Os nutrientes são divididos em macro e micronutrientes conforme a quantidade em que são requeridos pelas plantas, sendo todos igualmente importantes. Os micronutrientes, embora sejam requeridos em pequenas quantidades, são essenciais para o desenvolvimento vegetal, cada um desempenha funções específicas e essenciais ao metabolismo vegetal, os principais micronutrientes são: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cb), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo) e Níquel (Ni).
Apesar das baixas concentrações nos tecidos e órgãos das plantas, os micronutrientes são tão importantes quanto os macronutrientes para a nutrição vegetal, atuando como componentes das paredes celulares (Boro), das membranas celulares (Boro e Zinco), como partes constituintes de enzimas (Ferro, Manganês, Cobre, Níquel), como ativadores de enzimas (Manganês e Zinco) e na fotossíntese (Ferro, Cobre, Manganês e Cloro) (Kirkby & Römheld, 2007).
Os micronutrientes também desempenham um papel fundamental na resistência das plantas a estresses abióticos e bióticos, incluindo a resistência a pragas e doenças. Esses nutrientes desempenham funções fisiológicas essenciais, tais como a regulação osmótica e a ativação enzimática, confirmando o papel crucial do equilíbrio nutricional na tolerância das plantas aos estresses hídrico e térmico (Hansel et al., 2021). A seguir, podemos observar as principais funções e os sintomas de deficiência de alguns micronutrientes em plantas.
Figura 1. Funções e sintomas de deficiência de alguns micronutrientes em plantas.
Eventos climáticos adversos submetem as plantas a estresses, e sua frequência tem aumentado continuamente, comprometendo a capacidade adaptativa das plantas e diminuindo sua produtividade. A nutrição mineral desempenha um papel crucial na habilidade das plantas de se adaptarem a condições ambientais adversas e à tolerância a esses estresses (Hansel et al., 2021).
A deficiência de micronutrientes pode impactar gravemente o desenvolvimento e a produtividade das culturas. Hansel & Oliveira (2016) destacam sobre a importância desses nutrientes na produção de soja, sendo que, cada um de maneira isolada ou em conjunto, atua em processos bioquímicos vitais na planta, afetando direta ou indiretamente a produtividade de grãos. Dessa forma, os cuidados com os teores nutricionais no solo são fundamentais, observando-se a faixa de pH, teores de matéria orgânica, visto que certos nutrientes se beneficiam da acidez do solo, e ao realizar a calagem para corrigir o pH, sua disponibilidade pode ser comprometida.
Figura 2. Relação entre pH e disponibilidade de nutrientes no solo.
Gitti et al. (2019) destacam que em áreas com sistema de plantio direto consolidado, é essencial monitorar os teores de micronutrientes catiônicos (zinco, cobre, manganês e ferro), garantindo que estejam em níveis adequados ou sejam suplementados corretamente, pois há risco de redução de sua disponibilidade na camada superficial do solo, especialmente em solos arenosos de baixa CTC e matéria orgânica.
De acordo com Oliveira Junior et al. (2020), problemas relacionados à deficiência de Boro, embora os sintomas não sejam comuns, ocorrem devido aos baixos teores do nutriente nos solos brasileiros, especialmente em solos arenosos e com baixos níveis de matéri orgânica. Além disso, condições como o déficit hídrico podem agravar a deficiência desse nutriente, mesmo em solos que normalmente apresentam teores adequados de boro.
Na cultura da soja, boas respostas em rendimento de grãos têm sido observadas com a aplicação de Molibdênio, principalmente em solos com pH em água menor que 5,5 e apresentando deficiência de Nitrogênio no início do desenvolvimento da cultura, constatada pelo amarelecimento generalizado das folhas devido à baixa eficiência da fixação biológica de nitrogênio (Bona et al., 2016).
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A nutrição adequada é fundamental para atender às necessidades das plantas e promover seu desenvolvimento. Considerando que a deficiência de nutrientes pode comprometer significativamente o rendimento das culturas, a análise de solo torna-se ferramenta essencial para verificar os níveis de disponibilidade dos nutrientes. Os micronutrientes, embora necessários em menores quantidades, comparados aos macronutrientes, são cruciais para o funcionamento correto do metabolismo vegetal.
Portanto, é essencial adotar estratégias eficazes para fornecer os nutrientes necessários, garantindo o crescimento e desenvolvimento adequados das plantas e alcançando altas produtividades. Realizar a análise de solo regularmente é fundamental para esse propósito. Além disso, a análise de tecido foliar pode ser usada como ferramenta complementar para avaliar o estado nutricional das plantas. A análise química do solo, o histórico de manejo da fertilidade e dos cultivos, e as metas de produtividade devem ser os principais critérios técnicos para a tomada de decisão sobre a adubação (Oliveira Junior et al., 2020).
Referências:
BONA, F. D. et al. MANUAL DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA. Comissão de Química e Fertilidade do Solo, cap. 6.1, Grãos – Soja, 376 p., 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 06/06/2024.
GITTI, D. C. et al. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção Safra 2018/2019, Fundação MS, cap. 1. Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 06/06/2024.
HANSEL, F. D. et al. NUTRIÇÃO MINERAL COMO ALIADA DAS PLANTAS NA TOLERÂNCIA A ESTRESSES AMBIENTAIS. Informações Agronômicas, NPCT, N. 9, 2021. Disponível em: < https://www.researchgate.net/profile/Fernando-Hansel-2/publication/350278413_NUTRICAO_MINERAL_COMO_ALIADA_DAS_PLANTAS_NA_TOLERANCIA_A_ESTRESSES_AMBIENTAIS/links/605892f5299bf173675ccae1/NUTRICAO-MINERAL-COMO-ALIADA-DAS-PLANTAS-NA-TOLERANCIA-A-ESTRESSES-AMBIENTAIS.pdf?_tp=eyJjb250ZXh0Ijp7ImZpcnN0UGFnZSI6InB1YmxpY2F0aW9uIiwicGFnZSI6InB1YmxpY2F0aW9uIn19 >, acesso em: 06/06/2024.
HANSEL, F. D.; OLIVEIRA, M. L. IMPORTÂNCIA DOS MICRONUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA NO BRASIL. International Plant Nutrition Institute, Informações Agronômicas, n. 153, 2016. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/E713B266E48E24C983257F850067F82A/$FILE/Jornal153.pdf >, acesso em: 06/06/2024.
KIRKBY, E. A.; RÖMHELD, V. MICRONUTRIENTES NA FISIOLOGIA DE PLANTAS: FUNÇÕES, ABSORÇÃO E MOBILIDADE. International Plant Nutrition Institute, encarte técnico, informações agronômicas, n. 118, 2007. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/8A79657EA91F52F483257AA10060FACB/$FILE/Encarte-118.pdf >, acesso em: 06/06/2024.
OLIVEIRA JUNIOR, A. O. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf > acesso em: 06/06/2024.
PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis – SC, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em: 06/06/2024.
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