O nitrogênio é um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas. Na cultura da soja, são extraídos cerda de 82 kg.ha-1 de nitrogênio e exportados cerca de 61 kg.ha-1 para cada tonelada de grãos produzidas.
Há quatro principais formas de fornecer nitrogênio para as plantas, sendo elas: por meio da decomposição da matéria orgânica do solo, a fixação não biológica, o uso de fertilizantes nitrogenados e por meio da fixação biológica de nitrogênio.
A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é um processo simbiótico realizado por microrganismos do solo, geralmente bactérias do gênero Bradyrhizobium que tem como finalidade transformar o nitrogênio presente no ar atmosférico em formas assimiláveis pelas plantas.
A associação simbiótica contribui com todo o nitrogênio que a soja necessita para produtividade média de aproximadamente 3.600 kg/ha, além de proporcionar valores entre 20 e 30 kg.ha-1 de nitrogênio para a cultura em sucessão (GITTI, 2016).
Em parte, algumas destas bactérias fixadoras de nitrogênio encontram-se presentes no solo, contudo através da inoculação é possível aumentar a população de bactérias que atuam especificamente na fixação biológica de nitrogênio e com isso proporcionar economia de fertilizantes e aumento da produtividade.
Veja também: Produtividade da soja com coinoculação e suplementação da adubação via foliar
Para se ter ideia, para uma produtividade média de 3600 kg.ha-1, a qual segundo GITTI (2016) todo o Nitrogênio necessário para a produtividade é suprido pela FBN, com base na exportação média de 82 kg.ha-1 de nitrogênio por tonelada de grãos produzidos, caso fosse necessário suprir a necessidade nutricional da soja para o nutriente com ureia a 46% de Nitrogênio, com o preço médio da ureia de R$101,00 a saca de 50kg, seriam gastos R$ 1.295,83 ha-1, que corresponderiam aos 641,74 Kg de ureia necessários para a produtividade de 3.600kg.ha-1.
Com bases nos aspectos gerais da inoculação, funcionamento da técnica, importância e resultados, durante três semanas consecutivas o Prof. Dr. Thomas Martin da UFSM, apresentou “Os Três pilares da inoculação” em Lives no canal do Facebook do Mais Soja. Em uma das lives, Adenilson Santana, que acompanhava a transmissão mencionou , nos comentários, a frase que da título a nossa matéria de hoje: Inoculação não dá trabalho, dá nitrogênio… e nitrogênio é produtividade e oriundo da inoculação, produtividade com economia.
Dentre os temas abordados, o Prof. Thomas comenta a importância da inoculação no sistema de produção e traz dicas quando a cuidados relacionados a prática.
Segundo Thomas, quando se trabalha com inoculação, é fundamental atentar para a qualidade do inoculante, o preparo e o uso da técnica. Ele apresenta resultados que demonstram que para a inoculação em “galpão”, os fungicidas utilizados no tratamento de sementes podem interagir negativamente com as bactérias fixadoras de nitrogênio, diminuindo o número de bactérias (figura 1).
Figura 1. Influência do uso de fungicidas no número de nódulos por planta quando realizada inoculação no tratamento de sementes e no sulco de semeadura.
Thomas ainda comenta que os melhores resultados de nodulação e produtividade da soja são observados quando utilizada a inoculação no sulco de semeadura, conduto em trabalhos experimentais o volume de calda observado para alcançar boa produtividade e nodulação varia de 25 – 75 l.ha-1, o que pode implicar em dificuldades de manejo na semeadura.
Avaliando diferentes formas de inoculação para a soja, em ambientes não cultivados e cultivados com soja anteriormente, NETO et al. (2008) encontraram resultados que demonstram que para áreas anteriormente cultivadas, melhores respostas á nodulação são observadas com o uso de inoculante líquido no sulco de semeadura, enquanto para áreas até então não cultivadas com soja, melhores resultados de nodulação foram observados pelos autores com o uso de inoculante turfoso (tabela 1).
Tabela 1. Número de nódulos totais e número de nódulos viáveis avaliados em raízes de soja, aos 75 dias após emergência, cujas sementes foram submetidas a diferentes tratamentos de inoculação, em área com histórico de vários anos de cultivo da soja e em área sem cultivo anterior com esta a cultura.
Ambas as formas de realizar a inoculação são boas, contudo quando utilizado o inoculante turfoso, o Prof. Thomas chama atenção para alguns cuidados na hora da realização da inoculação. Segundo Thomas, além do inoculante é necessário o uso de uma substancia adesiva para garantir que o inoculante fique aderido a semente, e uma das principais opções para isso é o uso de água açucarada a 10% como agente adesivo.
Figura 2. Da esquerda para a direita: Inoculação no sulco de semeadura, sementes inoculadas com o uso de substancia adesiva, sementes inoculadas sem o isso de substancia adesiva.
Note que conforme abordado por Thomas, quando não é utilizada substancia adesiva para a inoculação de sementes com inoculante turfoso, o inoculante é facilmente “desprendido” da semente. Em condições de campo, isso significa que somente as sementes do fundo da “caixa de sementes” receberiam a inoculação.
Nas Lives, o professor ainda abordas os Três Pilares da Inoculação, sendo o primeiro o Uso de inoculante registrado. Ficou curioso para saber quais os outros pilares da inoculação? Confira as lives clicando logo abaixo
Live 1 – Pilares da Inoculação da Soja, Parte I
Live 2 – Pilares da Inoculação da Soja, Parte II
Live3 – Pilares da Inoculação da Soja, Parte III
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Referências:
ANTUNES, J. M. INOCULAÇÃO REDUZ CUSTOS COM FERTILIZANTES NA SOJA. Embrapa, Notícias. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/46716731/inoculacao-reduz-custos-com-fertilizantes-na-soja>, acesso em: 15/05/2020.
GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Soja, Fundação MS, 2016.
MF RURAL. FERTILIZANTES AGRÍCOLAS. Disponível em: <https://www.mfrural.com.br/detalhe/317845/ureia-fertilizantes> acesso em: 15/05/2020.
NETO, S. A. V. et al. FORMAS DE APLICAÇÃO DE INOCULANTE E SEUS EFEITOS SOBRE A NODULAÇÃO DA SOJA. R. Bras. Ci. Solo, p.861-870, 2008.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.