O nitrogênio (N) é um dos macronutrientes mais requeridos por plantas, se não o mais requerido. Com a cultura da soja não é diferente, sendo extraídos cerca de 80 kg de nitrogênio por tonelada de grãos produzidos (Martins, 2019). Felizmente, esse nitrogênio é praticamente todo suprido por meio da fixação biológica de nitrogênio (FBN), um processo simbiótico entre planta e bactérias fixadoras de nitrogênio, normalmente do gênero Bradyrhizobium.

Embora essas bactérias possam ser encontradas originalmente no solo, em algumas situações não estão presentes em quantidades suficientes para suprir todas as exigências de nitrogênio da soja por meio da FBN. Sendo assim, é necessário adicionar bactérias fixadoras de nitrogênio ao sistema de produção por meio da inoculação da soja, a qual pode ser realizada via sementes ou sulco de semeadura.


Veja mais: Inoculação via sulco ou TS? Qual confere maior nodulação e em que situações?


Além da fixação biológica de nitrogênio, é possível melhorar aspectos da fisiologia e morfologia da planta, com a utilização de novos inoculantes à base de bactérias diazotróficas e promotoras de crescimento, promovendo efeitos sinérgicos entre os microrganismos, e repercutindo na simbiose planta microrganismos (Moretti et al., 2018).

Uma dessas bactérias é o Azospirillum spp., que diferentemente do Bradyrhizobium, atua por meio da síntese de fitormônios que promovem o crescimento vegetal, principalmente o sistema radicular, o que favorece a nodulação e a FBN realizada pelo Bradyrhizobium, contribuindo significativamente para o aumento de produtividade da soja (Nogueira et al., 2018).



Embora as bactérias do gênero Azospirillum possam fixar nitrogênio atmosférico, por se tratar de uma relação de associação e não simbiose, elas não conseguem suprir toda a demanda de nitrogênio da cultura da soja. Contudo, essas bactérias se destacam por sua atuação na promoção do crescimento do sistema radicular das plantas.

Além de influenciar na nodulação da FBN, as bactérias Azospirillum quando adicionadas via coinoculação da soja podem contribuir para o aumento do volume de raízes, possibilitando maior volume de solo explorado e consequentemente aumentando a absorção de água e nutrientes do solo. Essa característica pode ser uma interessante alternativa pensando em um manejo de sistema em situações com limitações hídricas. O estímulo ao crescimento do sistema radicular da soja pode contribuir para em algumas situações, possibilitar maior tolerância da cultura a pequenos períodos de déficit hídrico, reduzindo o impacto causado por estresse.

Figura 1. Aspecto das raízes de soja sem inoculação, e coinoculada com Bradyrhizobium + Azospirillum.

Adaptado: Marcelo Vicensi

Em culturas pertencentes a família Poaceae como o milho, o efeito visual da inoculação com Azospirillum é ainda maior (Figura 2), destacando a valiosa contribuição desse microrganismo no crescimento e desenvolvimento vegetal. Conforme observado por Hungria (2011), resultados de pesquisa demonstram que plantas de milho inoculadas com Azospirillum apresentam produtividade média até 24% superior a plantas não inoculadas.



Figura 2. Efeito da inoculação de milho com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense no crescimento radicular.

Foto: Total Biotecnologia

Com relação a produtividade da soja, resultados de pesquisa da Embrapa demonstram aumento médio de produtividade de até 16% na soja coinoculada (Bradyrhizobium + Azospirillum) em comparação a testemunha (sem inoculação ou coinoculação), destacando a importante contribuição desses microrganismos para o aumento produtivo da cultura. Logo, assim como o Bradyrhizobium, o  Azospirillum pode ser visto como uma importante ferramenta para maximizar a produtividade de culturas agrícolas como a soja.

 

Referências:

HUNGRIA, M. INOCULAÇÃO COM AZOSPIRILLUM BRASILENSE: INOVAÇÃO EM RENDIMENTO A BAIXO CUSTO.  Embrapa, Documentos, n. 325, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/29676/1/Inoculacao-com-azospirillum.pdf >, acesso em: 11/11/2021.

MARTINS, G. TABELA DE EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DOS NUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA. Nutrição de Safras, 2019. Disponível em: < https://www.nutricaodesafras.com.br/tabela-de-extracao-e-exportacao-dos-nutrientes-na-cultura-do-soja/ >, acesso em: 11/11/2021.

MORETTI, L. G. et al. AVALIAÇÃO DO SISTEMA RADICULAR NA CULTURA DA SOJA EM FUNÇÃO DE TRATAMENTOS DE COINOCULAÇÃO. VIII Congresso Brasileiro de Soja, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/180679/1/Avaliacao-do-sistema-radicular-p.735-737.pdf >, acesso em: 11/11/2021.

NOGUEIRA, M. A. et al. AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA EM INOCULAÇÃO/ COINOCULAÇÃO COM Bradyrhizobium e Azospirillum NA CULTURA DA SOJA NA SAFRA 2017/18 NO ESTADO DO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica n. 143, 2018. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1095314/1/CT143OL.pdf >,acesso em: 11/11/2021.

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