InícioDestaqueManejo de plantas daninhas na entressafra: plantas de cobertura são fortes aliadas

Manejo de plantas daninhas na entressafra: plantas de cobertura são fortes aliadas

Além de proporcionar o maior uso da terra, o cultivo de culturas de inverno e/ou plantas de cobertura é determinante para o manejo e controle de plantas daninhas na cultura da soja. Além de possibilitar o uso de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, o cultivo de plantas de cobertura e/ou culturas de inverno, contribui para a redução da população de plantas daninhas infestantes, atuando como ferramenta de manejo no período entressafra da soja.

Uma das principais contribuições do cultivo de plantas de cobertura e/ou culturas de inverno para o manejo e controle de plantas daninhas é a cobertura do solo. Conforme observado por Carvalho et al. (2013), algumas espécies de plantas de cobertura possuem grande capacidade de cobertura do solo.

Tabela 1. Taxa de cobertura do solo (%)(1) proporcionada pela parte aérea de plantas de cobertura aos 15, 30, 45, 60 e 75 dias após a emergência (DAE)(2).

Fonte: Carvalho et al. (2013)

A boa cobertura do solo é fundamental para o controle de plantas daninhas, atuando de forma indireta, reduzindo os fluxos de emergência de algumas espécies potencialmente danosas a cultura da soja, tais como o caruru (Amaranthus spp.) e a buva (Conyza spp.), que podem causar reduções de produtividade de até 79% em soja, no caso de algumas espécies do caruru (Gazziero & Silva, 2017). Essas espécies possuem grande habilidade competitiva e elevada taxa de produção de sementes.

A boa cobertura do solo, através da restrição da passagem de luz, contribui para a redução da germinação das sementes de plantas daninhas presentes no solo. Normalmente, a germinação das sementes está condicionada a estímulos de temperatura, luminosidade e umidade. As sementes que germinam na presença de luz são classificadas como fotoblásticas positivas; as fotoblásticas negativas são as espécies que apresentam melhor germinação na ausência de luz; e as fotoblásticas neutras germinam independentemente do regime de luz (Orzari et al., 2013).

Uma grande variedade de espécies que infestam a cultura da soja, dentre elas buva e caruru, são consideradas fotoblásticas positivas, logo, a ausência de luz restringe ou pelo menos reduz a germinação das sementes dessas espécies, reduzindo o fluxo de emergência e consequentemente populações dessas plantas daninhas.



Dessa forma, investir na boa cobertura do solo é uma das principais ferramentas disponíveis para o manejo entressafra de plantas daninhas, possibilitando não só a redução dos fluxos de emergência dessas plantas, mas também outros benefícios trazidos pela palhada, tais como redução do impacto da gota da chuva e consequentemente redução das erosões superficiais; redução da amplitude térmica do solo; aumento da fauna edáfica do solo; aporte nutricional pela decomposição e mineralização dos resíduos culturas, entre outros.

Além de reduzir as perdas produtivas em função do controle dos fluxos de emergência de plantas daninhas, algumas espécies de plantas de cobertura ainda possuem a habilidade em ciclar nutrientes do solo, os quais posteriormente estarão disponíveis para a cultura sucessora, podendo inclusive contribuir para o aumento da produtividade conforme observado por Caetano et al. (2018).

Tabela 2. Resultados médios para componentes de produção e rendimento da soja (safra 2016/2017) após cultivo sob diferentes plantas de cobertura no inverno.

Adaptado: Caetano et al. (2018)

Dessa forma, fica evidente a importância do cultivo de inverno para a manutenção da produtividade ou até mesmo aumento do rendimento da soja, possibilitando entre outros aspectos, o controle entressafra de plantas daninhas fotoblásticas positivas. Entretanto, cabe destacar que objetivando esse efeito, o posicionamento das culturas de cobertura ou de inverno é fundamental, devendo-se atentar para a relação C/N das espécies, a fim de possibilitar boa cobertura residual para o solo.


Veja mais: Relação C/N, entenda o que é, e como pode influenciar no sistema plantio direto


Referências:

CAETANO, J. H. S. et al. PRODUTIVIDADE DA SOJA EM SUCESSÃO A PLANTAS DE COBERTURA. XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo, 2018. Disponível em: < http://www.sbcs-nrs.org.br/rsbcs/docs/trab-6-2058-755.pdf >, acesso em: 13/06/2022.

CARVALHO, W. P. et al. DESEMPENHO AGRONÔMICO DE PLANTAS DE COBERTURA USADAS NA PROTEÇÃO DO SOLO NO PERÍODO DE POUSIO. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.48, n.2, p.157-166, fev. 2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pab/a/nTS8GfxFWn3Sr5VrpCspS9f/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 13/06/2022.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n, 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 13/06/2022.

ORZARI, I. et al. GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES DA FAMÍLIA CONVOLVULACEAE SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUZ, TEMPERATURA E PROFUNDIDADE DE SEMEADURA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 1, p. 53-61, 2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/xPBQJj5Mq6tq7gwrY4crLcF/?lang=pt#:~:text=As%20sementes%20que%20germinam%20na,independentemente%20do%20regime%20de%20luz. >, acesso em: 13/06/2022.

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)

Equipe Mais Soja
Equipe Mais Soja
A equipe editorial do portal Mais Soja é formada por profissionais do Agronegócio que se dedicam diariamente a buscar as melhores informações e em gerar conteúdo técnico profissional de qualidade.
Artigos relacionados

Populares