A soja é uma cultura extremamente exigente em nitrogênio (N), nutrientes esse, que felizmente é suprido por meio do processo de fixação biológica de Nitrogênio, popularmente conhecido como FBN. Normalmente, as bactérias fixadoras de N já estão presentem no solo, contudo, nem sempre em quantidades suficientes para suprir toda a demanda da cultura via FBN.

Sendo assim, uma das principais e mais usuais formas de aumentar a populações dessas bactérias do solo é por meio da inoculação com bactérias do gênero Bradyrhizobium. Segundo Prando et al. (2019), em áreas com histórico de cultivo, onde se realiza a inoculação, esse processo pode contribuir para incremento médio de produtividade de até 8% em comparação a soja não inoculada.

Dessa forma, fica nítida a contribuição da inoculação da soja e FBN para o aumento de produtividade da soja, sendo essencial realizar a inoculação para a obtenção de altas produtividades. Na prática, as duas principais forma de se realizar a inoculação é por meio da adição de inoculantes via semente (inoculante líquido ou turfoso) ou via sulco de semeadura (inoculante líquido).

Embora mais tradicional, a inoculação via semente exige uma série de cuidados para garantir a eficiência do processo, sendo necessário conservar o inoculante e sementes inoculadas em ambientes com temperaturas amenas, usar substâncias adesivas no caso do uso da turfa, não adicionar inoculante junto ao tratamento de sementes com inseticidas ou fungicidas (sopão), além de ser aconselhada a inoculação no momento da semeadura entre outros cuidados.

Logo, a inoculação via semente pode ser um processo complexo e demorado que pode inclusive causar atraso na semeadura em casos em que não há o planejamento das atividades. Como uma alternativa a isso, a inoculação via sulco de semeadura promete maior praticidade e comodidade no momento da semeadura da soja, facilitando o processo de inoculação, o qual ocorre simultaneamente a semeadura da cultura.



Inoculação via sulco de semeadura proporciona maior rendimento operacional?

Tendo em vista a necessidade do aproveitamento das “janelas” de semeadura, a inoculação via sulco pode ser uma interessante ferramenta levando em consideração que é desnecessário a inoculação separadamente, sem demandar mais um processo para a semeadura. Aliando a isso, Correia (2015), avaliando a eficiência operacional, econômica e agronômica da inoculação de soja via sulco de semeadura, observou que a inoculação via sulco de semeadura com taxa de aplicação de 10 L.ha-1 apresentou maior rendimento operacional e menor custo operacional.

Para compor o estudo, o autor avaliou cinco volumes de inoculante via sulco de semeadura, (10, 20, 30, 40 e 50 L.ha-1), a inoculação via semente e a soja não inoculada, em duas áreas de cultivo (área 1 e área 2). A área 1 com histórico de inoculação e cultivada com soja em sistema de plantio direto e a área 2 sem histórico de inoculação, cultivada com Braquiaria decumbens e utilizada como pastagem desde a década de 80 (Correia, 2015).



Com base nos resultados observados pelo autor, o tratamento de inoculação via semente tem sua eficiência de campo (Efc) reduzida e equiparada ao tratamento via sulco de semeadura com 10 L.ha-1 (VS10), logo, a inoculação via sulco de semeadura com volume de 10 L.ha-1 pode ser uma interessante ferramenta de manejo tendo em visa que no contexto operacional, a inoculação via semente acaba demandando mais tempo e reduzindo sua Efc.

Figura 1. . Eficiência de campo (Efc) da semeadura nas áreas 1 e 2.

Fonte: Correia (2015)

Correia (2015) destaca que os resultados dos tratamentos com inoculação via sulco indicam que a redução da Efc é inversamente proporcional ao aumento da taxa de aplicação, fato que pode estar relacionado a capacidade de armazenagem de inoculante na semeadora. Além disso, a eficiência operacional da semeadura utilizando a inoculação no sulco de semeadura também pode estar relacionada a fatores como condições da semeadora, volume de inoculante aplicação, e velocidade de descolamento do conjunto trator + semeadora entre outros.

Contudo, pode-se dizer que a inoculação via sulco de semeadura pode ser considerada uma interessante ferramenta no que diz respeito a praticidade e qualidade de inoculação, uma vez que o inoculante é adicionado diretamente no sulco no memento da semeadura.

Confira o trabalho completo de Correia (2015) clicando aqui!


Veja mais: Inoculação via sulco ou TS? Qual confere maior nodulação e em que situações?


Referências:

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium e Azospirillum NA SAFRA 2018/2019 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 156, 2019. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1117312/1/Circtec156.pdf >, acesso em: 08/11/2021.

CORREIA, T. P. S. EFICIÊNCIA OPERACIONAL, ECONÔMICA E AGRONÔMICA DA INOCULAÇÃO DE SOJA VIA SULCO DE SEMEADURA. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Campus de Botucatu, 2015. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/134287/correia_tps_dr_bot.pdf?sequence=3&isAllowed=y >, acesso em: 08/11/2021.

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