕES QUÍMICAS OCORRIDAS NO PERFIL DO SOLO EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO CONSOLIDADO CULTIVADO COM SOJA. Revista da Jornada da Pós-Graduação e Pesquisa – CONGREGA, 14° Jornada de Pós-Graduação e Pesquisa, 2017.

GUEDES JUNIOR, F. A. GESSO AGRÍCOLA: EFEITOS NO CRESCIMENTO RADICULAR E NO RENDIMENTO DE GRÃOS DA SOJA. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2017.

SANTOS, E. L. et al. CRESCIMENTO DE RAÍZES E PRODUTIVIDADE DE SOJA INFLUENCIADOS PELA ESCARIFICAÇÃO E GESSAGEM. Resumos expandidos da XXXVI Reunião de Pesquisa de Soja, 2017.

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. USO DE GESSO AGRÍOCOLA NOS SOLOS DO CERRADO. Embrapa, Circular Técnica, n. 32, 2005.

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