A mancha branca (Pantoea ananatis) é uma das principais doenças foliares da cultura do milho. A doença causa lesões nas folhas do milho que reduzem a área fotossintéticamente ativa da planta reduzindo a produção de fotoassimilados e consequentemente a produtividade da cultura. Segundo Costa et al. (2011), folhas de milho com 10 a 20% de severidade da doença apresentam uma redução na taxa fotossintética líquida em torno de 40%, o que pode refletir em uma redução de produtividade de até 60%.
Tendo em vista tamanho o impacto causado pela doença e importância econômico, práticas de manejo visando o controle e manejo da mancha branca tornam-se essenciais no cultivo do milho visando a boa produtividade e rentabilidade da lavoura. Além das boas práticas agronômicas tais como rotação de culturas, uso de sementes certificadas e o controle e eliminação de plantas daninhas e plantas de milho espontâneas (milho tiguera), o emprego de fungicidas vem desempenhando papel essencial no manejo de doenças do milho.
Entretanto, para um adequado controle da mancha branca, é preciso realizar um bom posicionamento de fungicidas sendo essencial para isso conhecer os produtos disponíveis bem como a eficiência deles no controle da doença. Tendo em vista a necessidade de avaliar e eficiência de fungicidas no controle de doenças em milho, é comum observar ensaios que visam avaliam de forma prática o comportamento e eficiência desses produtos a nível de campo.
Conforme destacado por Custódio et al. (2020), na segunda safra 2020, 20 ensaios da rede cooperativa foram implantados em 18 localidades, nos Biomas Mata Atlântica e Cerrado brasileiro, visando avaliar a eficiência de diferentes fungicidas no controle de mancha branca em milho. As semeaduras foram realizadas com milho híbrido simples comercial, de ciclo super precoce, geneticamente modificado a insetos e herbicidas e suscetível à mancha branca (Custódio et al. 2020).
Custódio et al. (2020) destacam que para compor os tratamentos a dose utilizada de fungicidas foi a indicada pelo fabricante do produto. Foram avaliados 10 fungicidas formados por moléculas isoladas ou simples, misturas duplas e misturas triplas, além da testemunha as qual não recebeu aplicação alguma de fungicida. Durante os ensaios foram realizadas três aplicações de fungicidas, sendo a primeira aplicação no estádio vegetativo de oito folhas (V8); a segunda aplicação no estádio vegetativo em pré-pendoamento de 11 folhas (V11); e a terceira aplicação no estádio reprodutivo em pós-pendoamento de grão bolha (R2, 10 dias após a emissão completa do pendão, após a polinização) (Custódio et al. 2020).
Conforme resultados apresentados por Custódio et al. (2020) e disponibilizados pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER, a maior eficiência de controle da mancha branca para o milho segunda safra foi observada com o uso de Piraclostrobina + Fluxapiroxade; seguido por Trifloxistrobina + Protioconazol + Bixafen; e Pira + Fluxapiroxade + Mefentrifluconazol, demonstrando que produtos utilizados em forma de misturas promovem melhores resultados de controle da mancha branca em comparação ao uso de alguns ativos de forma isolada.
Tabela 1. Severidade final (Sev final), severidade total (AACPD) da mancha branca e eficiência de controle (C) em cada tratamento. Milho segunda safra 2020.
Com relação a produtividade do milho, Custódio et al. (2020) destacam no grupo de severidade moderada, houve nos tratamentos com fungicida média de produtividade de 8063 kg.ha-1, enquanto no tratamento sem fungicida a produtividade foi de 7412 kg.ha-1. Segundo Custódio et al. (2020) o ganho de produtividade variou de 7% a 11% para ensaios com severidade moderada e de 17% a 32% para ensaios com alta severidade.
Tabela 2. Produtividade (Prod) e ganho de produtividade (GP) em cada tratamento em função da mancha branca. Milho segunda safra 2020.
Conforme resultados obtidos por Custódio et al. (2020), o ganho de produtividade variou de acordo com a severidade da doença e fungicidas analisados, entretanto, é visível a contribuição do emprego de fungicidas para o aumento da produtividade do milho. Sendo assim, fica evidente a importância do uso de fungicidas e da escolha do produto para o manejo da mancha branca e a obtenção de boas produtividades de milho.
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Referências:
COSTA, R. V. et al. RECOMENDAÇÕES PARA O CONTROLE QUÍMICO DA MANCHA BRANCA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 167, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/50969/1/circ-167.pdf >, acesso em: 29/04/2021.
CUSTÓDIO, A. A. P. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA MANCHA BRANCA DO MILHO: SEGUNDA SAFRA 2020. IDR-PARANÁ, Boletim Técnico n. 96. 2020. Disponível em: < http://www.idrparana.pr.gov.br/sites/iapar/arquivos_restritos/files/documento/2021-01/bt96_-_idr-parana_-_29-01-2021.pdf >, acesso em: 29/04/2021.