Durante seu período de desenvolvimento no campo, a cultura da soja está sujeita ocorrência de pragas, doenças e a matocompetição com plantas daninhas, podendo esses causarem consideráveis reduções da produtividade e qualidade da soja produzia.
Com relação a doenças, grande parte das que incidem sobre a soja são fungicas, ou seja, causadas por fungos muitas vezes já presentes na área de cultivo em resíduos vegetais ou solo, sobreviventes em plantas daninhas hospedeiras do patógeno ou oriundos de sementes infectadas.
Uma dessas doenças é o mofo-branco, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, essa doença apresenta elevado potencial em causar danos a cultura da soja, podendo causar redução de até 70% da produtividade, estando presenta em cerca de 28% da área de produção de soja do Brasil (Meyer et al., 2020).
Os sintomas típicos da doença são manchas aquosas que evoluem para coloração castanho-clara e logo desenvolvem abundante formação de micélio branco e denso. O fungo é capaz de infectar qualquer parte da planta, porém as infecções iniciam-se com frequência a partir das pétalas caídas nas axilas das folhas e dos ramos laterais (Henning et al., 2014).
Figura 1. Sintomas típicos da ocorrência da mofo-branco em soja.
A capacidade do fungo em formar estruturas denominadas escleródios possibilita uma elevada persistência da doença em regiões com histórico de ocorrência, uma vez que esses escleródios permanecem viáveis por anos no solo. Ao alcançarem condições adequadas de umidade e temperatura germinam e desenvolvem apotécios na superfície do solo. Estes produzem ascosporos que são liberados ao ar e são responsáveis pela infecção das plantas (Hinning et al., 2014).
Figura 2. Escleródio de mofo-branco germinado, dando origem a apotécio.
O Engenheiro Agrônomo Alexandre Nowicki, coordenador técnico de difusão – COTRIJAL, explica que a doença é encontrada com maior facilidade em regiões com maior altitude, entretanto, sob condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a doença pode se adaptar as demais regiões de cultivo. Plantas como o nabo-forrageiro (Raphanus sativus), a canola (Brassica napus), o picão-preto (Bidens pilosa), a serralha (Sonchus spp.) e a corda-de-viola (Ipomoea spp.) podem ser infectadas pelo mofo-branco, servindo como hospedeiras para o fungo na entressafra da cultura da soja.
Segundo Alexandre, os escleródios formados pelo fungo podem permanecer viáveis por até 10 anos dependendo das condições de ambiente, germinando de forma escalonada à medida que alcançam condições adequadas de temperatura e umidade, dificultando o manejo da doença.
A fase mais vulnerável da planta a doença vai do estádio da floração plena ao início da formação das vagens, sendo assim, deve-se priorizar a aplicação de fungicidas visando o controle do mofo branco nesse período (Henning et al., 2014).
Alternativas de manejo devem ser integradas ao sistema de produção, especialmente em áreas com histórico de ocorrência da doença. Medidas como o uso de sementes certificadas, o tratamento de sementes, a rotação de culturas e a eliminação de plantas daninhas e voluntárias na safra e entressafra da soja são essenciais para reduzir a disseminação da doença.
Veja também: Eficiência de fungicidas no controle do mofo-branco em soja
Confira o vídeo abaixo onde Alexandre Nowicki explica detalhadamente as principais formas de infecção do mofo-branco na cultura da soja.
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Referências:
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 12/03/2021.
MEYER, M. C. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia sclerotiorum) EM SOJA, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 165, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/217684/1/Circ-Tec-165.pdf >, acesso em: 12/03/2021.