Diversas doenças podem acometer a cultura do milho, nos diferentes estádios do seu desenvolvimento. Dependendo da natureza da doença e do patógeno causador, folhas, colmo e até mesmo espigas podem ser afetadas. Os danos variam desde a redução da produtividade até a depreciação da qualidade dos grãos produzidos.

A maioria das doenças causadas no milho são originárias de fungos fitopatogênicos, entretanto, microrganismos como bactérias e molicutes também podem causar sérios danos à cultura, principalmente se tratando dos molicutes, os quais, são causadores dos enfezamentos do milho.

No entanto, como a maioria das doenças é causada por fungos, o uso de fungicidas é a principal estratégia de manejo empregada no controle de doenças na cultura. Embora antigamente pouco se falasse sobre o uso de fungicidas no milho, atualmente com a elevada pressão de inóculo de doenças e os sistemas intensivos de produção, o emprego de fungicidas químicos é indispensável para a obtenção de boas produtividades de milho.

Figura 1. Calendário de ocorrência de doenças no milho.

Mancha-branca

Uma das doenças mais comuns do milho é a mancha-branca, causada pelo patógeno (Pantoea ananatis), a qual se caracteriza pelo surgimento de lesões arredondadas nas folhas do milho. Essas lesões inicialmente apresentam aspecto de encharcamento (anasarca), cuja coloração é verde-clara ou clorótica.


undefined


Elas surgem nas folhas mais velhas e passam para as folhas mais altas da planta quando as condições climáticas são favoráveis. A mancha-branca acomete o milho principalmente entre os estádios de VT a R4 (Wordell Filho et al., 2016).

Figura 2. Sintomas típicos de mancha-branca em milho.
Foto: Fabrício Lanza

Segundo Costa et al. (2011), folhas de milho com 10 a 20% de severidade da doença apresentam uma redução na taxa fotossintética líquida em torno de 40%, o que pode refletir em uma redução de produtividade de até 60%.

De acordo com Casela; Ferreira; Pinto (2006), a doença é favorecida por condições de alta precipitação, alta umidade relativa do ar (>60%) e baixas temperaturas noturnas (em torno de 14°C).

Mancha ou fito?

Os sintomas são comumente confundidos com sintomas de fitotoxicidade causados por herbicidas inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema I (FSI) como o Diquat (Figura 3), o que prejudica a diagnose e dificulta o manejo da doença em alguns casos.

Figura 3. Deriva de Diquat em milho.

Sob condições de temperatura e umidade adequadas, surgem pontos negros no centro das lesões da mancha-branca (figura 4). Esses pontos são as estruturas reprodutivas do fungo e podem ser utilizados para diferenciar a mancha-branca da fitotoxicidade de Diquat, em caso de dúvida.

Além disso, os sintomas da mancha-branca surgem nas folhas mais velhas, evoluindo para as folhas mais altas da planta (Wordell Filho et al., 2016), enquanto os sintomas de fitotoxicidade tendem a ser melhor distribuídos no dossel na cultura, se concentrando na parte mais alta da planta.

Essas características podem auxiliar na diagnose da doença e/ou fitotoxicidade. Além disso, é preciso atentar para o histórico de manejo da área, e/ou atividades relacionadas em áreas vizinhas, principalmente se tratando do uso de herbicidas como o Diquat.

Figura 4. Estruturas reprodutivas mancha-branca do milho (pontos negros no centro das lesões).
Foto: Jayne da Veiga
Manejo da mancha-branca

Algumas práticas de manejo como a rotação de culturas, a adubação adequada e o emprego de fungicidas, contribuindo para o manejo da mancha-branca em milho, contudo, pode-se dizer que a principal medida consiste no  uso de cultivares resistentes (Costa & Cota, 2021).


Veja mais: Eficiência de fungicidas no controle de mancha branca em milho



Referências:

CASELA, C. R.; FERREIRA, A. S.; PINTO, N. F. J. A. DOENÇAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 83, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/490415/1/Circ83.pdf >, acesso em:> 28/05/2024.

COSTA, R. V. et al. RECOMENDAÇÕES PARA O CONTROLE QUIMICO DA MANCHA BRANCA DO MILHO. Embrapa, Circular técnica 167. Sete Lagoas – MG, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/50969/1/circ-167.pdf >, acesso em: 28/05/2024.

COSTA, R. V.; COTA, L. V. DOENÇAS FOLIARES. MILHO, Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/milho/producao/pragas-e-doencas/doencas/doencas-foliares >, acesso em: 28/05/2024.

WORDELL FILHO, J. A. et al. PRAGAS E DOENÇAS DO MILHO: DIOAGNOSE, DANOS E ESTRATÉGIAS DE MANEJO. Epagri, Boletim Técnico, n. 170, 2016. Disponível em: < https://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/agroconnect/boletins/BT_PragasDoencasMilho.pdf >, acesso em: 28/05/2024.

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.