A complexidade do manejo e controle de plantas daninhas vem aumentando ano após ano com a persistente presença de plantas daninhas de difícil controle e o surgimento de espécies que até então não estavam presentes em área de cultivo. Dentre as principais e mais complexas plantas daninhas da cultura da soja, podemos destacar a buva (conyza spp.) e o capim-amargoso (Digitaria insularis), plantas com rápido crescimento e desenvolvimento, que apresentem alta habilidade competitiva e controle extremamente difícil por apresentarem capacidade de rebrote, além de resistência conhecida a herbicidas.

A interferência dessas plantas daninhas vai além do uso dos recursos disponíveis para plantas cultivadas, implicando inclusive na redução da produtividade da soja. Conforme resultados do Grupo Supra Pesquisa, a infestação de uma planta de buva por metro quadrado pode reduzir em até 14% a produtividade da soja. Para o capim-amargoso, os danos são ainda mais alarmantes, sendo que uma planta por metro quadrado da daninha pode reduzir em até 21% a produtividade da cultura.

Figura 1. Interferência de diferentes densidades populacionais de Capim-amargoso sob a produtividade da soja.

Fonte: Supra Pesquisa

Ambas as daninhas apresentam suas características e particularidades que dificultam ainda mais o manejo e controle delas. O capim-amargoso por exemplo, possui a habilidade em formar touceiras dificultando ainda mais seu controle, essas touceiras rebrotam com facilidade após a dessecação, possibilitando com que a daninha permaneça na área de cultivo como sobras de dessecação. Em meio a cultura do milho, o controle do capim-amargoso é ainda mais difícil em virtude da seletividade de produtos, já em pós-emergência da cultura da soja o controle do amargoso é mais acessível, entretanto mesmo assim, deve-se ter cuidado com populações resistentes a herbicidas.

Figura 2. Capim amargoso (sobras de dessecação).

A Buva por sua vez, além dos conhecidos casos de resistências e capacidade de rebrote que dificultam o controle da daninha, possui uma elevada capacidade de produção de sementes as quais são facilmente dispersas pelo vento, fazendo com que a daninha se dissemine por diversas áreas de cultivo. Segundo Lazaroto; Fleck; Vidal (2008), uma planta de buva pode produzir mais de 200 mil sementes, as quais são dispersas principalmente pelo vento.

Figura 3. Inflorescência de Conyza spp.

Fonte: Up. Herb

Além dessas plantas daninhas, uma terceira vem se destacando por sua elevada capacidade de infestação, potencial em causar danos, difícil controle e rápido crescimento. Trata-se do Caruru (Amaranthus spp.), planta daninha que atualmente infesta mais território na Argentina do que a área cultivada com soja no país (Aapresid – REM, 2019).



Conforme destacado pelo Professor do IFRS Campus Sertões, Anderson Nunes, dentre as semelhanças entre Buva e Caruru, podemos destacar a elevada produção de sementes, entretanto, diferentemente da buva, as sementes de caruru são pequenas, lisas (figura 4) e não são dispersas pelo vento, sendo disseminadas principalmente por colhedoras e equipamentos agrícolas, pássaros, bovinos e sementes contaminadas. Outra semelhança está relacionada ao controle dessas daninhas em pós-emergência da soja, assim como para a buva, Anderson destaca que para o controle do caruru as opções são limitadas em pós-emergência da soja, fato que aliado aos casos de resistência da daninha a herbicidas torna seu controle extremamente dificultoso.


Veja mais: O elevado potencial de infestação e difícil controle do caruru (Amaranthus hybridus) – MISSÂO CARURU


Figura 4. Sementes de caruru.

Dependendo da espécie de caruru presente na área, 1(uma) planta/m² pode causar redução de produtividade de até 32% (Klingaman & Oliver, 1994), podendo em alguns casos chegar a 40% conforme destacado por Anderson, fato que vinculado a elevada capacidade competitiva da daninha, nos faz pensar se o caruru não será a próxima daninha mais preocupante do sistema de produção de soja. Felizmente, uma das características dessa daninha é que ela é fotoblástica positiva, ou seja, necessita de luz para germinar. Sendo assim, a palhada e cobertura do solo são ferramentas essenciais para manejo do caruru, reduzindo seus fluxos de emergência.

Quer saber mais sobre essa planta daninha? Fique ligado nos próximos episódios da MISSÂO CARURU! Confira abaixo as dicas do Professor Anderson Nunes.


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Referências:

AAPRESID REM. ¿LAS MALEZAS SIGUEN GANANDO TERRENO? Aapresid rem, 2019. Disponível em: < http://www.aapresid.org.ar/rem/las-malezas-siguen-ganando-terreno/?utm_source=email_marketing&utm_admin=26524&utm_medium=email&utm_campaign=Cuntas_hectreas_afectan_las_principales_malezas_y_mucha_info_para_su_manejo >, acesso em: 14/05/2021.

KLINGAMAN, E. T.; OLIVER, L. R. Palmer Amaranth (Amaranthus palmeri) Interferência na soja (Glycine max). Weed Science, vol. 42, n. 4, 1994. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/4045448?seq=1 >, acesso em: 14/05/2021

LAZAROTO, C. A.; FLECK, N. G.; VIDAL, R. A. BIOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DE BUVA (Conyza bonariensis e Conyza canadensis). Ciência Rural, v.38, n.3, mai-jun, 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/cr/v38n3/a45v38n3.pdf >, acesso em: 14/05/2021.

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