O Nitrogênio (N) é o macronutriente mais requerido pela maioria das culturas agrícolas, sendo fornecido via fixação biológica de nitrogênio (FBN) nas culturas com capacidade em realizar a simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio, e via fertilizantes nitrogenados nas demais culturas. Em gramíneas (Poaceas) como o trigo, a uréia é a fonte mais comum de nitrogênio utilizada para adubação.

O trigo responde positivamente a adubação nitrogenada, entretanto, para garantir a qualidade do grão produzido, bem como evitar problemas de acamamento da cultura, a época de aplicação do nitrogênio no trigo é extremamente importante. As recomendações técnicas para a adubação nitrogenada no trigo variam em função da região de cultivo, contudo, é consenso que para a maioria das regiões produtoras, recomenda-se que a aplicação de nitrogênio em trigo seja realizada em parte na semeadura (adubação de base) e o restante em cobertura, variando ainda, em função da expectativa de produtividade e/ou cultura antecessora.

Para o Estado do Rio Grande do Sul, recomenda-se o parcelamento da adubação, aplicando cerca de 15 kg/ha e 20 kg/ha de Nitrogênio na semeadura, e o restante em cobertura entre as fases de perfilhamento e alongamento do colmo. Para o Estado do Paraná, a adubação nitrogenada deve ser parcelada, aplicando-se parte na semeadura e o restante em cobertura, preferencialmente no perfilhamento, variando a dose em função da cultura antecessora (Cunha & Caierão, 2023).

A quantidade de Nitrogênio para adubação do trigo, conforme orientações técnicas varia de 60 a 120 kg/ha. Embora, no geral, recomende-se que a adubação nitrogenada ocorra parcialmente na base de semeadura e o restante em cobertura no perfilhamento e alongamento, a aplicação de Nitrogênio no espigamento não aumenta o rendimento de grãos, mas pode favorecer a concentração de proteínas nos grãos (Antunes, 2017).

Figura 1. Manejo do Nitrogênio em trigo.

Conforme resultados de ensaios realizados pela Embrapa, a máxima eficiência econômica de cultivares de trigo semeadas em 32  experimentos entre os anos de 1990 a 2000 no Rio Grande do Sul, foi alcançada com a utilização de 83 kg/ha de Nitrogênio, refletindo em produtividades médias de aproximadamente 3410 kg/ha (Antunes, 2017),demonstrando que não necessariamente o aumento da dose de Nitrogênio representa aumento da lucratividade do trigo.

Para o Mato Grosso do Sul, as recomendações técnicas estabelecem ser necessário atentar para a cultura antecessora, recomendando que, quando o trigo for semeado em área cultivada com soja por mais de três anos, deve-se aplicar de 5 kg/ha a 15 kg/ha de N na base, dispensando a adubação em cobertura, para produtividades inferiores a 1.800 kg/ha. Já para lavouras com maior potencial de produtividade, pode-se aplicar até 30 kg/ha de N em cobertura. Em áreas de plantio direto, quando o trigo for cultivado após milho, deve-se aplicar de 5 kg/ ha a 15 kg/ha de N, na base, e 30 kg/ha em cobertura (Cunha & Caierão, 2023).



Para o Estado de São Paulo, a adubação nitrogenada deve levar em consideração a expectativa de produtividade e classe de resposta, pré-estabelecida para a cultura, conforme o sistema de cultivo (sequeiro ou irrigado). A quantidade de Nitrogênio na semeadura da cultura varia de 20 a 30 kg/ha em função da produtividade esperada.

Tabela 1. Adubação com nitrogênio (N) em cobertura, para o trigo e triticale de sequeiro, no estado de São Paulo, de acordo com a classe de resposta e a produtividade esperada.

Fonte: (Cunha & Caierão, 2023).

Tabela 2. Adubação com nitrogênio (N) em cobertura, para o trigo irrigado, no estado de São Paulo, de acordo com a classe de resposta e a produtividade esperada.

Fonte: (Cunha & Caierão, 2023).

Para as regiões do Distrito Federal e Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia, Cunha & Caierão (2023), destacam que a adubação nitrogenada deve ser feita por ocasião da semeadura e no início do estádio de perfilhamento, quando se inicia o processo de diferenciação da espiga, sendo que, tanto para o cultivo de sequeiro quanto para o irrigado, deve-se aplicar pelo menos 20 kg/ha de N na semeadura.

Cabe destacar que embora haja certa distinção da época e dose de nitrogênio aplicado na cultura do trigo em função da região de cultivo, no geral, a dose de nitrogênio para a cultura do trigo varia em função do teor de matéria orgânica do solo, cultura antecessora, expectativa de produtividade e cultivar. Além disso, deve-se atentar para as doses dos fertilizantes, sendo que, as recomendações técnicas levam em consideração a dose necessária do nutriente, devendo-se corrigir a quantidade de fertilizantes utilizado para adubação, com base no teor/porcentagem de Nitrogênio presente no fertilizante.


Veja mais: Quando aplicar o redutor de crescimento no trigo?



Referências:

ANTUNES, J. M. FERTILIZANTE NA MEDIDA CERTA EM TRIGO. Embrapa Notícias, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17063710/fertilizante-na-medida-certa-em-trigo#:~:text=De%20modo%20geral%2C%20a%20dose,em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20ao%20retorno%20econ%C3%B4mico. >, acesso em: 26/06/2023.

CUNHA, G. R.; CAIRÃO, E. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2023. 15ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale Brasília, DF, 29 e 30 de junho de 2022, Embrapa, 2023. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoestecnicastrigotriticalesafra2023-1683736866.pdf >, acesso em: 26/06/2023.

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