O aumento de produtividade do milho em função da inoculação com bactérias do gênero Azospirillum é tema de pesquisas e frequentemente discutido. Alguns autores destacam não haver encontrado influência do Azospirillum na produtividade do milho, já outros demonstram haver encontrados diferenças significativas na produtividade do milho inoculado em comparação a testemunha (sem inoculação).

As bactérias do gênero Azospirillum são conhecidas por atuarem principalmente como promotoras do crescimento vegetal, especialmente do sistema radicular das plantas, por meio da produção de fitormônios que estimulam o crescimento e desenvolvimento vegetal. Diferentemente das bactérias do gênero Bradyrhizobium, que são consideradas simbióticas, as bactérias do gênero Azospirillum são consideradas associativas.

Embora possuam uma pequena capacidade em fixar nitrogênio (N) atmosférico, nem todo o N fixado pelo Azospirillum é disponibilidade para a planta associada, sendo assim, essas bactérias conseguem suprir apenas parcialmente o N requerido pela planta, sendo necessário realizar o aporte nutricional via adubação.

Conforme observado por Moreira; Valadão; Valadão Júnior (2019), a inoculação de Azospirillum brasilense eleva a produtividade da cultura do milho, mas não é capaz de substituir a adubação nitrogenada. Segundo Morais et al. (2015), as repostas fisiológicas da cultura do milho à inoculação com Azospirillum brasilense são influenciadas pela dose de inoculante e adubação nitrogenada.



Estudos desenvolvidos pela Embrapa demonstram incrementos de produtividade do milho inoculado de até 24% em comparação a testemunha, entretanto, conforme dados observados por Hungria (2011), as repostas produtivas do milho em função da inoculação com Azospirillum, podem estar condicionadas também, a estirpe das bactérias utilizadas na inoculação.

A inoculação do milho com bactérias do gênero Azospirillum ainda pode ser considerada uma interessante alternativa para potencializar o uso dos fertilizantes. O estimulo ao crescimento do sistema radicular das plantas pode resultar no incremento do volume de raízes do milho, consequentemente, resultando no maior volume de solo, água e nutrientes explorados.

Para a cultura do milho, a inoculação com a aplicação de apenas 24 kg ha-1 de nitrogênio na semeadura pode resultar em rendimentos da ordem de 3400 kg ha-1, que são interessantes economicamente no caso de milho safrinha, ou para a agricultura familiar. Com a suplementação adicional de 30 kg ha-1 de N no florescimento é possível alcançar rendimentos da ordem de 7000 kg ha-1 pela inoculação (Hungria, 2011).

Tabela 1. Rendimento (kg ha-1, médias de seis repetições) de milho e ganhos pela inoculação com Azospirillum em ensaios conduzidos no Paraná na safra de verão de 2009/10 e safrinha de 2010. Tratamentos recebendo 50% da dose recomendada de fertilizante nitrogenado para a cultura ou somente uma dose inicial na semeadura. Mariangela Hungria & Leopoldo Sussumu Matsumoto, dados não publicados (Hungria, 2011).

Fonte: Hungria (2011)

Cabe destacar que além da influência da estirpe do Azospirillum, bem como da adubação nitrogenada, a qualidade do inoculante, assim como o acondicionamento dele, o próprio processo de inoculação e as condições ambientais, podem influenciar nas respostas produtivas da planta de milho à inoculação com Azospirillum. Entretanto, levando em consideração o baixo custo dessa prática e os potenciais benefícios fornecidos por ela, a inoculação do milho pode ser uma interessante ferramenta de manejo, principalmente se tratando do milho safrinha.


Veja mais: Culturas de cobertura – Manejo de nematoides e ciclagem de nutrientes


Referências:

HUNGRIA, M. INOCULAÇÃO COM Azospirillum brasilense: INOVAÇÃO EM RENDIMENTO A BAIXO CUSTO. Embrapa, Documentos, n. 325, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/29676/1/Inoculacao-com-azospirillum.pdf >, acesso em: 16/05/2022.

MORAIS, T. P. et al. ASPECTOS MORFOFISIOLÓGICOS DE PLANTAS DE MILHO E BIOQUÍMICO DO SOLO EM RESPOSTA À ADUBAÇÃO NITROGENADA E À INOCULAÇÃO COM AZOSPIRILLUM BRASILENSE. Rev. Ceres, Viçosa, v. 62, n.6, p. 589-596, nov-dez, 2015. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rceres/a/jLf8tx7WzkKWShRg9p6CvZF/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 16/05/2022.

MOREIRA, R. C.; VALADÃO, F. C. A.; VALADÃO JÚNIOR, D. D. DESEMPENHO AGRONÔMICO DO MILHO EM FUNÇÃO DA INOCULAÇÃO COM AZOSPIRILLUM BRASILENSE E ADUBAÇÃO NITROGENADA. Rev. Cienc. Agrar., v. 62, 2019. Disponível em: < https://ajaes.ufra.edu.br/index.php/ajaes/article/view/2865#:~:text=Essa%20pr%C3%A1tica%20n%C3%A3o%20substitui%20totalmente,comparado%20%C3%A0%20inocula%C3%A7%C3%A3o%20nas%20sementes. >, acesso em: 16/05/2022.

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