Além de cuidados na escolha da cultivar, sementes e semeadura da soja, o monitoramento e controle de pragas é fundamental para evitar perdas de produtividade da soja. Lagartas desfolhadoras como a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) podem causar severas injúrias nas plantas ocasionando perdas significativas da área foliar.

Conforme destacado por Moscardi et al. (2012), o grau de desfolha varia em função do percentual de desfolha, do tempo de permanência da injuria e do estádio fenológico da planta. Entretanto a soja apresenta alta capacidade de se recuperar de níveis significativos de desfolha sem que sejam observadas perdas significativas de produtividade, principalmente no estádio vegetativo da cultura e em condições adequadas de temperatura, radiação solar e disponibilidade hídrica.



Dentre as pragas que incidem no início do desenvolvimento da soja, as lagartas necessitam de atenção especial, sendo necessário o monitoramento constante dessas pragas. Conforme Hoffmann-Campo et al. (2000), para o período vegetativo da soja o nível de ação de controle para lagartas é de 30% de desfolha ou 40 lagartas por pano de batida, já no período reprodutivo da cultura os autores afirmam que o nível de ação de controle é de 10% de desfolha ou 40 lagartas por pano de batida.

Figura 1. Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja.

Fonte: Hoffmann-Campo et al. (2000).

Embora Hoffmann-Campo et al. (2000) tenham propostos níveis de ação de controle com relação a desfolha das planta e tendo em consideração a capacidade compensativa da soja, é fundamental destacar que conforme observado por Martins (2019), a produtividade da soja está intimamente relacionada ao índice da área foliar (IAF). Logo, a redução da área foliar pode implicar em um menor IAF e consequentemente menor produtividade da cultura.

Figura 2. Produtividade da soja em função do índice de Área Foliar.

Fonte: Martins (2019).

A redução da área foliar fotossinteticamente ativa implica na menor produção de fotoassimilados e com isso menor produção de grãos e acúmulo de matéria seca. Embora ocasionem perdas significativas na produtividade da soja quando atacam a planta no período reprodutivo, no período vegetativo da cultura os percevejos não causam reduções significativas na produtividade da soja, sendo mais aconselhado focar no manejo de lagartas nesse período.

Além do monitoramento e definição do momento de controle das lagartas, o manejo integrado de pragas (MIP) é uma das ferramentas fundamentais para evitar perdas de produtividade da cultura e aumentar a sustentabilidade do cultivo. Além da rotação de culturas, mecanismos de ação de inseticidas e uso de cultivares resistentes, tecnológicas como a Bt podem desempenhar papel indiscutível no manejo de pragas da soja.

Conforme observado por Fazam et al. (2013), com o uso de cultivares Bt, que apresentam o gene cry 1Ac o qual confere às plantas de soja tolerância as principais espécies de lagartas da soja, é possível reduzir drasticamente a densidade das lagartas Anticarsia gemmatalis e Crysodeixis includens, sendo a tecnologia Bt uma ferramenta fundamental no MIP.

Embora existam níveis de ação de controle pré-estabelecidos, cabe destacar que cada ambiente de cultivo, cultivar e tecnologia empregada apresenta suas particularidades, sendo algumas cultivares mais tolerantes que outras a desfolha, sem perdas siginificativas da produtividade. Além da quantificação da densidade populacional da praga, a identificação da espécie é fundamental para embasar o momento e medidas de controle, tendo em vista que algumas espécies apresentam maior capacidade em causar danos.

Veja também: Eficiência da soja Bt ConkestaTM no controle de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Erebidae), em condições de campo

Referências:

FAZAM, J. C. EFEITO DA SOJA BT SOBRE A FREQUÊNCIA E DENSIDADE POPULACIONAL DE PRAGAS E PREDADORES. VIII Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, 2013.

HOFFMANN-CAMPO, C. B. et al. PRAGAS DA SOJA NO BRASIL E SEU MANEJO INTEGRADO. Embrapa Soja, 2000.

MARTINS, C. L. EFEITO DA DESFOUHA NA CUUTURA DA SOJA NA MICRORREGIÃO DE

MOSCARDI, F. et al. ARTRÓPODES QUE ATACAM AS FOLHAS DA SOJA. Cap. 4, 2012.

PARAGOMINAS, ESTADO DO PARÁ. Universidade Federal Rural Da Amazônia – UFRA, 2019.

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