O controle de plantas daninhas em soja é indispensável para a manutenção da produtividade, reduzindo a interferência negativa causada pela matocompetição. Dependendo da espécie infestante, perdas de produtividade de superiores a 70% podem ser observadas, como é o caso do Amaranthus palmeri, popularmente conhecido como caruru-gigante (Gazziero & Silva, 2017).
Com o melhoramento genético, a maioria das cultivares modernas de soja têm ciclo mais curto, o que dificulta o controle de plantas daninhas, uma vez que o período anterior a interferência (PAI) é cada vez mais curto. Além disso, os casos crescentes de resistência de plantas daninhas a herbicidas pós-emergentes têm tornado cada vez mais difícil o controle eficaz de plantas daninhas na pós-emergência da soja.
Nesse sentido, os herbicidas pré-emergentes, já utilizados com êxito no passado, atualmente têm ganhado espaço nas lavouras de soja. Os herbicidas pré-emergentes atuam diretamente no banco de sementes do solo, inibindo/prejudicando a germinação das sementes do banco de sementes, reduzindo consequentemente os fluxos de emergência das plantas daninhas, e possibilitando o estabelecimento da cultura “no limpo” (sem a matocompetição inicial).
Além disso, conforme resultados obtidos pela Fundação ABC, o emprego de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja possibilita o incremento de produtividade de 9% (6,4 sc/ha) em comparação ao manejo de plantas daninhas realizado apenas com o controle pós-emergente com glifosato.
Comprovados os benefícios do emprego de herbicidas pré-emergentes, as formulações atuais desses herbicidas têm procurado associar herbicidas de diferentes mecanismos de ação para aumentar o espectro de ação e a eficiência no controle das plantas daninhas. De acordo com Borsato & Silva (2024), se tratando de herbicidas pré-emergentes com apenas um mecanismo de ação, inibidores da ALS, como imazetapir e diclosulam apresentam maior residual e espectro de controle; inibidores da PROTOX como sulfentrazone e flumioxazin apresentam menos casos de resistência relatados e contemplam o espectro dos inibidores da ALS. Outros mecanismos de ação como acetanilidas (S-metolacloro e pyroxasulfone) e carotenoides (clomazone) apresentam menor espectro de ação e por isso devem ser melhor posicionados para um controle eficiente na pré-emergência.
Com isso em vista, visando aumentar a eficiência e o espectro de ação dos herbicidas pré-emergentes no controle de plantas daninhas, novas formulações de pré-emergentes têm buscado associas mecanismos de ação desses herbicidas. Segundo Borsato & Silva (2024), pesquisas desenvolvidas pela Fundação ABC em 17 safras demonstram que herbicidas pré-emergentes com mais de um mecanismo de ação em sua formulação têm possibilitado um melhor controle de plantas daninhas, tanto de folhas largas como de folhas estreitas (figura 1).
Figura 1. Efeito residual no controle de folha-estreita (FE) e de folha-larga (FL) aos 34 dias após a aplicação de herbicidas pré-emergentes da soja com 1, 2 ou 3 ingredientes ativos (n = número de safras).
Principalmente em áreas com uma maior diversidade de espécies de plantas daninhas, o uso de herbicidas pré-emergentes que contenham em sua formulação mais de um mecanismo de ação, possibilita um melhor controle inicial das plantas daninhas, reduzindo significativamente os fluxos de emergência, possibilitando um melhor desenvolvimento inicial da soja (figura 2).
Figura 2. Residual de controle com a associação de 1, 2 ou 3 herbicidas residuais de diferentes mecanismos de ação, em área com presença de plantas daninhas de folha-estreita e de folha-larga.
No entanto, para um correto posicionamento dos pré-emergentes, é preciso conhecer o histórico do talhão e identificar as principais espécies de populações infestantes, visando adequar o espetro de ação do herbicida às espécies presentes na área. Mesmo considerando o custo de aplicação dos pré-emergentes, Borsato & Silva (2024) destacam que o retorno financeiro é maior com o uso dos pré-emergentes, (se comparado a controle na pós-emergência com o glifosato), levando em consideração os benefícios do controle das plantas daninhas e o ganho de produtividade proporcionado pelo uso dos pré-emergentes.
Confira o conteúdo completo da publicação desenvolvida por Borsato & Silva (2024) clicando aqui!
Veja mais: Eficiência de herbicidas pré-emergentes no controle do caruru
Referências:
BORSATO, E. F.; SILVA, W. K. USO DE PRÉ-EMERGENTES – UM RELATO SOBRE O USO NO GRUPO ABC COM BASE EM DADOS DE 17 SAFRAS. Fundação ABC, 2024. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2024/09/202410revista-pdf.pdf >, acesso em: 30/10/2024.
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE AMARANTHUS PALMERI. Embrapa Soja, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 30/10/2024.