O uso de fungos e bactérias é cada vez mais comum na agricultura brasileira em virtude dos benefícios proporcionados por esses organismos. O Brasil está acompanhando a tendência de mercado mundial, inclusive com o apoio governamental. Um levantamento internacional destaca que o Brasil é o quarto país com melhor desempenho na produção de bioprodutos, respondendo por 7% da comercialização mundial (Monnerat et al., 2020).

Microrganismos como as bactérias do gênero Bradyrhizobium e Rhizobium (Gundi et al., 2014) já são amplamente utilizados em culturas como soja e feijão, proporcionando significativo aumento de produtividade. Essas bactérias possuem a capacidade de fixar o nitrogênio atmosféricos e disponibilizá-lo para as plantas em formas assimiláveis por elas. Processo simbiótico popularmente conhecido como fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Além do delas, outras bactérias como as bactérias do gênero Azospirillum também possuem a habilidade em realizar a FBN, entretanto em menores quantidades em virtude se se tratar de uma relação de associação entre plantas e bactérias, diferentemente da relação de simbiose observada entre plantas e bactérias do gênero Bradyrhizobium.

A FBN é observada principalmente em espécies pertencentes a família Fabaceae (Leguminosas) entretanto, inúmeros estudos visam encontrar condições que possibilitem a realização da FBN por outras culturas agrícolas. Cabe destacar que os benefícios da utilização de microrganismos em culturas agrícolas de interesse econômico não se restringem apenas a realização da FBN.



Bactérias do gênero Azospirillum são conhecidas como promotoras do crescimento vegetal, atuando principalmente no crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, além de estimular a formação de nódulos da FBN. Bactérias do gênero Bacillus estão entre os organismos mais explorados para o controle biológico de doenças de plantas, com diversos produtos comerciais registrados (Embrapa, 2010). Além disso, em algumas situações algumas espécies de Bacillus podem atuar na promoção do crescimento vegetal.

As Pseudomonas por sua vez, contêm características interessantes para a planta, como a produção de ácido indolacético (AIA), um tipo de hormônio de crescimento. Além disso, esse grupo de bactérias pode atuar na solubilização do fosfato no solo, auxiliando a planta na absorção do Fósforo (Embrapa, 2016). Já Espécies de Aeromicrobium produzem antibióticos da classe dos macrolídeos e crescem em ambientes ricos em nitrogênio (Moraes, 2016). Pode-se dizer que esses são alguns dos microrganismos mais utilizados na agricultura sustentável, em virtude dos seus benefícios cientificamente comprovados.

Ainda que gramíneas como o arroz não possuam originalmente a capacidade em realizar a FBN por meio da simbiose com bactérias fixadoras de Nitrogênio, pesquisadores da Embrapa Clima Temperado (RS) desenvolveram um consórcio de bactérias capaz de promover a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em arroz (Embrapa, 2021).

A técnica visa o fornecimento do nitrogênio atmosférico para a cultura do arroz irrigado, contribuindo para o aumento da produtividade da cultura e sustentabilidade da lavoura. Segundo resultados do estudo, a inoculação do arroz com bactérias proporcionou aumento de produtividade de até 30% no arroz.

Os cientistas testaram dois grupos de bactérias, o primeiro consórcio foi formado por uma espécie de Pseudomonas e duas de Bacillus sp. e o outro continha espécies de Bacillus, de Aeromicrobium e de Rhizobium (Embrapa, 2021).

Figura 1. Produtividade de arroz irrigado em função da inoculação com bactérias.

Fonte: Embrapa (2021)

Os resultados obtidos por pesquisadores da Embrapa evidenciam a importante contribuição dos microrganismos para o aumento de produtividade e sustentabilidade de culturas agrícolas, enfatizando os benefícios da utilização desses microrganismos. A biotecnologia ainda não esteja disponível comercialmente, a Embrapa busca parceiros para desenvolvimento do produto. Além do tradicional uso na cultura da soja, os resultados apontam para um potencial uso de inoculantes na cultura do arroz, contribuindo para o aumento da produtividade e redução dos custos de produção.

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Referências:

EMBRAPA. CONSÓRCIO DE BACTÉRIAS TEM POTENCIAL DE AUMENTAR EM ATÉ 30% A PRODUTIVIDADE DO ARROZ. Embrapa: Notícias, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/63766146/consorcio-de-bacterias-tem-potencial-de-aumentar-em-ate-30-a-produtividade-do-arroz >, acesso em: 10/08/2021.

EMBRAPA. FUNGOS E BACTÉRIAS FAZEM PLANTAS CRESCEREM MAIS. Embrapa: Notícias, 2016. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/12132485/fungos-e-bacterias-fazem-plantas-crescerem-mais >, acesso em: 10/08/2021.

EMBRAPA. SEMINÁRIO ABORDOU A IMPORTÂNCIA DO Bacillus subtilis. Embrapa: Notícias, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/18133800/seminario-abordou-a-importancia-do-bacillus-subtilis- >, acesso em: 10/08/2021.

GUNDI, J. S. et al. DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES LÍQUIDAS DE INOCULANTES CONTENDO Rhizobium spp. PARA A CULTURA DO FEIJOEIRO. Embrapa Soja, Anais e Proceedings de eventos, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1010666/desenvolvimento-de-formulacoes-liquidas-de-inoculantes-contendo-rhizobium-spp-para-a-cultura-do-feijoeiro >, acesso em: 10/08/2021.

MONNERAT, R. et al. MANUAL DE PRODUÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS À BASE DE BACTÉRIAS DO GÊNERO Bacillus PARA USO NA AGRICULTURA. Embrapa, Documentos, n. 369, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/213246/1/documentos-36916.pdf >, acesso em: 10/08/2021.

MORAES, T. S. J. MICROBIOTA DA RIZOSFERA DE PLANTAS DE TOMATE CULTIVADAS EM SUBSTRATOS À BASE DE COMPOSTO PÓSCULTIVO DE COGUMELOS AGARICUS. Universidade Federal de Lavras, Dissertação de Mestrado, 2016. Disponível em: < http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/11467/2/DISSERTA%C3%87%C3%83O_Microbiota%20da%20rizosfera%20de%20plantas%20de%20tomate%20cultivadas%20em%20substratos%20%C3%A0%20base%20de%20composto%20p%C3%B3s-cultivo%20de%20cogumelos%20Agaricus.pdf >, acesso em: 10/08/2021.

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