O controle biológico é uma importante ferramenta no manejo integrado de pragas (MIP) nas lavouras de algodão do País com potencial de contribuir para a sustentabilidade e competitividade do setor. O assunto foi tratado na terceira reunião do grupo de trabalho (GT), criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e pela Better Cotton Initiative (BCI) para compartilhar experiências referentes ao manejo de pragas e doenças. A reunião virtual foi nesta sexta-feira, 23. Representantes da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), do Grupo SLC Agrícola e da Seron Agro Consulting trouxeram relatos do que está em uso nas fazendas para o combate às pragas, os produtos registrados nos órgãos oficiais de controle no Brasil, os desafios e perspectivas do setor no uso dos biopesticidas. O diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, o gerente Sênior da Better Cotton, Álvaro Moreira, e o gestor de Sustentabilidade da Abrapa, Fábio Carneiro, participaram do encontro.

Para o diretor Executivo da Amipa, Lício Pena, o investimento em novas tecnologias de biológicos é uma tendência que está em franco crescimento no Brasil. Hoje, a Amipa tem registros de produtos biológicos e mantém um trabalho permanente, em parceria com a Embrapa Algodão e Universidade Federal de Viçosa, na pesquisa e desenvolvimento desse tipo de tecnologia. O diretor falou sobre a implantação da Biofábrica, na sede da Amipa, em Uberlândia (MG), e detalhou como o controle biológico vem auxiliando no fortalecimento das ferramentas de manejo de pragas nos sistemas produtivos, não apenas nas lavouras de algodão, mas também no café, soja, frutas e hortaliças. Segundo ele, foi um grande desafio, que envolveu um trabalho permanente de conscientização, capacitação e treinamento da equipe envolvida, além do engajamento dos associados da Amipa que empregam em suas lavouras tecnologias biológicas disruptivas, reduzindo uso de químicos e produzindo com equilíbrio.

O executivo da SLC Agrícola Doglas Broetto discorreu sobre os resultados e os desafios da empresa na produção on farm de microrganismos. Destacou que os biológicos serão complementos a outras formas de combate às pragas e doenças e que é preciso adoção de premissas preventivas em todo o processo. Infraestrutura adequada para que os resultados sejam alcançados, monitoramento, treinamento da equipe e adequações técnica e operacional são pontos que devem ser levados em conta quando o assunto é controle biológico, segundo Broetto. Edivandro Seron, da Seron Agro Consulting, consultor da Abrapa para assuntos regulatórios, apresentou o fluxograma de aprovação de novos produtos biopesticidas e o levantamento de números de produtos registrados para o controle biológico nos órgãos de controle (446). São produtos considerados de baixo impacto ambiental e à saúde que possuem ingredientes ativos microbiológicos (fungos, vírus e bactérias) e os agentes de controle macrobiológicos (microvespas e outros insetos parasitóides), autorizados para uso na agricultura de forma geral.

Dados da IHS Markit, referentes ao ano passado, mostram que o mercado de produtos biológicos de controle no País cresceu a uma taxa anual de 42% (CAGR) em comparação a taxa global de 16% (CAGR). Mesmo o Brasil se posicionando atrás da Europa e Estados Unidos, com 5% do mercado global, o ritmo de crescimento consolidará um novo patamar nos próximos anos. A projeção é de que em 2030 este setor alcance R$16,9 bilhões, considerando uma taxa de crescimento acumulada CAGR de 35% até 2025 e de 25% até 2030.

O diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, ressalta a importância das discussões para melhorar a competitividade do algodão brasileiro. Segundo ele, é uma oportunidade de mostrar os avanços da cotonicultura quando o tema é sustentabilidade e o controle biológico como ferramenta no combate às pragas é um avanço e realidade na produção da fibra no Brasil. Álvaro Moreira, gerente Sênior da Better Cotton, destacou a necessidade de difundir os bons resultados e conhecer melhor como se dá o desenvolvimento e a utilização do controle biológico no País. “Faz anos que identificamos que esse seria o caminho, mas ainda precisamos superar obstáculos para que a prática seja adotada”, disse.

As reuniões do GT são trimestrais e se estenderão até 2023, quando será publicado o Manual de Manejo Integrado de Pragas e Doenças do algodão brasileiro, atualizado. Ao todo, serão sete encontros virtuais com duração de duas horas, onde se pretende abordar temas como: variedades e resistência das pragas, uso de produtos biológicos, métodos de aplicação, registro de novos pesticidas e controle de pragas, plantas daninhas e doenças. A expectativa de Portocarrero é de que o documento atualizado sobre Manejo Integrado possa servir de subsídio aos produtores brasileiros.

Fonte: Abrapa



 

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