A competitividade do arroz gaúcho foi pauta de preocupações, na manhã desta segunda-feira, 27 de maio, no auditório da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Substituição do cultivo do grão pela lavoura de soja e redução da empregabilidade no campo foram algumas das questões apresentadas pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) aos prefeitos presentes. No encontro, o vice-presidente e presidente eleito da Federarroz, Alexandre Velho, confirmou a redução da safra 2018/2019 em 1,2 milhão de toneladas e defendeu a redução temporária do ICMS, a modernização do porto de Rio Grande, regras transparentes em relação ao Mercosul e mais recursos para o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

De acordo com o dirigente, a lista de impactos negativos é mais evidente na Metade Sul do Estado, embora mais de 140 municípios do Rio Grande do Sul tenham sua economia especialmente amparada no desempenho da lavoura do arroz. “O grão emprega um funcionário para cada 50 hectares, enquanto a soja contrata um funcionário para cada 200 hectares. A lavoura de arroz emprega quatro vezes mais e, nas suas operações de vendas internas, contribui com impostos para o Rio Grande do Sul, enquanto que a soja acaba sendo exportada”, comparou.

Velho explicou que o alto custo de produção com preços baixos pagos ao produtor são as razões para o avanço da soja em áreas antes dedicadas ao plantio de arroz. “Nós já temos mais de 300 mil hectares de soja na Metade Sul, de uma área de um milhão de hectares de arroz. É muito”, desabafou, justificando a importância da redução da alíquota do ICMS para o arroz em casca pelo período de 90 dias, nas saídas interestaduais. “Esta medida em nada vai reduzir a arrecadação. Pelo contrário, a tendência é aumentar em razão de o imposto estar relacionado ao valor nominal do arroz”, explicou.

O dirigente complementou que o Rio Grande do Sul produz 70% do grão nacional. “Nós temos um excedente estocado. De forma alguma, isso é uma ação contra a indústria que não tem condições de processar, beneficiar e industrializar toda a produção. Não vai gerar desabastecimento”, afirmou.

No encontro, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, apresentou um diagnóstico sobre a crise do arroz. Segundo ele, entre 2009 e 2019 a lavoura do grão encolheu a participação em 123 mil hectares de plantio no Estado. Com esta redução, foram reduzidos 2,46 mil empregos. “O equilíbrio do setor passa pela arrecadação do ICMS. Está ocorrendo um grande problema de rentabilidade e se isso não for alterado, o endividamento e o desemprego não serão resolvidos”, complementou.

Por conta do cenário, o prefeito de Tapes (RS) e presidente da Comissão de Agricultura da Famurs, Silvio Rafaeli, declarou que é preciso cobrar de forma dura os parlamentares para continuar defendendo a lavoura arrozeira e os empregos que gera. “É importante que os prefeitos percebam a gravidade da situação e o quanto essa cadeia alimentar mexe com o serviço dentro e fora da porteira. Lembrando ainda que existe todo um universo para trabalhar com o grão que ainda não foi explorado”, sinalizou o dirigente.

Fonte: Federarroz

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