A guerra comercial entre as duas principais potências mundiais começou quando Donald Trump, presidente norte-americano, anunciou novas taxas para a importação de alumínio e aço, em março de 2018. Sob explicações de ser uma questão nacional, os Estados Unidos aplicaram uma sobretaxa de 25% para o aço e 10% no alumínio, ambos importados.

O elevado déficit comercial com os chineses foi a justificativa apontada por Trump para a criação da nova taxação. Em outras palavras, os Estados Unidos compram mais da China do que vendem.

Na época em que o decreto foi declarado, o país norte-americano apresentava um déficit de US$ 50 bilhões com os chineses, segundo Donald Trump. Vale lembrar que o fortalecimento da indústria local e a redução do déficit comercial foram pautas defendidas e prometidas pelo presidente durante a corrida eleitoral.

Em dezembro de 2018, o cenário teve uma modificação e durante o encontro do G-20, Trump concordou em suspender as tarifas sob produtos chineses, que subiriam de 10% para 25% no valor de US$ 200 bilhões.

O congelamento foi uma das decisões tomadas enquanto os dois líderes negociavam as “mudanças estruturais” na política econômica.

As notícias sobre as negociações abriram para a possibilidade de um acordo entre as potências e o fim da guerra comercial, que já acontecia há meses. Entretanto, o caminho para a solução foi desviado.

Reviravolta em Maio de 2019

No dia 5 o presidente norte-americano acusou ter acontecido o descumprimento do acordo por parte da China. A declaração é vista como um possível ápice para a tomada de medidas mais recentes dos Estados Unidos.

No dia 10 a tarifa de importação sobre, aproximadamente, mil produtos chineses subiu de 10% para 25%. Nessa lista, encontram-se itens diversos, como cereais, combustíveis, químicos e materiais de construção.

É estimado que o decreto traga um abalo de US$ 200 bilhões nas mercadorias comercializadas entre Estados Unidos e China.

Alterações Chinesas 

A mudança no encaminhamento da guerra tributária teria sido causada pela China. O fim da trégua teve como motivo as alterações no esboço do acordo comercial, de quase 150 páginas, pelo governo chinês. Esse comportamento seria o motivo para as recentes medidas norte-americanas.

A retaliação chinesa foi seguir as mesmas medidas. O governo da China impôs o mesmo percentual que os Estados Unidos sobre os produtos agrícolas e maquinário importados do país.

Problemas no cenário Chinês 

Além do aumento da porcentagem das taxas, os Estados Unidos tomaram outra decisão que impacta diretamente a China. O governo começou a barrar o comércio de empresas chinesas como a gigante do setor de tecnologia, Huawei.

A companhia tem uma competição direta com a Apple, norte-americana, e Samsung, sul-coreana, de produtos de smartphones e tecnologia 5G. Seguindo o bloqueio do governo, o Google eliminou os trabalhos de suporte técnico, serviços e aplicativos nos novos aparelhos da Huawei.

Valores em pauta 

Por conta das decisões e decretos da guerra tributária, a economia mundial já está apresentando sinais relevantes. Após a divulgação das taxas, os mercados norte-americanos foram impactados. Logo no início de 13 de maio, o índice Dow Jones (indicador norteamericano) apresentou uma queda de mais de 700 pontos.

O comportamento da bolsa de valores resultou em um sentimento de receio por parte dos economistas para os possíveis efeitos no mercado. Entre eles, o aumento da inflação, desemprego e uma maior desaceleração da economia de todos os países.

Outro comportamento analisado é do FMI, o Fundo Monetário Internacional.  A projeção é de desaceleração global, com um crescimento de apenas 3,3% em 2019 (em 2018 foi de 3,6%). Para completar, o PIB, Produto Interno Bruto, mundial cresceu 3,8% em dois anos.

Desaceleração do comércio mundial 

O aumento das tarifas entre as duas maiores potências mundiais traz uma onda de consequências para os principais mercados financeiros.

A expectativa negativa é que a guerra tributária desacelere o desempenho de toda atividade econômica mundial.

Apesar do alongamento de tempo da crise tributária, os resultados em curto prazo podem ser positivos para muitos países. Explorar as vantagens do momento pode significar lucros dentro desse cenário de disputa. E esse é o caso do Brasil.



Para o Brasil 

O Brasil está em 3° lugar na exportação agrícola, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia. Segundo dados da CNI, Confederação Nacional da Indústria, comparando os itens norte-americanos e chineses taxados com o comércio dos mesmos no Brasil, os setores produtivos brasileiros aumentaram suas vendas.

A CNI divulgou que o setor brasileiro mais beneficiado na guerra tributária é o agronegócio. Esse é um dos impactos positivos da guerra comercial para o Brasil, que pode ter alguma vantagem nesse cenário. O produtor brasileiro pode aproveitar a oportunidade do momento para a venda no mercado chinês.

Vale lembrar a visita do vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, à Pequim em maio deste ano. O governo vê a possibilidade de ampliação da venda de produtos e investimentos.

Brasil e China

No primeiro ano da guerra tributária, a China importou 35% a mais de produtos brasileiros. A balança comercial fechou positivamente, em US$ 30 milhões.

De acordo com a Cepea, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, quase 80% das vendas de soja em grão brasileira foram para a China, entre janeiro e setembro deste ano. A perspectiva é que esse número cresça para 85% em 2019. Enquanto isso, outros setores também apresentaram crescimento.

A carne bovina alcançou US$ 557 milhões a mais, o algodão US$ 358 milhões e a carne suína foi para US$ 202 milhões.

Outro dado é da Abiove, Associação Brasileira de Óleos Vegetais, que também teve um aumento nas exportações para a China. Com data de chegada final no país para o segundo semestre, o resultado deve trazer impacto nessa época do ano.

E ainda, o otimismo do momento chegou na ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal. Por conta das taxas do frango norte-americano, a carne brasileira tornou-se atraente para o mercado chinês. O acumulado entre janeiro a abril chegou a 39,1 mil toneladas. O aumento atingiu 7% em comparação ao ano anterior na mesma época.

Brasil e EUA 

No ano passado, o Brasil exportou 67 milhões de toneladas para clientes norte-americanos. Nesse momento, o aproveitamento do comércio com os Estados Unidos está sendo no setor de bens industrializados.

A oportunidade é de tentar ampliar a venda de máquina e autopeças, por exemplo, para os norte-americanos, para substituir os chineses. Comparando 2018 com 2017, o aumento da exportação de manufaturados atingiu US$ 1,2 bilhão com foco no setor de combustíveis.

No caso do comércio com os Estados Unidos, o Brasil está disputando pelo seu espaço com outros países. A Coréia do Sul e México, por exemplo, são beneficiados nas relações de exportação por conta de acordos de livre comércio com os norte-americanos.

Conclusão 

A guerra tributária entre Estados Unidos e China gera uma onda em todo o comércio mundial. E não poderia ser diferente, já que se trata de uma questão entre as duas maiores potências mundiais. Os efeitos de cada decisão entre eles são sentidos em todos os demais países.

Assim como é pontuado pelo gerente de Negociações Internacionais da CNI, Fabrizio Panzizi, a disputa comercial está, até o momento, impactando o Brasil positivamente, em curto prazo. O aumento das exportações brasileiras, como soja e algodão, já é um resultado importante.

Entretanto, é preciso acompanhar o encaminhamento do acordo, pois, a médio prazo, pode acontecer um aumento no valor das commodities no mercado.

Fonte: Assessoria de imprensa BASF

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