Com distribuição nacional, o capim-amargoso (Digitaria insularis) é considerado uma preocupante planta daninha nos sistemas de produção agrícola. Em soja, os danos variam em função do período de matocompetição e densidade populacional da planta daninha, no entanto, conforme resultados científicos, sabe-se que, com densidades populacionais de apenas 1 planta m-2 de capim-amargoso infestando a soja, perdas de produtividade de até 21% podem ser observadas (figura 1).
Figura 1. Efeito da matocompetição de diferentes densidades populacionais de capim-amargoso com a soja.
Resistência a herbicidas
A resistência das plantas de capim-amargoso a herbicidas vem sendo vivenciada pela dificuldade de manejo e falhas de controle após a aplicação de determinados herbicidas. Até então, no Brasil, há relatos da resistência de populações do capim-amargoso ao herbicida glifosato (Paraná), fenoxaprop e haloxifop (Centro-Oeste) e fenoxaprop, glifosato e haloxifope (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso) (Heap, 2024).
Tabela 1. Casos de resistência do capim-amargoso a herbicidas.
Sabe-se que além dos casos registrados de resistência do capim-amargoso a herbicidas, há relatos de dificuldades no controle dessa planta daninha em pós-emergência, em diversas regiões do país. Mais recentemente, o estudo desenvolvimento por Martins e colaboradores (2024) avaliou a resistência de populações de capim-amargoso aos herbicidas cletodim, haloxifope-P metílico, glifosato e glufosinato-sal de amônio provenientes de diferentes localidades que cultivam soja na Bahia.
Conforme observado no estudo, todas as 93 populações de capim-amargoso, provenientes das cidades de Jaborandi, Cocos, São Desidério, Luis Eduardo Magalhães, Correntina, Formosa do Rio Preto e Barreiras, mostraram suscetibilidade baixa ao glifosato, mas não aos herbicidas haloxifope-P metílico, cletodim e glufosinato-sal de amônio.
Figura 2. Efeito das doses dos herbicidas cletodim (A), Haloxifope-P metílico (A), glifosato (B) e glufosinato-sal de amônio (B) ilustrando o controle ou suscetibilidade do capim-amargoso, aos 42 dias após a aplicação. Para as doses de glifosato, as testemunhas encontram-se no lado direito das bandejas. Para os demais herbicidas, as testemunhas encontram-se atrás das bandejas.
Com base nos aspectos observados e nos resultados obtidos por Martins et al. (2024), fica evidente que o glifosato já não desempenha controle satisfatório do capim-amargoso, no entanto, algumas populações ainda apresentam suscetibilidade aos herbicidas haloxifope-P metílico, cletodim e glufosinato-sal de amônio, demonstrando que, esses herbicidas podem ser utilizados no manejo dessa planta daninha, em populações cuja resistência a esses herbicidas não é relatada. Confira o estudo completo desenvolvido por Martins et al. (2024) clicando aqui.
Logo, conhecer a suscetibilidade da população de capim-amargoso presente na área de cultivo é indispensável para o adequado posicionamento dos herbicidas. Sobretudo, em áreas com histórico de falhas de controle, e/ou com casos de resistência das plantas daninhas a herbicidas, é crucial trabalhar com estratégias que permitam o controle anterior a pós-emergência da soja.
Além do emprego de herbicidas pré-emergentes, aplicações sequenciais na pré-semeadura da soja têm contribuído para o controle eficiente do capim-amargoso, especialmente quando utilizados herbicidas inibidores da Protox e da glutamina sintetase, principalmente quando posicionados no rebrote do capim-amargoso.
Veja Mais: Quanto tempo o capim-amargoso convive com a soja sem grandes danos?
Referências:
MARTINS, H. L. et al. MAPEAMENTO DA RESISTÊNCIA DE CAPIM-AMARGOSO A HERBICIDAS NO ESTADO DA BAHIA. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR, n. 2, 2024. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1LZ-l2mQtHrguQBQQduYeEjfwa8bYQSzk/view >, acesso em: 02/08/2024.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 02/08/2024.