A matocompetição imposta pela presença de plantas daninhas na lavoura de milho pode acarretar prejuízos, tanto em termos qualitativos como quantitativos. As plantas daninhas presentes na área de cultivo competem por recursos essenciais, como água, luz e nutrientes, reduzindo o potencial produtivo da cultura, tornando necessária a implementação de estratégias de manejo eficientes para seu controle. Conforme destacam Rizzardi et al., estima-se que as perdas mundiais de produção de grãos de milho ocasionadas pela interferência de plantas daninhas são de 13% ao ano, no entanto, no Brasil essas perdas podem alcançar 85%.
As espécies monocotiledôneas, de maneira geral, causam maiores prejuízos de rendimentos a cultura do milho em relação as espécies dicotiledôneas. A presença de plantas daninhas nas lavouras vem sofrendo alterações na dinâmica populacional decorrente de práticas de manejo ineficientes e uso inadequado de herbicidas, o que aumenta os custos de produção e gera maiores impactos ambientais, além de favorecer a seleção de populações resistentes a herbicidas (Karan, 2011). Nesse sentido, é essencial o emprego de estratégias de manejo que visem o controle eficiente de espécies invasoras na cultura.
Balbinot Junior (2009), destaca que as principais espécies daninhas que infestam as lavouras de milho na região Sul do Brasil, como o papuã, milhã, picão-preto e leiteiro, possuem germinação no período de novembro a janeiro, período em que o solo apresenta condições favoráveis a germinação das sementes. Nesse sentido, o autor ressalta que a semeadura do milho no cedo, seguindo as orientações do zoneamento agrícola de risco climático, pode ser uma alternativa para reduzir a interferência de plantas daninhas no período crítico de interferência, onde durante esse período, a própria cultura pode contribuir para inibir a emergência de plantas daninhas.
Quanto maior o período de tempo para que ocorra o fechamento das entrelinhas do milho, maior é o tempo em que a cultura precisa se manter no limpo, sem a presença de plantas daninhas, ou seja, maior é o período total de prevenção a interferência (PTPI). E consequentemente, maior é o período crítico de prevenção à interferência de plantas daninhas (PCPI), período em que é necessário o manejo. O PCPI consiste na diferença entre o período anterior à interferência (PAI) e o PTPI (Albrecht, 2019).
Conforme pesquisas realizadas por Galon et al. (2008), foi constatado que a convivência de milho com as plantas daninhas da espécie Brachiaria plantaginea começou a causar impactos negativos a cultura a partir dos 11 dias após a emergência das plantas de milho (DAE). Os pesquisador ressaltam a necessidade de realizar o controle da espécie até os 27 DAE. Sendo que o período compreendido entre 11 e 27 dias após a emergência do milho, é considerado como período crítico de prevenção à interferência (PCPI), durante esse período é fundamental tomar as medidas de controle para evitar prejuízos à cultura.
Figura 1. Produtividade de grãos de milho (t ha-1), em função dos períodos de convivência (○) e de controle (●) de B. plantaginea. PAI: período anterior à interferência; PTPI: período total de prevenção à interferência; PCPI: período crítico de prevenção à interferência. * Significativo a 5% de probabilidade. CAP/UFPel, Capão do Leão-RS.

O período crítico de prevenção a interferência (PCPI) na cultura do milho é variável e, na maioria dos casos, ocorre entre os estádios de desenvolvimento V2 (duas folhas desenvolvidas) e V7 (sete folhas desenvolvidas). A duração desse período pode variar devido a diversos fatores, como o genótipo da planta, a época de semeadura, disponibilidade de recursos essenciais, a densidade de plantio e a espécie de planta daninha presente na lavoura (Rizzardi).
De acordo com Rizzardi (2021), uma das estratégias para o controle de plantas daninhas que surgem durante o ciclo de desenvolvimento da cultura envolve o emprego de herbicidas pré-emergentes. Esses herbicidas possuem efeito residual no solo e são capazes de reduzir o fluxo de emergência de sementes presentes no banco de sementes. Essa estratégia proporciona um ambiente favorável para que as plantas se estabeleçam no limpo, possibilitando um desenvolvimento inicial sem a interferência de plantas invasoras.
Além disso, Albrecht & Albrecht (2020) destacam a importância de implementar estratégias de controle de forma integrada, estando sempre atento ao manejo de populações de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Práticas de rotação de culturas, consórcios e cultivos transgênicos também são alternativas a serem consideradas para aprimorar o manejo e torná-lo mais eficiente.
Portanto, uma das etapas essenciais para o manejo eficiente de plantas daninhas no milho envolve a dessecação das área para semeadura, utilizando também herbicidas pré-emergentes com bom efeito residual. Além disso, a utilização de sementes certificadas e a adoção de práticas como a limpeza de equipamentos, a fim de evitar a dispersão de sementes na área de cultivo, desempenham um papel importante na redução da presença de plantas daninhas na lavoura.
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Referências:
ALBRECHT, L. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NO MILHO E PERÍODO CRÍTICO. Professores Alfredo & Leandro Albrecht, 2019. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=Hgg2EJAeetI >, acesso em: 07/11/2023.
ALBRECHT, L. P; ALBRECHT, A. J. P. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO. Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola, 2020. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/artigos/79 >, acesso em: 07/11/2023.
BALBINOT JUNIOR, A. A. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DE MILHO. Agropecuária Catarinense, informativo técnico, v. 22, n. 2, 2009. Disponível em: < https://publicacoes.epagri.sc.gov.br/rac/article/view/817/724 >, acesso em: 07/11/2023.
GALON, L. et al. PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE Brachiaria plantaginea NA CULTURA DO MILHO NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL. Planta Daninha, v. 26, n. 4, p. 779-788. Viçosa – MG, 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/QMGgjkfFZJ4CP8rQxhqhNTt/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 07/11/2023.
KARAN, D. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS RESISTENTES NA CULTURA DO MILHO. Revista Plantio Direto, 2011. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/124/9.pdf >, acesso em: 07/11/2023.
RIZZARDI, M. A. et al. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM MILHO: MANEJO INTEGRADO. Up Herb, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/manejo-e-controle-de-plantas-daninhas-em-milho >, acesso em: 07/11/2023.
RIZZARDI, M. A. PRINCIPAIS ESPÉCIES DANINHAS NO MILHO: MANEJO INTEGRADO. Up Herb, Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/principais-especies-daninhas-no-milho >, acesso em: 07/11/2023.
RIZZARDI, M. A. USO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NO MILHO. Up Herb, Academia de Plantas Daninhas, 2021. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=pdK9xIhq0IY >, acesso em: 07/11/2023.