A fixação biológica de nitrogênio (FBN), é a maneira mais econômica e eficiente de fornecer Nitrogênio (N) para a soja, suprindo toda a demanda desse nutriente pela planta, para a obtenção de boas produtividades. Embora as bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium sejam naturalmente encontradas no solo, nem sempre essas bactérias estão presentes em populações suficientes para garantir uma adequada FBN.

Como alternativa para o assegurar a boa FBN, pode-se realizar o aumento populacional dessas bactérias,  por meio da inoculação de Bradyrhizobium nas sementes, ou sulco de semeadura da soja. Pesquisas demonstram ganhos médios na ordem de 8% em produtividade, resultante da inoculação anual da soja com Bradyrhizobium, em áreas tradicionais de cultivo (Prando et al., 2022).

Embora os benefícios da inoculação anual sejam comprovados, muitos agricultores ainda não utilizam tal prática, por observarem que, em áreas cultivadas por várias safras consecutivas, ocorre a formação de nódulos nas raízes da soja pela população de Bradyrhizobium estabelecida no solo, mesmo sem inocular (Henning & Leite, 2023).

Figura 1. Comparação entre soja inoculada e não inoculada com Bradyrhizobium.
Foto: Antonio Bodnar

No entanto, mesmo em áreas tradicionalmente cultivadas, as perdas de produtividade em função da não realização da inoculação são superiores a 8%. Além da tradicional inoculação com as bactérias do gênero Bradyrhizobium, estudos tem demonstrado que a coinoculação da soja com bactérias promotoras de crescimento, em especial do gênero Azospirillum tem contribuído significativamente para o aumento da produtividade da soja.

De acordo com Prando et al. (2022), as plantas de soja coinoculadas com Bradyrhizobium spp. e Azospirillum spp., apresentam uma nodulação mais abundante e precoce, com ganho médio de produtividade de 16%, que é o dobro do proporcionado pela inoculação anual apenas com Bradyrhizobium.


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Em função do bom custo-benefício e das contribuições para a produtividade, a adoção de inoculantes vêm crescendo ano a ano na cultura da soja. De acordo com resultados obtidos por institutos de pesquisas e apresentados pela Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII Bio), na cultura da soja, por exemplo, os inoculantes já abrangem 85% da área plantada da safra 22/23 e a coinoculação  (Bradyrhizobium + Azospirillum) já chega à 35% da área da cultura no país, mostrando grande avanço dessa prática de manejo.

Figura 2. Taxa de adoção de uso de inoculantes na soja.
Fonte: Kynetec, apud. ANPII Bio

Mesmo com crescente adesão da inoculação e coinoculação, fica evidente que ainda há regiões em que tanto inoculação quanto coinoculação necessitam ser melhor trabalhadas. Vale lembrar que a perda de produtividade em função da não realização da inoculação da soja é de aproximadamente 8%. Considerando que 15% da área brasileira produtora de soja (figura 2) não realiza essa prática, há uma grande lacuna de produtividade possível de preencher utilizando a inoculação.

No geral, os benefícios trazidos pela inoculação e coinoculação da soja superam o custo de realização dessa prática, contribuindo não só para o aumento da produtividade, como também para a sustentabilidade do sistema de produção. Sendo assim, recomenda-se que a coinoculação seja realiza, mesmo em áreas tradicionalmente cultivadas com soja.


Veja mais: Dose “de arranque” ou “starter” de nitrogênio na soja é necessária para boas produtividades?


Referências:

ANPII BIO. ANÁLISES E ESTATÍSTICAS 2023. Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes, 2023. Disponível em: < https://www.anpii.org.br/estatisticas/ >, acesso em: 17/09/2024.

HENNING, F. A.; LEITE, R. M. V. B. C. RESUMOS EXPANDIDOS: 38° REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA. Embrapa Soja, Eventos Técnicos & Científicos, n. 001, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1156579/1/p-209-ETC-1-RPS-2023-res-exp-2-22.pdf >, acesso em: 17/09/2024.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2020/2021 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 181, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1144304/1/CIRCULAR-TECNICA-181-online.pdf >, acesso em: 17/09/2024.

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