Autores: Luiz Fernando Gibbert¹*; Bruna Francielly Gama¹; Débora Cristina Leal¹; Rafael Stieven¹; Ana Paula Rodrigues da Silva²; Adriana Matheus da Costa Sorato³; Marco Antônio Camillo de Carvalho³
Introdução
A temperatura é considerada um dos fatores mais importantes para se obter alta taxa e uniformidade no processo de germinação de sementes, pois ela está ligada diretamente com a absorção de água que é necessário para o desenvolvimento inicial das plântulas. Segundo Marcos Filho (2005) os efeitos da temperatura na germinação das sementes podem ser observados pela queda de germinação das sementes, além da velocidade do rompimento do tegumento pela radícula, e pela plântula.
Temperaturas muito elevadas durante a etapa de germinação das sementes no solo podem provocar estresse na semente, o que ocasiona danos irreversíveis no desenvolvimento da plântula, podendo colocar em risco a cultura de interesse, além da perda de produtividade (HALL, 2001). Guan et al., (2009) observaram que temperaturas muito baixas provocam danos na membrana celular e afetam as funções fisiológicas das plantas; além de atrasar ou impedir o processo de germinação.
O milho é cultivado em diferentes regiões, lugares com altas e baixas temperaturas. Dessa forma objetivou-se avaliar o desempenho germinativo de sementes de milho, em diferentes temperaturas, e assim indicar qual a temperatura em que as sementes vão melhor se desenvolver.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes da Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus de Alta Floresta/MT. No teste de germinação foram utilizadas sementes de três híbridos de milho, sendo, LG 6036, JM 3M51, DKB 290 PRO3.
Para o teste de germinação utilizou-se quatro repetições de 50 sementes semeadas em folhas de papel germitest, umedecidas com água destilada, na proporção de 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos foram confeccionados e colocados em recipiente plástico para evitar perda de umidade, e posteriormente, colocados na Demanda Bioquímica de Oxigênio (BOD), conforme (BRASIL, 2009). Os critérios adotados, para análise, foram as descritas pelas normas do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2009). Os tratamentos utilizados são diferentes temperaturas, sendo a 15°, 20°, 25°, 30° e 35°.
O delineamento experimental empregado foi o inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial duplo, o primeiro sendo as cultivares e o segundo as temperaturas. Os dados foram analisados através do programa R, RSTUDIO (2017).
Resultados e Discussão
A germinação é um fenômeno biológico que pode ser considerado botanicamente como a retomada do crescimento do eixo embrionário, com o rompimento do tegumento pela radícula. Entretanto, para os tecnólogos de sementes, a germinação é reconhecida quando acontece o rompimento do tegumento, da emissão da radícula e do crescimento da plântula, desde que as plântulas apresentem tamanho suficiente para que se possam avaliar a normalidade de suas partes, (LABOURIAU, 1983).
Para germinação não houve interação significativa (CV = 2,25%), além disso, não há diferença entre as cultivares testadas e a maior taxa de germinação ocorre em temperaturas entre 25 e 30º C, o mesmo foi encontrado por Farooq et al. (2008), no qual observaram que a temperatura ideal para germinação de sementes de milho varia entre 25 e 28ºC.
Para comprimento de raiz a interação entre os fatores é significativa (CV = 8,94%), em que dentro das temperaturas as cultivares não apresentam diferença entre si. Dentro do cultivar DKB 209 PRO3 (R2=94,19%) LG 6036 (R2=98,04%) as temperaturas entre 25 e 30ºC apresentam maior comprimento da raiz enquanto que para a cultivar JM 3M51 (R2=91,86%) a temperatura ideal é de 25ºC.
Para comprimento da parte aérea, a interação entre os fatores é significativa (CV = 7,37%), em que dentro das temperaturas as cultivares não apresentam diferença entre si, exceto para a temperatura 35ºC, em que a parte aérea de DKB 209 PRO 3 é maior que as demais. Dentro do cultivar DKB 209 PRO3 (R2=85,66%) e LG 6036 (R2=88,92%) as temperaturas entre 25º e 30ºC apresentam maior comprimento da parte aérea enquanto que para a cultivar JM 3M51 (R2=84,66%) a temperatura ideal é de 30ºC.
Para massa seca da raiz, a interação entre os fatores é significativa (CV=19,63%), em que dentro das temperaturas as cultivares apresentam diferença entre si, exceto para a temperatura 15ºC. Em 20ºC, a cultivar LG 6036 apresenta menor massa seca da raiz, o que também ocorre na temperatura de 25ºC. Já para 30ºC, JM 3M51 tem maior massa seca, e em 35ºC essa cultivar apresenta menor massa seca. Dentro do cultivar DKB 209 PRO 3 (R2=77, 94%), a maior massa seca raiz é observada entre as temperaturas 30º e 35ºC, já para LG 6036 (R2=93,23%) a temperatura de 35ºC apresentam maior massa seca da raiz enquanto que para a cultivar JM 3M51 (R2=87,81%) a temperatura ideal fica entre 20º C e 25ºC.
Para massa seca da parte aérea, a interação entre os fatores é significativa (CV=12,25%), em que dentro das temperaturas as cultivares apresentam diferença entre si, exceto para as temperaturas 15ºC e 20ºC. Em 25ºC, a cultivar LG 6036 apresenta menor massa seca da parte aérea, na temperatura de 25ºC, DKB 209 PRO3 apresenta menor massa seca e em 35º essa cultivar apresenta maior massa seca da parte aérea. Dentro do cultivar DKB 209 PRO 3 (R2=79,33%), a maior massa seca da parte aérea é observada entre as temperaturas 20º e 25ºC, já para LG 6036 (R2=86,41%) a temperatura de 25ºC apresentam maior massa seca enquanto que para a cultivar JM 3M51 (R2=87,81%) a temperatura ideal fica entre 30º C e 35ºC.
Conclusão
Conclui-se que a maior taxa de germinação ocorre em temperaturas entre 25 e 30º C.
Referência
Brasil. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes. Brasília: SNDA/ DNDV/CLAV; pag. 395, 2009.
FERREIRA, D. F. Sisvar: um sistema computacional de análise estatística. Universidade Federal de Lavras, 2011. Ciência Agrícola, Rio Largo, v. 13, n. 1, p. 19- 25, 2015.
GUAN, Y.; HU, J.; WANG, X.; SHAO, C. Seed priming with chitosan improves maize germination and seedling growth in relation to physiological changes under low temperature stress. SeedScience Center, Crosschecked, v. 10, n. 6, p. 427-433, apr. 2009.
HALL, A. E. Heat Stress and its impact. New York: Crop Response to Environment, CRC Press, 2001
LABOURIAU, L. G. A germinação das sementes. Washington: Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, 1983.
MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: Fealq, 2005. 495p
RSTUDIO (2017) R: A linguagem qnd environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Viena, Áustria. Disponível em: www.R-projetct.org. Acesso em: 19 jun. 2020
Informações sobre os autores:
- ¹ Acadêmicos do Curso de Agronomia, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Alta Floresta/MT. E-mail: *luizfernandogibbert@hotmail.com
- ² Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Alta Floresta/MT.
- ³ Professores da Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias (UNEMAT), Alta Floresta/MT.