O milho é uma importante cultura no sistema de produção agrícola, contribuindo para o maior uso da terra e sustentabilidade da atividade agropecuária. Embora num passado não tão distante o milho fosse considerado uma cultura rústica se tratando da ocorrência de doenças, a partir da década de 1990, essa realidade sofreu alterações, sendo que atualmente, as doenças constituem um dos principais fatores limitantes da produtividade do milho (Cota et al., 2013).

Segundo Casela; Ferreira; Pinto (2006), dependendo da doença, severidade e suscetibilidade da cultivar, perdas de produtividade superiores a 80% podem ser observadas no milho, caso as medidas necessárias de manejo não sejam adotadas. Tendo em vista o impacto causado por doenças na cultura do milho, principalmente se tratando de doenças fungicidas, o uso de fungicidas no manejo de doenças em milho passou a ser indispensável para a obtenção de boas produtividades.

Entretanto, pensando em um manejo eficiente de doenças em milho, além do intensivo monitoramento das áreas de produção e identificação de doenças, é necessário maior assertividade no posicionamento de fungicidas, sendo necessário para isso, conhecer a eficiência deles no controle de doenças.



Dentre as principais doenças que acometem o milho, as doenças foliares se destacam, havendo maior direcionamento do manejo para o controle dessas doenças. A eficiência de fungicidas no controle múltiplo de doenças foliares do milho (segunda safra) foi avaliada por Custódio et al. (2020).

Os autores analisaram diferentes tratamentos, no controle de seis doenças foliares (mancha branca, mancha de cercóspora, mancha de túrcicum, mancha de Bipolaris maydis, ferrugem políssora e ferrugem comum). Os tratamentos analisados pelos autores podem ser observados na tabela 1.

Tabela 1. Ingredientes ativos e doses dos fungicidas em cada tratamento. Milho segunda safra 2020.

1FRAC: código do mecanismo de ação do grupo segundo o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas: 3, inibidores da biossíntese de esterol na desmetilação; 7, inibidores da respiração mitocondrial no complexo II da succinato deshidrogenase; 11, inibidores da respiração mitocondrial no complexo III da quinona externa; M3, ditiocarbamatos de ação múltipla; e, M5, cloronitrilas de ação múltipla. Em cada tratamento, adjuvantes específicos foram adicionados conforme recomendação do fabricante: 2óleo mineral Assist®, 0,50 L ha-1; 3óleo mineral Aureo®, 0,25 L ha-1; 4óleo vegetal Strides®, 0,25 L ha-1; 5óleo vegetal Rumba®, 0,50 L ha-1; 6alquil ester fosfatado Ochima®, 0,50 L ha-1; 7Registro especial temporária fase III (RETIII); 8Produto não registrado (PNR); 9(-): não se aplica. Adaptado: Custódio et al. (2020)

Com base nos resultados observados por Custódio et al. (2020), todos os tratamentos com aplicação de fungicidas apresentaram área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) menor, e produtividade maior em comparação a testemunha (sem aplicação de fungicidas).  Para análise estatística, foram formados três grupos, onde o grupo I foi formado por todas as localidades avaliadas, o grupo II por aquelas localidades que apresentaram quadrado médio do resíduo 1 (QMR1) e o grupo III por aquelas localidades que apresentaram quadrado médio do resíduo 2 (QMR2) (Custódio et al., 2020).

Com base nos dados apresentados pelos autores, independentemente o Grupo avaliado, a maior eficiência de controle de doenças foliares em milho foi observada com a mistura tripla de Piraclostrobina (17,78%) + Fluxapiroxade (8,89%) + Mefentrifluconazol (13,33%), ou seja, tratamento 4. Quando analisado o Grupo I (Todas as localidades), as maiores eficiências de controle foram observadas com o uso de Piraclostrobina (17,78%) + Fluxapiroxade (8,89%) + Mefentrifluconazol (13,33%); seguido por Trifloxistrobina (15%) + Protioconazol (17,5%) + Bixafen (12,5%) e Difenoconazol (11,47%) + Pydiflumetofen (6,88%), correspondendo aos tratamentos 4, 6 e 8 respectivamente.

Tabela 2. Severidade final (Sev. final), severidade total (AACPD) de múltiplas doenças foliares e eficiência de controle (C) para os tratamentos. Milho segunda safra 2020¹.

1Resultados sumarizados. Médias seguidas da mesma letra, em cada coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). N = número de localidades; 2Eficiência de controle comparado ao tratamento testemunha: inferior (< 50%), regular (≥ 50% e < 80%) e superior (≥ 80%). Atribuiu-se um gradiente de cores verde, amarela e vermelha que indica o limite do valor numérico superior, regular e inferior, respectivamente; 3CV: coeficiente de variação; 4EP: erro padrão da média. Fonte: Custódio et al. (2020)

Com relação a produtividade do milho, Custódio et al. (2020) observaram que, analisando todas as localidades (Grupo I), o tratamento que resultou em menores ganhos de produtividade do milho, produziu 12% a mais que a testemunha, destacando a importante contribuição do uso de fungicidas para a obtenção de boas produtividades do milho. Como esperado, quando comparado a testemunha, os tratamentos que se mostraram mais eficientes no controle de doenças, refletiram em maiores ganhos produtivos, entretanto, cabe destacar que estatisticamente, não houve diferenciação da produtividade em função dos diferentes fungicidas analisados.

Tabela 3. Produtividade e ganho de produtividade (GP) em cada tratamento em função de múltiplas doenças foliares. Milho segunda safra 2020¹.

1Resultados sumarizados. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). N = número de localidades; 2Ganho de produtividade comparado ao tratamento testemunha devido à proteção da área foliar sadia: baixo (< 5%), moderado (≥ 5% e < 30%) e alto (≥ 30%). Atribuiu-se um gradiente de cores verde, amarela e vermelha que indica o limite do valor numérico superior, regular e inferior, respectivamente; 3CV: coeficiente de variação; 4EP: erro padrão da média. Fonte: Custódio et al. (2020)

Confira o trabalho completo de Custódio e colaboradores (2020) clicando aqui!


Veja mais: Manejo dos enfezamentos do milho começa pela redução das perdas de colheita


Referências:

CASELA, C. R.; FERREIRA, A. S.; PINTO, N. F. J. A. DOENÇAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 83, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/490415/1/Circ83.pdf >, acesso em: 25/05/2022.

COTA, L. V. et al. HISTÓRICO E PERSPECTIVAS DAS DOENÇAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 193, 2013. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/95066/1/circ-193.pdf >, acesso em: 25/05/2022.

CUSTÓDIO, A. A. P. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE MÚLTIPLO DE DOENÇAS FOLIARES DO MILHO: SEGUNDA SAFRA 2020. IDR-PARANÁ, Boletim Técnico, n. 97, 2020. Disponível em: < https://www.idrparana.pr.gov.br/sites/iapar/arquivos_restritos/files/documento/2021-01/bt97_-_idr-parana_-_29-01-2021_0.pdf >, acesso em: 25/05/2022.

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