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Impactos do excesso de chuvas na cultura da soja

A cultura da soja é a mais cultivada no território brasileiro, ocupando 45 milhões de hectares na safra de verão 2023/24 (CONAB, 2024). Ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, a água é considerado o fator mais limitante de produtividade, pois desempenha um papel essencial na fisiologia da fotossíntese, absorção de nutrientes e turgidez celular. Entretanto, o excesso deste insumo na cultura da soja pode causar desafios na sua produção.

Excesso de chuva no estabelecimento da cultura.

O excesso de chuva pode causar inúmeros problemas, como o comprometimento da germinação pois pode ocorrer a embebição de água pelas sementes e a falta de oxigênio comprometendo o desenvolvimento, além de aumentar o risco de proliferação de doenças e fungos de solos nas lavouras, como Pythium e Phytophthora, causadoras de damping-off, reduzindo o stand de plantas na lavoura.

Foto: Evandro Zacca
Excesso de chuva no desenvolvimento da cultura.

É o período em que a cultura apresenta menor suscetibilidade a este fenômeno, em função da plasticidade morfológica apresentada pela soja, na qual por meio do controle de emissão de ramos laterais pode amenizar os efeitos do excesso de chuva. Do ponto de vista operacional é o que mais afeta os manejos sanitários, dificultando o tráfego de implementos agrícolas nas lavouras nos momentos mais assertivos em relação ao timing de aplicação de herbicidas, inseticidas e fungicidas.

Impacto do excesso de chuva no final do desenvolvimento

Na safra 2023/24 ocorreram chuvas excessivas entre os meses de abril e início de maio, o qual dificultou a colheita mecânica e ocasionou a incidência de sementes germinando nas vagens e a consequente abertura das mesmas, sendo que, com essa ocorrência pode comprometer a qualidade da produção e diminuir o retorno financeiro ao produtor, pois os grãos podem se tornar ardidos ou apodrecidos nas vagens (imagem abaixo).

De acordo com o 8º Levantamento da Safra 2023/24 da Conab, a média de produtividade da safra brasileira de soja de 2023/24 ficou em 3.229 kg/ha, 7,9% inferior ao registrado na safra anterior, sendo que a mesma, apresentou uma queda de produção total referente à safra passada de 4,5%.

Foto: Renan Haach

Agrava-se ainda mais em casos de dessecação para a colheita e tempo com previsão de chuva, devendo ser realizada a colheita em no máximo 1 semana após a aplicação do dessecante, pois o efeito do herbicida pode afetar o grão de soja.

Além disso, se o produtor não adotar as práticas conservacionistas de plantio direto, com o excesso de chuva o solo vai estar exposto, sem palhada, sendo pobre em matéria orgânica, facilitando assim, a ocorrência de erosão. Segundo Nadiara, meteorologista da Climatempo, cabe ao produtor preparar as lavouras de uma forma que possam ser evitados ou diminuídos os danos por erosão.

Impacto após a produção

Após a ocorrência de elevados regimes pluviométricos, o grão de soja avariado é fortemente afetado em relação ao valor remunerado ao produtor e na industrialização, sendo que, essa matéria prima apresenta baixa qualidade, não atendendo as exigências demandadas pelo mercado externo.

Esse impacto também será sentido nas safras posteriores, pois os campos de produção de sementes, se os mesmos forem afetados por esses acontecimentos, tendem a apresentar qualidade de sementes inferiores ao padrão exigido, muitas vezes tendo a indústria como destinação. Com isso, por reduzir a disponibilidade de sementes de qualidade no mercado, os valores deste importante insumo se elevam, refletindo em aumento dos custos de produção aos sojicultores.

Do ponto de vista prático, pouco se pode fazer para reverter esta situação na safra afetada, o que se pode fazer é uma construção ao longo do tempo de ambientes de produção mais resilientes, complementar os manejos do solo realizados e buscar estratégias de mitigar esses efeitos negativos, como por exemplo realizar a época de semeadura em períodos recomendados pelo Zoneamento Agrícola para Risco Climático (ZARC), como forma de escape dos fenômenos climáticos tradicionais, que afetam a produtividade.

Outro fator que pode amenizar estes impactos é o uso de cultivares com algum grau de tolerância à umidade no final do ciclo presente no ambiente.

Por: Grazieli Greth Sperling e Máicon Luiz Kilpp acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.



Referências:

CANAL RURAL. Paraná: excesso de chuvas faz soja germinar, grãos arderem e plantas abortarem vagens, 2021. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/agricultura/soja/parana-excesso-de-chuvas-faz-soja-germinar-graos-arderem-e-plantas-abortarem-vagens/>. Acesso em 09 mai. 2024.

CANAL RURAL. Excesso de chuvas: riscos e danos para a cultura da soja, 2017. Disponível em: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja/2017/03/21/excesso-de-chuvas-riscos-e-danos-para-cultura-da-soja/ . Acesso em 09 mai. 2024.

AGRISHOW. Quais os prejuízos das chuvas intensas para a plantação de soja?,  2022. Disponível em: https://digital.agrishow.com.br/graos/quais-os-prejuizos-das-chuvas-intensas-para-plantacao-de-soja . Acesso em 09 mai.2024.

 

Equipe Mais Soja
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