A Soja Bt é uma excelente ferramenta de controle de pragas. Geneticamente modificado, o grão Bt possui o gene da bactéria Bacillus thuringiensis, que age como inseticida natural contra as principais pestes que atacam as lavouras, tornando-se um grande aliado do agricultor. Mas, em busca de resultados rápidos, muitos produtores se esquecem das boas práticas de plantio deste super-grão, como a adoção dos refúgios. A consequência pode ser a criação de pragas resistentes e um futuro incerto para esta tecnologia sustentável de controle.

No entanto, para o sucesso do refúgio como estratégia de manejo de resistência são necessários estudos envolvendo aspectos comportamentais destes insetos-praga, e sua interação com a área de refúgio. Por exemplo, no que diz respeito ao comportamento de oviposição das mariposas neste agroecossistema, assume-se na implantação da área de refúgio, que as mariposas escolhem sua planta hospedeira ao acaso, de forma a não haver tendência em ovipositar de forma preferencial em uma determinada planta.



Porém, se as mariposas forem capazes de discriminar uma variedade da outra, e exibir preferência de oviposição por soja Bt, esse comportamento favorecerá a evolução da resistência nestas espécies, que hoje apresentam alta suscetibilidade à toxina Cry1Ac, expressa nos cultivares de soja Bt (Bernardi et al., 2012).

Em trabalho apresentado e publicado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 24, página 99 da sessão de Entomologia, realizado em Goiânia no ano passado, os autores GONÇALVES, J. e BUENO, A.F. avaliaram se há preferência de oviposição em mariposas de Anticarsia gemmatalis (lagarta-da-soja) por soja Bt ou não-Bt, no contexto da área de refúgio adjacente ao cultivo de soja Bt.

Para a realização do trabalho, foi conduzido um experimento de preferência de oviposição com chance de escolha em semi-campo da Embrapa Soja, Londrina, PR, em novembro de 2017.

Após a oviposição nas plantas de soja, e avaliação da quantidade de ovos e localização dos mesmos nos terços das plantas Bt e não-Bt, os autores observaram que não houve interação significativa entre os fatores variedade e terço da planta, assim como entre variedade e face da planta, concluindo que a escolha do local de oviposição na planta é independente da variedade de soja, ou seja, as mariposas não preferiram uma das variedades, sugerindo que não discriminam entre cultivares de soja na escolha do local de oviposição.



Quanto ao local de oviposição o número de ovos por terço da planta diferiu significativamente, sendo os terços superior e médio, os que receberam o maior número total de ovos. Outra observação foi que também houve diferença significativa no número de ovos encontrado nas diferentes faces da folha e haste, de forma que o maior número de ovos foi depositado na face parte superior da folha, seguido pela face abaxial e por último na haste das plantas de soja

Segundo os autores, esta não detecção de preferência é muito importante do ponto de vista do manejo da resistência à toxina Bt, pois a oviposição aleatória no cultivo Bt e seu refúgio (não-Bt) adjacente, é fundamental para que esta estratégia alcance sucesso, acarretando na emergência de adultos oriundos da área de refúgio que possam acasalar com possíveis adultos emergentes da área de cultivo de soja Bt.

Os resultados obtidos no trabalho podem ser observados na tabela abaixo.

Fonte: GONÇALVES, J. e BUENO, A.F. (2017).

O trabalho pode ser acessado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 24, página 99 da sessão de Entomologia.

Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.