Assim como buva (Conyza spp.) e capim-amargoso (Digitaria insularis), as plantas do gênero Amaranthus, popularmente conhecidas como caruru, vêm preocupando agricultores brasileiros pela elevada capacidade competitiva, danos e rápida dispersão. A nível mundial, existem cerce de 60 espécies de caruru, das quais aproximadamente 10 apresentam importância agrícola no Brasil (Zanatta et al., 2008).
Aliado ao rápido crescimento vegetal e casos de resistência a herbicidas, algumas espécies de caruru possuem a capacidade em produzir elevada quantidade de semente, podendo ser superior a 600.000 sementes por planta no caso do Amaranthus hybridus (Penckowski et al., 2020). Esse fato contribui significativamente para o aumento do banco de sementes do solo, possibilitando o aumento das infestações de caruru.
Ao contrário do que é conhecido para as plantas de buva e capim-amargoso, as plantas de caruru possuem vários fluxos de emergência, podendo esses, se estender ao longo do desenvolvimento da soja, o que dificulta ainda mais o controle dessa daninha em pós-emergência. Dessa forma, além do controle químico do caruru por meio da dessecação, uso de herbicidas pré e pós-emergentes, o controle cultural com a produção de palhada para cobertura do solo é essencial para manejar de forma eficiente o caruru.
Por serem consideradas fotoblásticas positivas, as sementes de caruru necessitam de luz para germinar e dar origem a novas plantas. Uma boa cobertura do solo com palhada residual de culturas agrícolas ou plantas de cobertura diminui a chegada de luz nas sementes de caruru presentes no solo, reduzindo assim os fluxos de emergência dessa daninha.
Conforma observado por Carvalho & Christoffoleti (2007), sementes de caruru submetidas a ausência de luz (escuro) tem sua germinação significativamente reduzida, independente da espécie ou temperatura, demonstrando a valiosa contribuição da palhada em cobertura do solo no manejo e controle do caruru.
Tabela 1. Influência da luz (fotoperíodo de 8 horas de luz/16 horas de escuro) e da temperatura na germinação (%) de cinco espécies de plantas daninhas do gênero Amaranthus, avaliada aos 14 DAS.
Conforme observado por Carvalho & Christoffoleti (2007), além da luz, a temperatura também exerce influência direta na germinação de sementes do caruru, podendo favorecer os fluxos de emergência dessa daninha. Cabe destacar que uma boa cobertura do solo com palhada abundante além de reduzir a chegada de luz nas sementes do banco de sementes do solo, também altera a temperatura do solo, reduzindo sua amplitude termina, o que pode auxiliar na redução dos fluxos de emergência do caruru.
Veja mais: MISSÃO CARURU – Episódio 19 – Controle químico
Em mais um episódio do MISSÃO CARURU, Leonardo Burtet, destaca ser nítida a influência da palhada no controle do caruru, principalmente quando associada ao uso de herbicidas pré e pós-emergentes bem posicionados. Sendo assim, pode-se dizer que a palhada exerce função indispensável no manejo e controle do caruru.
Confira abaixo mais um episódio do MISSÃO CARURU, com as dicas e contribuições de Leonardo Burtet.
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Referências:
CARVALHO, S. J. P; CHRISTOFFOLETI, P. J. INFLUÊNCIA DA LUZ E DA TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE CINCO ESPÉCIES DE PLANTAS DANINHAS DO GÊNERO Amaranthus. Bragantia, Campinas, v.66, n.4, p.527-533, 2007. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/brag/a/SzLdWpwXzWSsdSJKLjWsfHN/?lang=pt >, acesso em: 24/08/2021.
PENCKOWSKI, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL: O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFICAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC – Abril/Maio 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 23/08/2021.
ZANATTA, J. F. et al. TEORES DE ÁGUA NO SOLO E EFICÁCIA DO HERBICIDA FOMESAFEN NO CONTROLE DE Amaranthus hybridus. Planta Daninha, Viçosa-Mfl v.26,n.l,p. 143-155,2008. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/372514/1/Teores0001.pdf >, acesso em: 24/08/2021.