Atualmente o Trigo (Triticum aestivum L.) é a principal cultura de inverno no Sul do país, sendo uma ótima opção de renda para os produtores neste período do ano que antecede a semeadura das culturas de verão. Para a safra 2022, a tendência é de aumento na área de cultivo em comparação à safra 2021, que já havia sido recorde. Segundo a CONAB, a expectativa para essa safra de 2022 é do cultivo de uma área de aproximadamente 2,6 milhões de hectares.
A semeadura da cultura na região sul do país teve início no último decêndio de maio, com uma expectativa de rendimento de cerca de 2,9 milhões de toneladas de trigo para a safra (CONAB, 2022). A perspectiva é boa principalmente devido às previsões de condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da cultura, porém, existem diversos fatores que podem afetar negativamente a produtividade da cultura e que merecem atenção, para que o investimento feito possa ser convertido em produtividade e lucratividade ao produtor.
Um desses fatores é a presença de plantas daninhas em meio a cultura, que competem por água, luz e nutrientes, podendo provocar consideráveis perdas de produtividade e qualidade final de grãos. O nível de perdas vai depender da cultivar, disponibilidade de nutrientes no solo, condições climáticas e principalmente do nível de infestação.
As principais espécies gramíneas de plantas daninhas que são presentes na cultura do Trigo, são o Azevém (Lolium multiflorum) e a Aveia-Preta (Avena strigosa), sendo a Nabiça (Raphanus raphanistrum e R. sativus) e Buva (Conyza bonariensis e C. canadensis) as principais representantes das folhas largas.
Com a chegada do inverno, várias plantas daninhas começam a emergir devido às condições favoráveis, como por exemplo o Azevém e a Aveia-Preta, e outras que permaneceram na área desde a safra de verão, devido a um mal manejo, como exemplo a buva.
O melhor momento de se realizar controle das daninhas, é na dessecação pré semeadura do trigo, isso por que, o controle das gramíneas, especialmente o azevém, é muito mais difícil de se realizar após a semeadura e emergência do trigo. Então o mais correto é realizar uma dessecação da área alguns dias antes da semeadura, com herbicidas não-seletivos, ou seja, de amplo espectro de ação (como, por exemplo, 2,4-D, Metsulfurom e glifosato), com o objetivo de controlar todas as espécies de plantas daninhas presentes na área e possibilitar uma semeadura do trigo em área livre de invasoras.
Em casos de alta incidência, uma ferramenta que tem se mostrado muito eficiente é o uso de pré-emergentes, no sistema “plante e aplique”, ou “aplique e plante”. Os pré-emergentes atuam sobre o banco de sementes das plantas daninhas, impedindo e dificultando a germinação e consequente a emergência das plantas daninhas na área, sendo utilizado principalmente para o manejo do Azevém. Mas para que este manejo com pré-emergentes seja eficiente, é necessário que a aplicação seja realizada no “limpo”, por isso a importância de uma boa dessecação com antecedência e com herbicidas de amplo espectro de ação.
Caso o manejo pré-semeadura não consiga controlar efetivamente as plantas daninhas, ou porventura não seja realizado, a solução é o controle na pós-emergência e nesse caso, é interessante que sejam realizadas aplicações de herbicidas seletivos nos primeiros 35 dias pós-emergência do Trigo, que é o melhor momento para o controle das plantas daninhas, quando estão em seu estágio inicial de desenvolvimento (2 a 4 folhas). Mas além disso, é de extrema importância o responsável técnico avaliar a viabilidade econômica da realização da aplicação de herbicidas em pós-emergência da cultura do trigo.
Se pensando em folhas largas, se tem um maior leque de opções de herbicidas para controle, como exemplo Saflufenacil, 2,4-D, metsulfurom, bentazona e dentre outros. Já o controle das gramíneas se tem um menor leque de opções e deve ser realizado com ingredientes ativos mais específicos (herbicidas seletivos), como por exemplo Iodosulfurom-metílico e Clodinafope-Propargi.
De modo geral, o manejo das plantas daninhas na cultura do trigo passa por uma dessecação de qualidade na pré-semeadura e se necessário o uso de pré-emergentes, pois, é imprescindível que a cultura se estabeleça no limpo, para se obter maior produtividade e qualidade de grãos. Deve-se realizar o acompanhamento especialmente nos 35 primeiros dias após a emergência do trigo, para caso tenha uma incidência considerável na área, realizar também o controle na pós-emergência.
Autores: Alfredo Henrique Suptiz e Éverton da Silveira Manfio – Membros do grupo PET Ciências Agrárias do curso de Agronomia da UFSM-FW.
Referências Bibliográficas:
CONAB – Acompanhamento da safra Brasileira – Grãos, safra 2021/22 9° Levantamento. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos. Acesso em: junho de 2022.
CONAB – Tabela de dados – Produção e balanço de oferta e demanda de grãos, 9° Levantamento. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos. Acesso em: junho de 2022.