O boro é considerado um dos principais micronutrientes que limita a produção de soja, embora seja requerido em pequenas quantidades pela planta, é essencial para o desenvolvimento da cultura, desempenhando um papel importante para o processo de divisão e elongação celular, assim como na germinação do pólen, elongação do tubo polínico e fecundação. Seu suprimento é fundamental para garantir formação do fruto ou semente, sendo considerado fator determinante da produção (Furlani et al., 2001).

Conforme destacam Zampar et al. (2020), a demanda dos macronutrientes pelas plantas é na ordem de Kg ha-1, enquanto a demanda por micronutrientes é na ordem de g ha-1, sendo que todos são de extrema importância para que a cultura atinja seu máximo potencial produtivo. Como podemos observar na figura a seguir, a soja apresenta a maior taxa de absorção de boro durante a fase reprodutiva e, saber identificar sintomas de deficiência desse nutriente na soja é fundamental para realizar uma intervenção adequada para o manejo de adubação.

Figura 1. Marcha de Absorção de Boro na Soja.

Fonte: Oliveira Junior et al. (2016).

Apesar do boro ser considerado um nutriente móvel no solo, sua mobilidade dentro da planta depende da espécie, a deficiência de desse nutriente tende a se manifestar nas folhas mais jovens ou nos pontos de crescimento. Na cultura da soja, os principais sintomas de deficiência incluem a clorose internerval nas folhas jovens e pontas curvadas para baixo, morte dos ponteiros, inibição do florescimento e paralisação do crescimento radicular (IPNI).

Borkert et al. (1994) destacam que os sintomas de deficiência de boro iniciam com um desenvolvimento anormal e lento dos pontos de crescimento apical. Os folíolos das folhas novas apresentam deformações e rugosidades, adquirindo frequentemente, maior espessura e uma coloração verde-azulado escuro, com possíveis áreas de clorose entre as nervuras. As folhas e os caules tornam-se frágeis, indicando distúrbio na transpiração, e as folhas superiores apresentam uma cor amarela ou avermelhada. À medida em que a deficiência progride, a elongação dos entrenós reduz, ocorre a morte dos pontos de crescimento terminal e a formação de flores é restringida ou inibida.

Figura 2. Sintomas de deficiência de Bora na soja.

Fonte: YARA. https://www.yarabrasil.com.br/nutricao-de-plantas/soja/deficiencias-soybean/deficiencia-de-boro-soybean/

Além disso, a soja é muito sensível a concentração elevada de boro nos solos, podendo ocorrer toxicidade. Os sintomas dessa toxicidade manifestam-se com o amarelecimento nas pontas dos folíolos, seguido por uma necrose progressiva, a qual inicia nas pontas e nas margens, estendendo-se gradualmente entre as nervuras laterais em direção à nervura central, proporcionando uma aparência de queimadura nas folhas, que, por fim, resulta na queda prematura das mesmas (Borkert et al., 1994).



De acordo com Oliveira Junior et al. (2020), os problemas de deficiência de boro são observados com maior frequência em solos que apresentam textura mais arenosa e com baixos teores de matéria orgânica. Além disso, condições de déficit hídrico podem intensificar a deficiência desse nutriente, mesmo em solos com teores nutricionais adequados, isso ocorre devido a movimentação do boro até as raízes e, consequentemente, a quantidade de boro disponível para absorção, depende do volume de solo explorado pelas raízes, bem como da quantidade de água absorvida pelas plantas.

Para diagnosticar a deficiência, é preciso realizar a análise do solo ou de tecidos vegetais e, caso identificada, deve-se realizar a adubação para corrigir os teores do nutriente no solo. De acordo com o IPNI, a aplicação de fertilizante contendo boro na cultura da soja deve ser realizada no estádio V2 ou R2, por meio da aplicação foliar. As leguminosas, incluindo a soja, demonstram-se altamente responsivas ao boro.

Um estudo conduzido por Santini et al. (2015) com o objetivo de avaliar fontes e doses de boro aplicadas em sulco de semeadura sobre a produtividade da soja, revelou que a produtividade de grãos aumentou linearmente à medida que as doses de boro foram incrementadas. Em comparação a não aplicação (0 kg ha-1) com a maior dose (2,0 kg ha-1), sendo observado um aumento significativo de aproximadamente 15,8%, conforme observado pelos pesquisadores.

Figura 3. Produtividade de grãos de soja, submetida a doses de B, em sulco de semeadura. ¹: Produtividade = 295,97B + 4259,1 (R² = 0,7294)

Fonte: Santini et al. (2015).

A seguir, podemos observar as principais formas comuns de fertilizantes contendo boro, sendo que as formas solúveis são geralmente preferíveis, exceto em solos arenosos. Nestes, as formas menos solúveis demonstram ser menos suscetíveis à lixiviação (IPNI).

Figura. Formas comuns de fertilizantes contendo boro.

Fonte: IPNI. https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-7/$FILE/NutriFacts-BRASIL-7.pdf

O manejo adequado da fertilidade do solo é fundamental para atender às demandas das plantas e permitir que expressem seu máximo potencial produtivo. Realizar regularmente as análises do solo e foliares é importante para manter os teores nutricionais adequados no solo, proporcionando condições propícias para o crescimento e desenvolvimento das plantas e, consequentemente, potencializando a produtividade da cultura.

Referências:

BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Arquivo do Agrônomo, n. 5. Informações agronômicas, n. 66, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 04/12/2023.

FURLANI, A. M. C. et al. EXIGÊNCIA A BORO EM CULTIVARES DE SOJA. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2001. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/fBcQt6NPdJbdCHQsMwtw4Xr/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 04/12/2023.

IPNI. BORO. Nutri-Fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas. International Plant Nutrition Institute. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-7/$FILE/NutriFacts-BRASIL-7.pdf >, acesso em: 04/12/2023.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS E MARCHA DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES DA SOJA. Embrapa Soja, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/144440/1/FOR-Quadro-ESTADIO-SOJA-FINAL.pdf >, acesso em: 04/12/2023.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 7. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020.  Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 04/12/2023.

SANTINI, J. M. K. et al. ADUBAÇÃO BORATADA NA CULTURA DA SOJA EM ÁREA DE CERRADO. XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. Natal – RN, 2015. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2015/arearestrita/arquivos/843.pdf >, acesso em: 04/12/2023.

ZAMPAR, E. J. O. et al. APLICAÇÃO DE BORO: COMO A SOJA SE COMPORTA? Revista Campo & Negócio, 2020. Disponível em: < https://revistacampoenegocios.com.br/aplicacao-de-boro-com-a-soja-se-comporta/ >, acesso em: 04/12/2023.

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